Mês de combate à leishmaniose: Campo Grande teve mais de 3,9 mil cães contaminados em três anos
Números do CCZ mostram a quantidade de exames positivos para a leishmaniose na Capital, que pode ser ainda maior
Mariane Chianezi –
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Com certeza você já deve ter ouvido falar nessa doença que acomete não só os animais domésticos como também os seres humanos. A leishmaniose é uma doença ainda sem cura para os animais e que infecta pessoas por meio da picada do flebotomíneo, o mosquito-palha. Em Campo Grande, nos últimos três anos foram registrados mais de 3,9 mil casos positivos em cães e 116 casos em moradores.
Conforme os dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em 2020, no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), foram 2.252 animais com resultado positivo para a leishmaniose visceral em Campo Grande. No ano seguinte, 1.409 coletas de exames testaram positivo.
Nesses oito meses de 2022, o CCZ registrou 259 coletas com o resultado positivo para a doença nos animais. De todos os testes realizados para a leishmaniose no centro de controle, 33,16% dão positivo para a doença. Vale lembrar que o número de casos positivos pode ser ainda maior, pois o quantitativo não especifica os exames em clínicas veterinárias.
Também há registros de pessoas contaminadas, revelou a Sesau. Em 2021, foram 14 casos registrados na cidade, enquanto 2022 já soma quatro pessoas infectadas com a leishmaniose tegumentar. No ano passado, 82 foram contaminadas com a leishmaniose visceral e 16 até o início do mês de julho.
O que é a leishmaniose
A Leishmaniose Visceral é uma doença grave que afeta animais e pessoas, causada pelo protozoário do gênero Leishmania e transmitida pelo inseto vetor flebotomíneo, conhecido como mosquito-palha. A fêmea do mosquito-palha se infecta ao picar um cão doente contaminado com o protozoário e passa a transmiti-lo a outros cães e seres humanos nas próximas picadas.
Os vetores são insetos pequenos, com 2 a 3 milímetros, e costumam picar ao entardecer e à noite. Desenvolvem-se em locais úmidos e sombreados com acúmulo de matéria orgânica (folhas, frutos, lixo orgânico em apodrecimento, galinheiros).
Em humanos é uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, fraqueza e perda de energia, anemia, aumento de baço e fígado. Quando não tratada, pode evoluir para óbito.
No cão, principal reservatório e fonte de infecção no meio urbano, a doença caracteriza-se por febre irregular, apatia, emagrecimento progressivo, descamação e úlceras na pele (especialmente no focinho e nas orelhas), conjuntivite, paralisia das patas traseiras, fezes sanguinolentas e crescimento exagerado das unhas.
A leishmaniose tem cura?
Em 2021, ONGs se reuniram em protesto no Centro da Capital contra a eutanásia de cachorros com leishmaniose, doença que não tem cura, mas tem tratamento que pode dar maior longevidade ao animal infectado.
Os manifestantes colocaram cruzes em frente à prefeitura para simbolizar a morte de animais que não precisariam ser sacrificados. “Hoje em dia existe tratamento. O animal consegue viver por muitos anos e deixa de transmitir a doença para o mosquito infectar outro cachorro”, explicou a protetora.
O CCZ disse na ocasião, que o tratamento da leishmaniose não é orientado pelo Ministério da Saúde e, por tanto, não é realizado pelo Município. O tratamento pode ser feito, mas é uma responsabilidade do tutor do animal.
“O mesmo pode ser providenciado pela pessoa responsável pelo animal, sendo necessário o acompanhamento de um médico veterinário em razão das possíveis complicações que possa apresentar. Por ser considerada uma área endêmica para a doença, há muitos anos as medidas e ações de prevenção são realizadas sistematicamente em nosso município, tanto na área urbana quanto na área rural”, pontuou na época.
O medicamento usado para o tratamento da doença nos cães custa até R$ 2 mil e, além do alto custo da medicação, o tutor precisa arcar com outros remédios, suplementes e vitaminas. Além de repelentes e exames periódicos. Mais informações sobre a doença e sobre o tratamento pode ser acessadas no Conselho Federal de Medicina Veterinária, aqui.
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