O estado do Rio de Janeiro avaliará em março se mantém o uso obrigatório da máscara, em todos os ambientes. Em Mato Grosso do Sul, o Jornal Midiamax consultou o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, para saber o posicionamento do Estado sobre a possibilidade de liberação.

Conforme o representante da pasta da saúde, ainda não é momento. “Ainda é precoce para ter essa discussão. Os especialistas estão nos auxiliando, mas ainda por algum tempo nós achamos imprescindível [o uso da máscara]. Agora que está se aproximando o carnaval há muita aglomeração”, disse ele.

Segundo Resende, a realidade da Covid-19 é diferente em cada Estado da federação e não existe uma previsão para iniciar esse debate no Mato Grosso do Sul. “A doença segue um caminho e se apresenta de forma diferente em cada Estado. Estamos antenados nesse processo, mas ainda não temos nenhuma definição e nem data para iniciar o debate sobre o uso ou não da máscara, e liberação ou não. Ainda é muito cedo para ter qualquer medida de afrouxamento de regras aqui no Estado. Ainda não é o momento de sequer iniciar essa discussão no MS. Não é oportuno ter essa discussão agora”, explicou.

O que é preciso para novas medidas serem tomadas?

Na avaliação do representante da pasta da saúde, os números precisam melhorar muito para uma possível flexibilização. “A doença está em um patamar alto. É preciso decrescer o número de internações, óbitos, de casos novos a cada dia, e a vacinação avançar, para tomarmos qualquer deliberação no sentido de flexibilizar normas, que felizmente garantiram a sobrevivência [das pessoas] e controle da doença, de modo exemplar para o Brasil, aqui no Mato Grosso do Sul”, explicou.

Atraso na vacinação 

Vacina, ilustrativa (Foto: Leonardo de França / Jornal Midiamax)

 

O atraso na vacinação é um dos motivos que tornam o tema da flexibilização inviável para debate. “Nós estamos com a vacinação muita lenta. O MS que foi referência nacional na vacinação há cerca de 8 a 10 meses, agora está atrasado porque nossa gente está infelizmente com oposição deliberada de se vacinar. Isso é muito ruim, precisamos avançar”, finalizou.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) também foi questionada sobre o tema, mas até a publicação desta matéria não obtivemos uma resposta. O espaço segue aberto para esclarecimento.

Opinião popular

Em Campo Grande, na praça Ary Coelho, a maioria dos entrevistados pela reportagem ainda acredita que não é o momento para o fim da obrigatoriedade, mas o debate também abriga opiniões divergentes.

Para a auxiliar de limpeza Rorilda Marques, de 51 anos, ainda não é o momento para tirar a obrigatoriedade da máscara. “Devemos continuar usando.  Tem muita gente relaxada que não tomou vacina e põe a vida dos outros em risco. Essas pessoas não têm a consciência de que essa doença é perigosa. Eu peguei e sei que não é fácil. Até a gente ter uma segurança, tem que continuar”, afirmou.

Sobre a vacinação, ela explica que já completou o ciclo e discorda da campanha de prêmios. “Eu tomei a 3ª dose e se houver uma 4ª eu vou tomar, mas acho errado dar prêmios para quem não tomou a vacina, estão incentivando quem está errado”, disse ela.

Máscara, ilustrativa (Foto: Leonardo de França / Jornal Midiamax)

 

Compartilhando de uma perspectiva semelhante, o acadêmico Juliano Godoy, de 23 anos, teme que a liberação total do uso da máscara possa causar um aumento no número de casos. “Tem que continuar obrigatório. Ainda existem muitos casos de Covid-19 para aniquilar o uso da máscara, mesmo com a vacinação. A faculdade vai voltar agora, imagina 40 pessoas aglomeradas e sem máscara. Teria um aumento de casos e aconteceria tudo que a gente já passou”, explicou.

A estudante Ingridy de Souza, de 16 anos, é a favor de manter a obrigatoriedade da máscara. “Deve continuar a obrigatoriedade, a gente não pode tomar a vacina e parar de usar, nós não estamos imunes ao vírus. Se isso acontecer, a Covid-19 iria se expandir e ficaria como no começo. Por enquanto estão controlando bem com a máscara e vacina. Uma hora a gente vai ter que parar de usar, mas eu espero que seja quando tudo estiver tranquilo”, disse ela.

Chega de máscara

Para o construtor civil Gilson Salino, de 51 anos, o momento de tirar a obrigatoriedade já chegou. “Acho que já está na hora. Eu tiro por mim, não tomei nem a primeira dose da vacina e não peguei a doença. E não tem país no mundo que faça eu dar injeção no meu neto.  Tive o convívio com o meu sogro que tomou as três injeções e morreu de Covid-19. Carreguei ele doente no carro, com o vidro fechado, e não peguei”, explicou.

Segundo ele, a máscara atrapalha a respiração para algumas pessoas, como a sua esposa. “Minha esposa é obrigada a usar, mas ela tem problema para respirar. Pra ela não é bom. Tem que ser avaliado e rever isso. Eu só saí pra resolver um problema no banco. 19h estou em casa e sem fazer aglomeração”, finalizou.