Para alguns moradores de Campo Grande, celebrar a Sexta-feira Santa (15) com o consumo de peixes e o ovo de páscoa é algo comum e parte fundamental da tradição. Entretanto, essa mesma data ganha contornos diferentes quando falamos da ‘Comunidade Esperança’, na região do Noroeste, onde o simbolismo que esses alimentos expressam deixa de ser prioridade, dando protagonismo para alimentos de necessidade básica.

Morando em um barraco precário e com mais 7 pessoas, a empregada doméstica Claudenir Silva, de 45 anos, ressalta que a data acaba passando batida devido às necessidade do cotidiano. “Estou desempregada há 4 meses. Esse simbolismo fica em segundo plano, porque as coisas estão muito difíceis. As crianças ficam esperando o ovo da páscoa, mas nessa altura não dá para comprar nada”, disse ela.

Com uma neta de 3 anos, um neto de 2 e uma filha de 9 anos, ela convive com a angústia de não poder oferecer o mínimo para a data. “A gente fica triste, eles veem as pessoas comprando e pedem pra gente, mas nós não podemos dar. Saí de Aquidauana para conseguir uma vida melhor, mas estou desempregada. O que as pessoas derem já ajuda, mas o que é mais difícil de conseguirmos é comida”, desabafou.

Interior da moradia de Claudenir (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

Em outra moradia de madeira compensada e com telhado improvisado a diarista Junicleia Rodrigues, de 30 anos, vive com o marido e seus 5 filhos. “As meninas têm 11, 9 e 7 anos e os meninos 15 e 14. Pra nós é um pouco difícil e esse negócio de comprar ovo da páscoa não acontece, eles entendem que não dá para comprar. Geralmente eles nem pedem porque sabem que nós não temos condições”, disse ela.

Mesmo em uma situação pouco favorável, a dona de casa Rosilene Dourado, de 27 anos, tenta manter o mínimo da tradição religiosa enquanto lida com os problemas da vida. “Minha mãe mora em um barraco aqui embaixo. A gente chama ela para passar junto e come um peixe bem simplesinho. E compramos uma caixa de bombom para as crianças. Mas as condições não são nada boas, a gente fica preocupado porque condições a gente não tem”, disse ela.

Mãe de duas meninas, de 7 e 4 anos, e dois meninos, de 2 anos e 1 mês, ela vive essa situação há 8 anos na favela, e lamenta por não poder entregar mais para a família. “O importante é que eles estejam com saúde [na páscoa], e o que der para fazer eu faço. Mas se fosse para ganhar algo seria o ovo da páscoa para os meus filhos. Porque condições para comprar nós não teremos. Mas ganhando alguma coisinha eles já ficam felizes, eu feliz por ver o sorriso deles”, finalizou.

Como ajudar?

Para ajudar Claudenir Silva entre em contato pelo número (67) 99960-5956. O contato também é valido para a Junicleia Rodrigues.

Para ajudar Rosilene Dourado, entre contato pelo número de sua mãe (67) 99348-3441.