Insatisfação profissional atinge quase 70% dos profissionais da enfermagem, mostra pesquisa
Pesquisa mostra que cenário é de profissionais esgotados, sofrendo com ansiedade, e sem motivação no âmbito de trabalho
Priscilla Peres –
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O sentimento de baixa realização profissional atinge 69,1% dos profissionais da área da enfermagem. Em situação mais grave, 18% estão com risco de desenvolver a síndrome de Burnout, devido à pressão da atividade somada à exaustão emocional no ambiente de trabalho.
O diagnóstico é do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que entrevistou cerca de 1,5 mil profissionais da área da enfermagem – auxiliares, técnicos e enfermeiros – de seis instituições de saúde, públicas e privadas, de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, entre dezembro de 2020 e junho de 2021.
O cenário é de profissionais esgotados, sofrendo com ansiedade, e sem motivação no âmbito de trabalho. Além das questões típicas da profissão e a vulnerabilidade durante a pandemia de COVID-19, a enfermagem ainda enfrenta cenário de desvalorização pela suspensão do Supremo Tribunal Federal (STF) da lei do Piso Salarial.
Outro fato apresentado é que o ambiente de trabalho tem impactos importantes no bem-estar do profissional e, quando se apresenta desfavorável, pode desencadear processos importantes de estresse que, se não forem adequadamente gerenciados, resultarão em esgotamento.
Inúmeras são as características do ambiente de trabalho que interferem negativamente no cenário atual do trabalho da enfermagem no Brasil, tais como: déficits no quadro de pessoal por altos índices de rotatividade e absenteísmo; duplo emprego; alta carga de trabalho; presença de riscos ocupacionais; elevada carga mental e sofrimento pela morte de pacientes com o constante aumento da complexidade de tarefas e do ambiente; esquema de trabalho em turnos; violência ocupacional; longas jornadas de trabalho; e, ainda, falta de reconhecimento profissional.
O Estudo IOQ é o resultado da pesquisa, com o título “Análise do ambiente de trabalho e burnout entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em instituições brasileiras”, de autoria dos avaliadores do IQG, Lucianna Reis Novaes, Michel Mattos de Barros e Fabrício dos Santos Cirino, recentemente publicado no Asploro Journal of Biomedical and Clilnical Case Reports.
Enfermeiros da Santa Casa em greve
Mesmo com determinação da Justiça que proibiu greve na Santa Casa, enfermeiros do hospital paralisaram as atividades na manhã desta quarta-feira (28). A partir de agora, os plantões contarão com apenas 50% do efetivo. A greve é por tempo indeterminado.
O Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Estado de MS) alega que, até o momento, não houve notificação formal da liminar assinada pelo desembargador federal do Trabalho, André Luiz Moraes de Oliveira, que estabeleceu multa diária de R$ 100 mil caso a greve seja feita. A ação na Justiça foi protocolada pela Prefeitura de Campo Grande.
“Todo ano é uma greve diferente pelo mesmo motivo, o reajuste a categoria. Sempre somos desvalorizados e além de trabalhar mais, sofremos pressão psicológica para parar e não lutar por nossos direitos”, comentou uma enfermeira que preferiu não ser identificada.
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