Levante a mão quem senta com as pernas cruzadas, ou então aqueles que ficam tempo demais em uma posição e acabam com o pé dormente. Pois foi em uma dessas situações que Theyssa Thalyta Melo Lima, de 20 anos, de Campo Grande, levou um susto ao perder temporariamente os movimentos da perna e do pé por alguns dias.

Ela trabalha normalmente na recepção do banco, como de costume, na rotina de atender clientes, sentar, levantar para chamar gerente. Ela conta que não fica sentada o tempo todo, mas cruzava uma perna alternada na outra. No dia 7 de outubro, uma sexta-feira, algo diferente aconteceu.

“Ao me levantar senti a dormência repentina na perna e pé direito. Fiquei assustada. Eu comentei com alguns colegas, mas pensei que seria algo normal. Cheguei a sacudir a perna para ver se passava, mas continuou a mesma coisa”.

‘Não conseguia movimentar’

Theyssa não conseguia flexionar o pé, terminou o expediente e partiu para UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Lá foi atendida por um residente de neurocirurgia que fez alguns testes de sensibilidade e movimento.

“Eu sentia cada toque, mas não conseguia movimentar a perna e pé esquerdo. Fiquei assustada com o laudo dele, comentou sobre algumas síndromes e sugeriu três tipos de ressonância magnética o mais rápido possível em clínica particular de preferência. Entraria em falência [porque] cada ressonância custa em média R$ 600”.

No dia seguinte, ela procurou um ortopedista para mais testes. O médico também estranhou a falta de sensibilidade com a dor e perda dos movimentos, descartando possibilidade de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), assim, pedindo mais uma bateria de exames.

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Theyssa no dia dos exames (à esquerda) e com o pé paralisado (à direita). (Foto: Arquivo Pessoal)

Bateria de exames

“Lá vou eu atrás de uma clínica particular o mais rápido possível. Consegui fazer no dia 18 de outubro. Após o exame, a neurologista me explicou o porquê daquilo. Como emagreci muito nos últimos meses em virtude da academia, expliquei todo meu histórico de saúde para ela, e tenho o costume de cruzar as pernas ao sentar, tive uma compressão de nervo. Ela disse que isso geralmente ocorre com pessoas magras que cruzam as pernas”.

No laudo, a médica diagnosticou sinais de comprometimento local das fibras motoras do nervo fibular profundo, no segmento da cabeça da fíbula, degeneração e sinais de desnervação ativa, o que causou a neuropatia da fibular profunda e da cabeça da fíbula moderada. O rompimento pode ter acontecido pela pressão no nervo durante a postura.

Necessidade de fisioterapia

O movimento já voltou com o uso da medicação. Agora, Theyssa está tomando vitaminas para recuperação do nervo todos os dias, além da necessidade de fazer fisioterapia – que deve começar quando recuperar a verba que gastou na emergência.

“Nunca mais cruzei as pernas depois desse susto, mesmo que seja um costume e até mesmo indicativo de ‘feminilidade’. Não imaginava que poderia ter um nervo comprido por conta disso, a Dra. explicou que o ato de pressionar uma perna na outra, fez com que o meu nervo fosse esmagado. Se continuasse poderia perder os movimentos dos dedos do pé e a flexão do tornozelo, o nervo afetado é o grande responsável por essas funções”.