A criminalidade nos bairros de Campo Grande é alvo de reclamação de moradores, que cobram presença mais intensa das forças de segurança. Comerciantes do bairro Santa Luzia afirmam que há cerca de três anos a situação piorou.

Por questões de segurança, os nomes dos entrevistados não serão revelados. A equipe de reportagem percorreu as imediações da avenida São Nicolau e região da UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) Vila Cox.

A reportagem do Jornal Midimax abordou uma senhora, de 62 anos, que saía da UBSF Vila Cox. “Lá em casa um ladrão arrombou a porta, levou meu celular e foi embora. Isso era 4h da manhã, sorte que não fez nada comigo e minha mãe. Faz uns dois anos que começou, não era assim. Precisamos de um posto policial”, disse ela.

Durante a entrevista em sua loja, uma comerciante de 47 anos também afirma que a criminalidade começou há alguns anos. “Tem quase 20 anos que moro aqui, já foi bem tranquilo. Depois que essa favela veio pra cá começou a ter uma onda de furtos, tem cerca três anos”.

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Cadeado e corrente em uma das casas do bairro (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

E reforçou: “De primeiro a gente saía tranquilo, era sossegado. Agora a gente não consegue sair sem deixar alguém de olho na casa. A polícia não resolve, liguei para a PM e me disseram pra chamar a guarda no 153 porque eles estavam cheios [de trabalho] e fazendo ronda em outro lugar”.

Refém da criminalidade

Como medo até de atender a reportagem no portão de casa, uma mulher de 75 é outra moradora que se sente refém da criminalidade.

“Mudei pra cá faz dois anos. Um ladrão tentou entrar pelos fundos, destelhando a casa. Isso era 8h da noite. O que tem de ladrão, trombadinha e usuário de droga está demais. Coloquei concertina depois que entraram, somos nós que vivemos em uma cadeia, fechados dia e noite e com medo”, disse ela.

Os furtos já ocorriam antes mesmo dela começar a morar na casa. “Antes da construção da minha casa terminar, entraram 4 vezes. Roubaram o box, fiação e tudo o que deu pra levar”, concluiu ela.

Vítima de assalto desenvolveu síndrome do pânico

Com 40 de anos de Santa Luzia, uma comerciante de 59 anos foi vítima de assalto a mão armada recentemente.

“Eu estava sendo cuidada, saí daqui com a bicicleta do meu filho e eles vieram armados na moto. No começo até achei que era brincadeira, não esperava isso. Ele bateu com a arma na minha cabeça e o piloto da moto falou: atira nela porque ela viu a sua cara. Minha cabeça começou a sangrar, levaram minha bolsa com documentos e celular, eles puxaram a bicicleta e eu caí”, disse ela.

No seu relato, ela destacou o momento de terror que viveu. “Eu fiquei em choque. O piloto falou de novo: você não vai atirar nela? Nisso, ele levantou a camisa e puxo uma faca, aí consegui sair correndo”, disse ela.

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Avenida São Nicolau é um dos pontos que os criminosos atuam no Santa Luzia (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

Por conta do ocorrido, ela desenvolveu síndrome do pânico e não consegue ficar na loja sozinha. “Desde então eu estou fazendo tratamento de pânico. Não tenho coragem de fazer caminhada. Chega um motoqueiro e já acho que vai ser um assalto, só estou na loja porque estou com meus filhos”, disse ela.

Com tantos anos de bairro, ela afirma ter percebido o momento em que a situação começou a ficar caótica e insustentável. “Os furtos começaram depois que a favela veio pra cá. Já entraram na minha casa, mas antes a gente dormia de porta aberta e não precisa de cadeado. A polícia não faz nada, só gasta gasolina. Aqui não tem mais condições de morar”, conclui.

Policiamento na região

O Jornal Midiamax questionou a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) sobre a possibilidade de reforçar o policiamento na região durante a noite. Também foi perguntado se a corporação estaria com efetivo insuficiente na região, fato que poderia estar colaborando para não responder às denúncias prontamente, como citado pelos moradores.

Em nota, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informou que o policiamento na região é feito pela 11ª Companhia de Polícia Militar, com reforço das Unidades Especializadas do CPE, a exemplo do Batalhão de Polícia Militar de Choque, do BOPE, do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, entre outros.

Rondas preventivas e abordagens policiais ocorrem diariamente em todos os bairros da Capital, inclusive no local informado. Todo policiamento é realizado com base na análise de dados estatísticos, extraídos dos Boletins de Ocorrências e também dos atendimentos à comunidade local. 

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também foi acionada para prestar esclarecimentos sobre a segurança no bairro, mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.