Ponta Porã reinou por anos com o título de paraíso das compras dos itens importados mais baratos da fronteira – as famosas ‘muambas'. Turistas e os próprios moradores de Mato Grosso do Sul relembram a alegria na hora de encher o carrinho, considerando a época de a R$ 2,03

No aniversário de 110 anos da cidade, fronteira do Paraguai, nesta segunda-feira (18), relembraremos a nostalgia de viajar ao ponto turístico que mais movimentava a economia entre o Brasil nos anos 2000.

De roupas, perfumes, bebidas, chocolate, cosméticos e eletrônico. A frase era unânime: em Ponta Porã tem de tudo. Simone Pequeno, paulista, foi convidada por uma amiga gaúcha que tinha família em , em abril de 2012. Na época, Simone ainda compartilhou no Blog de viagens, Embarque nesse Blog, todo o roteiro da viagem, com dicas para os turistas de primeira viajem, como o que vestir, o que evitar e os principais destinos.

nostalgia Shopping tracional de compras no paraguai
Sinônimo de nostalgia em passar pelo Shopping China. (Foto: Simone Pequeno)

Ela saiu acompanhada de amigos de carro de ao MS, o caminho até a “A princesinha dos ervais” e do famoso tereré, típico da região, foi marcado por recordações.  Atravessando para o lado da fronteira, a turista relembrou a verdadeira loucura.

“Uma aventura andar por ruas sem semáforos, com calçadas repletas de camelôs um ao lado do outro e desviando dos ambulantes. Eles diziam ‘viagra, señora, viagra para tu marido. Nos divertimos bastante com aquela algazarra”

O produto barato já indica que não há originalidade no fabricando, contudo, a maior parte dos produtos são réplicas ou falsificados, o que não importava ou continua importando para os critérios de quem viaja para o município em busca de um item.

“Falando em camelô, a maioria vendia mantas tão bonitas, macias e quentinhas, melhor que edredom. Compramos em uma lojinha, custando em média R$ 16. Nem preciso dizer que fiz a festa. Andamos muito e os melhores preços dos perfumes e cremes da Victória's Secret, preços melhores que na loja”.

Dólar a R$ 2,03

Nos anos 2000, a maior variação do dólar chegou a R$ 1,96, a partir de então, a moeda valorização, consequentemente, reduzindo o poder de compra de quem partia rumo as compras. Em 2002 houve um novo reajuste, a maior alta na época acompanhou a inflação e fechou o ano em R$ 3,73.

Para se ter uma noção, a maior alta aconteceu em setembro de 2020, quando chegou a custar R$ 5,64. Atualmente o valor está em R$ 5,42. Vale lembrar que a moeda é mais valorizada que o guarani.

Ainda vale a pena comprar na fronteira?

Os tempos mudaram, algo notável, assim como a alta no dólar, o poder aquisitivo de turistas e dos próprios moradores caiu consideravelmente. Tomas Medina, presidente da Câmara de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços de explica que nos anos 2000, os volumes de receita ou faturamento excediam as despesas em pelo menos 30%, os lucros eram 50% maiores que os custos. A soma refletia no crescimento do patrimônio das empresas.

“A desvalorização das moedas real e guaraní começou em 2015, passando de R$ 3,90 para R$ 5,70 em 2021. O reverso dos tempos prósperos, as despesas excedem a receita, os custos foram maiores que os benefício, isso levou à iliquidez e à perda de ativos. Depois veio a pandemia, a fronteira foi fechada, o trabalho foi feito a 30% da capacidade normal; gênero; desemprego e fechamento de empresas em 20%”.

Mesmo que em tempos difíceis, o povo da fronteira é persistente. Na visão de Tomas, há uma tendência de crescimento gradual, apesar do que vai desde o aumento dos combustíveis a outros fatores de logística.

“Acreditamos que sempre seremos atrativos com produtos de fora do Mercosul, porque os impostos internos do Paraguai são muito inferiores aos do Brasil, e também porque as tarifas externas especiais são mantidas devido à lista de exceções do regime de turismo até 2030. Estamos trabalhando em 50 ou % 60% do que consideramos normal, esses 3 fatores citados em prosperidade e recessão estão equilibrados e também acreditamos que os ciclos econômicos neste caso; entraríamos na curva expansiva da economia, já que a curva recessiva começou em 2014”.

Adesivo de shopping era símbolo de nostalgia

Era quase uma ‘tatuagem dos carros'. Voltar do Paraguai sem o adesivo do shopping tradicional da fronteira pregado no vidro traseiro dos veículos era o mesmo que ir ao parque de diversão e sair sem ir em nenhum brinquedo.

Pode parecer fútil ou insignificante, mas o adesivo era febre entre os turistas, principalmente em Campo Grande. Embora o auge no significado, hoje em, dia, poucos carros circulam com a lembrança adesiva no carro.