Mato Grosso do Sul tem o 5º maior porcentual de produtores indígenas do Brasil, como aponta o Censo Agro 2017 do IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), divulgado nesta quarta-feira (14).

Entre os 5,1 milhões de produtores encontrados pelo Censo Agro 2017 do Brasil, 45,43% se declararam brancos, 44,47% se disseram pardos, 8,37% pretos, 1,12% indígena e 0,62% amarelo. Os maiores percentuais de produtores indígenas estavam nas regiões Norte (5,0%) e Centro-Oeste (1,29%).

Já em MS, dos 71.164 estabelecimentos que responderam à pesquisa, em 41.806 (58,7%) os produtores se declararam da cor branca, em 3.187 (4,5%), preta, em 916 (1,3%), amarela, em 21.378 (30,0%), parda, e em 3.183 (4,5%), indígena.

O Estado se destaca acima do Amazonas, Amapá e Acre na participação de indígenas entre os produtores. Ao todo, são 4,52% das propriedades tendo produtores que se declararam como indígenas. A unidade federativa também se classifica em 3º maior percentual de produtores que se declararam de cor ou raça amarela. DF registrou 3,64%, SP, 3,12% e MS, 1,30%.

92% dos locais são gerenciados por pessoas alfabetizadas

A pesquisa mostra que 20% dos estabelecimentos de Mato Grosso do Sul são gerenciados por pessoas com nível superior e 92% por pessoas que sabem ler e escrever. Entre brancos, o número registrado foi de 95,98%. Entre pretos, 83,68%, amarelos, 97,93%, pardos, 90,61% e indígenas, 77,32%.

Cerca de 90,99% dos estabelecimentos são comandados por mulheres estas sabem ler e escrever, destas 95,11% são brancas, pretas, 83,38%, amarelas, 96,97%, pardas, 90,00% e indígenas, 71,40%.

Os números entre amarelos são superiores em outros aspectos educacionais também. Os estabelecimentos geridos por pessoas com nível superior eram 17,96% do total. Entre os brancos, o número registrado foi 24,59%, entre pretos, 5,71%, amarelos, 30,79%, pardos, 8,43% e indígenas, 3,42%.

Produção em terras indígenas

Os produtores ou cônjuges que se declararam indígenas podem produzir dentro ou fora de terras indígenas. Em MS, a maioria produz em terras indígenas, no geral, 20% dos estabelecimentos produziam para próprio consumo do produtor ou de pessoas com laços de parentesco com este. Os outros 80% eram para comercialização.

“Isso se dá, principalmente, nos estabelecimentos dedicados ao autoconsumo. Nos estabelecimentos dirigidos por indígenas também encontramos maior diversidade de produtos, que ocasiona mais segurança alimentar para essas famílias”, explica Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais.

Cultivo da mandioca

A produção de mandioca registrada pelo Censo Agro 2017 entre indígenas foi de 12.196 toneladas. Em segundo lugar, veio o milho, com 5.050 t e soja, com 3.011 t. Entre brancos, a cultura majoritária foi o milho, com 7.602.071 t, seguida da soja, com 6.557.003 t. Entre os produtores pretos, as culturas são mesmas, mas os números registrados foram 45.398 e 39.572 t. Entre amarelos, 229.257 e 173.967 t. Entre pardos, 822.474 e 659.349 t.

Foi a primeira vez que o Censo Agropecuário investigou cor ou raça dos produtores e de seus cônjuges, com recortes de Terras Indígenas e Unidades de Conservação. A partir de então, o estudo será contínuo.

O objetivo foi disponibilizar informações detalhadas sobre esses temas, atendendo à necessidade de monitoramento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, do Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento e do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas.

“Com essa publicação, a gente pode entender o que diferencia os estabelecimentos indígenas e não-indígenas, e ainda conhecer as características dos estabelecimentos e produtores de outros territórios tradicionais. Atendendo parcialmente as recomendações do Decreto 8.750/2016, ao produzir estatísticas oficiais sobre povos indígenas e sobre o extrativismo”, finaliza Marta.