Para provar que cresceram, aldeias de MS recebem IBGE depois de 12 anos: ‘mostrar a nossa realidade’
Censo vai retratar a realidade de 189 territórios indígenas de MS
Mariane Chianezi –
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciou, nesta quarta-feira (10), a cobertura do Censo Demográfico em território indígena em Mato Grosso do Sul. Com 189 localidades indígenas em MS, a expectativa é que a partir do censo, será possível conhecer as mudanças nas comunidades e ter a perspectiva do crescimento no país. Essa é a primeira vez, em 12 anos, que o Censo faz raio-x das comunidades indígenas.
Para o lançamento em MS, o Jornal Midiamax percorreu 87 km de estrada e mais 13 km ‘de chão’ até a aldeia, localizada no território Indígena Buriti, em Sidrolândia, para acompanhar o início da cobertura.
A coordenadora do Censo em Áreas Indígenas e Quilombolas, Marta Antunes, explicou que em 2010, no último censo, o Brasil tinha um levantamento de 890 mil indígenas no país, sendo que em Mato Grosso do Sul eram 77 mil. Para MS, foram empenhados 320 recenseadores para terras indígenas e quilombolas.
“O censo começou nesta quarta-feira com a coleta e tem cinco aldeias grandes aqui na região para ser feito o recenseamento. A estimativa é que leve uns sete dias na Aldeia Lagoinha para terminar o levantamento e depois continuar com a pesquisa nas demais localidades. A pesquisa também trará visibilidade aos povos que vivem dentro e fora das terras indígenas”, disse à reportagem.
Antunes diz que não é possível ter uma estimativa de crescimento da comunidade nos últimos anos, visto que se passou mais de uma década desde o último levantamento. “Como são 12 anos, não tem uma previsão. A partir de 2022 vamos poder dar uma estimativa de crescimento como fazemos com as demais populações, mas esperamos, que no país, a população indígena já seja em mais de um milhão de pessoas”, comentou.
Censo com 104 famílias na comunidade
A expectativa para o levantamento e divulgação da pesquisa é esperada pelas 104 famílias da comunidade. O professor Elias Jorge Franco acompanhou a equipe de pesquisa e conversou com o Midiamax. “Esse trabalho que o IBGE está fazendo na comunidade é importante, porque conseguimos mostrar aos demais a quantidade de pessoas que têm aqui e também a questão étnica, mostrar a nossa realidade”, disse.
O Cacique da Aldeia Indígena Lagoinha, Jasiel Marcelino, comenta que o censo trará visibilidade para as populações indígenas. “É importante a presença do IBGE dentro da nossa comunidade, principalmente para mostrar o crescimento populacional e o desenvolvimento do nosso povo. Com esses dados, vamos comparar o que foi feito no passado para planejarmos o futuro que queremos”, diz.
Gabrieli Alves, de 24 anos, foi uma das moradoras da aldeia a receber a recenseadora em casa para a pesquisa. Em pouco mais de meia hora, o levantamento na residência da indígena já havia encerrado. “Foi bem rápido e é importante todos participarem”, declara.
O censo não é só feito com os povos indígenas, como também pelos povos da etnia. Jucélia Custódio é de etnia terena e coordena os recenseadores. “Eu queria trabalhar perto de casa e deu certo, porque tenho contato dentro da aldeia, estou em casa”, pontuou. Em Mato Grosso do Sul, serão 56 terras indígenas, divididas em 111 grupos indígenas e 22 localidades com população indígena fora de território.
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