Prefeito de Ivinhema diz que já fez acordo com Justiça e que dinheiro será doado para seis instituições
Prefeito teve bens bloqueados por arrecadar R$ 300 mil em rifa de Opala
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Pelas redes sociais, o prefeito de Ivinhema, Juliano Barros Donato, esclareceu a polêmica sobre a rifa entre amigos do sorteio de um Opala, nesta sexta-feira (18). Ele informou que já entrou em acordo com a Justiça e irá doar o valor arrecadado para seis instituições carentes. Conhecido como Juliano Ferro, teve os bens bloqueados por lucro de R$ 300 mil com a venda de números da rifa.
Através de uma live, Juliano disse que não sabia da irregularidade da rifa e que foi orientado pelo MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul). Ele negou que lucraria o valor arrecadado.
“Quero agradecer a Justiça de Ivinhema que nos alertou que estávamos fazendo algo ilegal e sem conhecimento. Não estou usando instituição de caridade para me prevalecer. Sempre ajudei as pessoas e vou continuar. Uma rifa dessas arrecadou R$ 300, tirava R$ 80 mil e sobrava R$ 220 mil de lucro, não usamos, não é da minha índole”, disse.
Sobre a compra da caminhonete Dodge Ram, avaliada em aproximadamente R$ 400 mil, Ferro disse que vendeu outro carro e teria ajustado finanças para comprar o novo automóvel de luxo, negando ter usado parte do valor arrecado na rifa da ação entre amigos.
“Sempre andei com ‘carro bom’. Eu já tinha uma Dodge Ram 2018, nem era prefeito e nem nada, vendi ela e comprei uma 2021. Foi uma ‘merrequinha’ que colocou (acréscimo para comprar o carro). Não preciso fazer rifa para isso. Em 2012, o primeiro Camaro que teve no vale de Ivinhema foi o meu, já cheguei ter três Camaro, LSK”.
O prefeito ressaltou que irá prosseguir com o sorteio que deve ser feito no próximo sábado (4) e somar os lucros para doação na segunda-feira (7). O sorteio será feito pela Caixa Econômica
“A gente estava fazendo uma coisa que não tinha conhecimento (sobre a irregularidade), só que todo mundo faz isso, quando tivemos conhecimento e bloqueou a conta, paramos imediatamente de vender os números, erramos e já corrigimos. O sorteio será pela Loteria Federal.
Vale lembrar que embora o sorteio de carros seja comum, principalmente por influencers digitais, a prática é considerada ilícita e não é permitida pela legislação brasileira, e só podem ser feitos pela União.
Polêmica
O juiz Rodrigo Barbosa Sanches, da 1ª Vara de Ivinhema, a 291 quilômetros de Campo Grande, determinou o bloqueio de R$ 300 mil do prefeito Juliano Barros Donato, o Juliano Ferro, por irregularidades na rifa de um veículo Opala cujos recursos seriam doados para caridade. De acordo com o MPMS, o caráter beneficente do sorteio teria sido usado para potencializar lucros.
Conforme ação civil pública com pedido de liminar apresentada pelo promotor Daniel do Nascimento Britto, da 1ª Promotoria de Justiça local, o prefeito, que é empresário do ramo automobilístico, promoveu o sorteio do carro mediante uma rifa. Ele teve ajuda da esposa. Consta que, por meio de anúncios em suas redes sociais, alegou que os fundos arrecadados seriam destinados a entidades assistenciais, gerando grande mobilização.
“Prossegue, que muito embora seja louvável a atitude de querer beneficiar entidades assistenciais, certo é que o expediente utilizado é ilegal, já que sua prática implica em contravenção penal e beneficiaria em muito, a ele próprio”, afirmou o promotor. Foi constatado que o valor de cada bilhete da rifa era de R$ 30 e as informações são de que aproximadamente 10 mil números foram vendidos por meio de PIX para a conta da esposa, totalizando os R$ 300 mil da ação.
Ocorre que, de acordo com o MPMS, o próprio prefeito disse que o Opala, ano 1979, valia em média de R$ 80 a R$ 100 mil. Assim, o promotor acredita que tudo não tenha passado de uma cortina de fumaça a fim de acobertar a verdadeira intenção de Juliano e a esposa, que era aumentar os ganhos com o sorteio do automóvel.
“De acordo com as informações veiculadas pelos Requeridos nas redes sociais, a entidade beneficiada no caso, seria o ‘Cantinho Bem-Me-Quer’, responsável pelo recebimento das crianças e adolescentes em situação de risco do Município de Ivinhema e Novo Horizonte do Sul. O expediente utilizado pelos Requeridos para impulsionar as vendas dos números da ‘rifa’ (beneficiar entidade que cuida de crianças), não passou de uma cortina de fumaça, já que a verdadeira pretensão, foi a de aumentar o lucro na venda de veículo, que, registra-se, é a atividade empresarial que sempre foi desenvolvida pelo primeiro Requerido, proprietário da empresa P.J. Motos”, pontua o promotor.
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