Insegurança alimentar: reaproveitamento é estratégia para não passar fome em MS

Mato Grosso do Sul é o estado da região Centro-Oeste com o maior número de domicílios com algum grau de insegurança alimentar

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Estratégias ajudam a driblar insegurança alimentar. (Foto: Nathália Alcântara/Midiamax)

Conseguir arcar financeiramente com a compra de alimentos do mês está cada vez mais difícil. Quando a pessoa não possui acesso à alimentação adequada, em termos de quantidade e qualidade, significa que há insegurança alimentar. Quanto mais difícil é o acesso aos alimentos, mais grave a situação. Diante da realidade, optar por itens básicos e reaproveitar tudo que é possível são boas estratégias para garantir uma alimentação saudável.

Mato Grosso do Sul é o estado da região Centro-Oeste com o maior número de domicílios com algum grau de insegurança alimentar. No Estado, 65% das residências se encontram sem acesso a alimentos suficientes, seguido por Mato Grosso (63%), Distrito Federal (61,5%) e Goiás (54,8%). No ranking nacional, Mato Grosso do Sul está na 11ª posição. Os estados das regiões Norte e Nordeste predominam nas primeiras colocações.

O nutricionista Emerson Duarte explica que a escassez de alimento ou o consumo de alimentos impróprios, com baixa vitamina ou ultraprocessados, por exemplo, podem gerar agravos para a saúde humana, como enfraquecimento do corpo, prejuízos no desenvolvimento físico e mental e baixa imunidade.

Ele destaca ainda que se a pessoa não tem condições de comprar tudo que é necessário, pode pensar de forma estratégica para fazer boas escolhas. “Podemos levar em conta a pirâmide alimentar para saber o que mais precisamos consumir”, afirma.

Na base da pirâmide, portanto os mais importantes, estão os alimentos fontes de carboidratos, aqueles responsáveis por gerar energia (pães, massas, tubérculos, arroz). Em seguida, vêm os vegetais, verduras e frutas, que são alimentos ricos em fibras (mandioca, cenoura, beterraba, banana, maçã). E acima as proteínas, responsáveis pela formação de tecidos, músculos, células, órgãos, que são ovos, peixes, carnes bovinas, suínas e de frango. Por fim e em pouca quantidade, as gorduras e açúcares.

Estratégias para o dia a dia

De acordo com o nutricionista, é importante fazer escolhas inteligentes. Diante disso, Emerson dá algumas dicas para economizar e manter uma boa alimentação. “Dê preferência aos alimentos da época, que costumam ser mais baratos e mais ricos em nutrientes. Opte pelos alimentos menos processados, que também costumam ter maior quantidade de fibras alimentares, promovendo mais saciedade, e preservação de seus nutrientes”, detalha.

Outra ideia é escolher alimentos com rentabilidade maior. Por exemplo, um ensopado de carne com batatinha ou mandioca, rende muito mais do que somente a carne feita de outra maneira. Aproveitar as promoções em supermercados ou feiras também pode ajudar a aliviar o orçamento.

Reaproveitar os alimentos e evitar o desperdício é uma dica de ouro do nutricionista. “As sobras de arroz podem virar um bolinho, lasanha de arroz, arroz de forno ou risoto. Sobrou feijão? Que tal fazer um delicioso Tutu? Outras opções são Feijão Tropeiro e Sopa de Feijão. O leite talhado pode render um delicioso doce de leite e o pão duro pode virar farinha de rosca quando batido no liquidificador”.

Alimentos básicos ficaram R$ 250 mais caros

Em dois anos e meio, a Cesta Básica em Campo Grande ficou R$ 250 mais cara, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Em janeiro de 2020, antes da pandemia, comprar a cesta de alimentos custava R$ 458, o equivalente a 47,9% do salário mínimo líquido.

Passados dois anos e meio e com uma pandemia de Covid-19, para comprar os mesmos itens, o consumidor de Campo Grande precisa desembolsar R$ 707, o equivalente a 63,06% do salário mínimo líquido. Se antes ele precisava trabalhar 96 horas para adquirir os produtos, agora o tempo de trabalho para comprar os itens básicos chega a 128 horas.

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