O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul está há sete meses sem realizar cirurgias bariátricas. Conforme apontado pelo Midiamax em setembro deste ano, o hospital não possui materiais para a realização dos procedimentos. Os pacientes que já têm os resultados dos exames em mãos anseiam pela cirurgia antes que o prazo expire e e precisem refazê-los.

Segundo a assessoria do hospital, foi reaberto o agendamento para os pacientes que ficaram represados nos últimos meses. Atualmente, há sete pessoas na fila de espera, que precisam passar por um processo antes de entrar na sala de cirurgia.

“Entretanto, as cirurgias não terão início imediato, uma vez que os pacientes, devem passar por um preparo pré-operatório, que inclui: perda de peso, acompanhamento psicológico, assistencial, nutricional e cardiológico”, informou a assessoria em nota. 

Viagens são recorrentes 

Vera dos Anjos, moradora de Rio Verde de Mato Grosso, a 229 km de Campo Grande, está na fila da cirurgia há quatro anos e vem duas vezes mensalmente à Capital para passar por consultas. No início do processo, as visitas eram duas vezes semanais.

A mulher de 47 anos trabalha como cozinheira em uma fazenda há 18 anos e falta ao serviço nos dias que tem consulta. Acorda a 1h da madrugada, pega a van às 2h, chega na Capital já às 5h. Depois de ser atendida, retorna para casa, onde chega por volta das 21h.

Na próxima segunda-feira (28), irá sair de casa de madrugada para atendimento com nutricionista no Hospital Regional. “Eu comecei a fazer os exames em julho deste ano e me falaram que alguns têm validade de até seis meses”, relata a paciente. Todos os exames e consultas, até o momento, foram feitos pelo SUS. 

Exames têm prazos de validade

Sendo assim, Vera teria até janeiro de 2023 para passar pela cirurgia antes que precise refazer os exames como hemograma completo, endoscopia e eletrocardiograma. 

“E também tem laudos que não sei se têm validade, como de risco cirúrgico, cardiologista, psicóloga, nutricionista e de anestesia”, se questiona a mulher. As consultas com os nutricionistas e endocrinologistas estão marcadas, mas aguarda o psiquiatra. Caso não consiga fazer pelo SUS antes, terá de pagar do próprio bolso.

Pacientes precisam perder peso e passar por especialistas como psiquiatras antes de fazer a bariátrica. (Foto: Pixabay)

Ela ainda não tem data marcada para a cirurgia. Ainda precisa dos laudos do nutricionista, psiquiatra e endocrinologista para apresentar ao cirurgião que irá agendar a data do procedimento.

Assim como Vera, Marco Roberto, de 51 anos, que não quis se identificar, está há meses na saga pela cirurgia bariátrica. O homem conta que está pronto para operar desde o dia 17 de outubro, ou seja, há mais de um mês. 

A última informação que recebeu é que era o quinto na fila para a cirurgia. Os exames que possuem prazo vencem em fevereiro de 2023.

“A gente liga na Ouvidoria [do Hospital], fazem o registro, mas eles não dão um parecer, não dão resposta e ficamos de mãos atadas”, expõe Marco.

Paciente monitora até Diário Oficial

O homem até acompanha pelo Diário Oficial do Estado as informações sobre a aquisição dos materiais para a cirurgia bariátrica para ter um norte sobre a chegada dos materiais que travam a cirurgia. 

A última publicação no DOE foi na última quinta-feira (17) sobre a designação do fiscal de contrato para a compra emergencial de kit para cirurgia bariátrica do HRMS. 

O valor total do contrato é de R$ 806.208,00 (oitocentos e seis mil, duzentos e oito reais), com vigência de doze meses a contar a partir de 9 de novembro de 2022.

“Quanto ao Ato de Designação publicado em diário oficial no dia 11 de novembro, referente ao processo 27/008.721/2022, ele é feito antes da assinatura do contrato e do empenho. Somente após o empenho, e dentro do prazo de entrega estabelecido por lei, é que a empresa faz a entrega dos materiais. Reiteramos que todos os casos nos campos administrativo e assistencial são pautados nos ditames éticos e legais vigentes”, informou o HRMS.

Sesau desconhece falta de material

Perguntada sobre a fila de pessoas que aguardam a cirurgia bariátrica em Campo Grande, a Prefeitura informou que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não foi notificada sobre uma possível falta de materiais no Hospital Regional para a realização de cirurgias bariátricas. 

“Além de lá, outro hospital contratualizado pelo município é o Hospital Universitário. Desta forma, não houve paralisação na realização destes procedimentos cirúrgicos em Campo Grande”.