Com desistência de empresa, Horto Florestal sofre com usuários de drogas e aumento de crimes na região
Dependentes químicos utilizam guarita do local para se abrigar
Ranziel Oliveira –
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Desde que foi reaberto em 2021, o Horto Florestal de Campo Grande está com parte da estrutura abandonada, vandalizada e sem manutenção ou reformas completas, em parte, pelo imbróglio envolvendo a desistência de uma empresa que venceu licitação de reforma do local.
A junção desses fatores, porém, está trazendo perigo para os moradores e visitantes do parque, que agora lidam com assaltos recorrentes e a presença de usuários de drogas, que têm feito das guaritas a sua moradia. Caminhando no entorno, o aposentado Simeão Pache de Oliveira, de 68 anos, lamentou a situação do local. “Está praticamente abandonado e esquecido. De 10 a 8 anos pra cá a situação só piorou”, disse ele.
Ele também aproveitou para relembrar dos momentos bons que viveu no local. “Quando começou era muito bom, você vinha e ficava o fim de semana e tinha quiosque para você lanchar. Agora está complicado”, concluiu.
Morando próximo ao Horto, a dona de casa Maitê Viana, de 30 anos, também enxerga com tristeza a atual situação do lugar. “Ficou dois anos fechado por conta da pandemia, eu voltei quando reabriu e estava péssimo. Tem muito lixo e os bancos estão bem horríveis. Até o parquinho está feio, cresceu mato e a areia acabou”, disse ela.
Atrelado a isso, está o medo da criminalidade. “Eu visitava desde criança, mas não tenho mais coragem de andar lá. Tem muitos usuários de drogas e a minha sogra já foi assaltada”, disse ela.
Rotas serão intensificadas
A GCM (Guarda Civil Metropolitana), por meio da PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande), informou que dentro da sua programação e contingente, já realiza rondas na região. Porém, irá intensificar as mesmas a partir da denúncia. É importante que a população acione também os órgãos de segurança pública para solicitar a intensificação de tais medidas.
Quanto à GCM, foi verificado diante do canal oficial de denúncia 153, que não há denúncias neste sentido. É importante lembrar que o canal está disponível para a população fazer suas denúncias e ajudar no mapeamento de pontos vulneráveis.
Da mesma forma, a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande), informou que a respeito da reforma do horto, uma empresa já foi selecionada por meio de licitação para fazer as obras, mas, por conta do período eleitoral, não é possível iniciar os trabalhos agora, já que a verba é proveniente de emenda parlamentar. E que provavelmente vai ficar para depois das eleições.
Quanto à limpeza, uma equipe da Solurb já está agendada para cuidar do local.
Insegurança e crimes na região aumentaram
Morando nas proximidades – no bairro Sargento Amaral – Joneide Pouso, de 67 anos, é uma das pessoas que está indignada com a situação. “Só sabem cobrar o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), serviço para a população que é bom, nada. Eu já tive prejuízo duas vezes em roubos de fiação na minha casa. Não tem mais posto policial no Horto e nós estamos abandonados. ‘Noiado’ entra e sai como se fosse a casa dele”, disse ela.
“É revoltante, depois que reinauguraram o monumento do carro de Boi a Guarda ficou alguns dias, no dia que eles foram embora os fios da iluminação de chão foram roubados. Eles estão dormindo nas guaritas do horto, e nós precisamos de segurança”, falou indignada.
Morando há 30 anos na frente do Horto, Marilene Martins, de 45 anos, também notou a presença de usuários de drogas no local. “A situação é lastimável, é muito triste ver o descaso das autoridades em relação ao horto, está totalmente abandonado. Sábado passado uma senhora foi assaltada enquanto caminhava. Eles ficam nas guaritas, e depois eles saem para roubar. Depois que o monumento foi revitalizado, os vândalos já roubaram a fiação da praça do carro de boi três vezes. Isso é uma vergonha”, disse ela.
Posicionamento da Polícia Militar
A PMMS (Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul) informou que o patrulhamento na região é realizado diuturnamente, por meio das viaturas operacionais do 1º Batalhão de Polícia Militar e Unidades Especializadas (BOPE, Batalhão de Choque, Batalhão de Polícia Militar Ambiental, entre outros).
Após a implementação do OCOP (Obtenção de Capacidade Operacional Plena), a área tem sido patrulhada constantemente e as viaturas monitoradas em tempo real, com rondas programadas conforme a mancha criminal e ainda com incremento conforme solicitações que chegam nas OPM (Organizações Policiais-Militares).
Vencedora da licitação desistiu da reforma
Em 2020, foi anunciado um contrato de R$ 282 mil para a revitalização, mas em julho de 2021, os portões foram reabertos e muitos moradores estranharam as condições que o local estava. A empresa contratada para realizar a reforma desistiu da obra e do contrato.
Inicialmente, o contrato de R$ 282.923,05 entre a Prefeitura de Campo Grande e a empresa MDP previa a reforma do Horto Florestal, em Campo Grande. A oficialização da contratação da empresa aconteceu em publicação do Diogrande em 30 de julho de 2020.
A obra deveria ocorrer em 150 dias consecutivos, além dos 90 dias de duração do contrato. A MDP Construção Civil desbancou duas concorrentes na ocasião, a RGC Construtora e Incorporadora e a Andrade Construções, após apresentar proposta 22,71% menor que os R$ 366 mil orçados inicialmente.
A empresa estaria responsável pela reforma dos prédios da administração e da biblioteca, além das guaritas, banheiros, pintura, pisos e telhados. O recurso viria de um montante de R$ 30 milhões do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento) da Caixa Econômica Federal. No entanto, a empresa desistiu da obra e o contrato acabou sendo rompido.
Além das ações rotineiras, operações extraordinárias são realizadas para saturar alguma área crítica da unidade, como a descrita por Vossa Senhoria.
A PMMS informa ainda que, para quaisquer pedidos de rondas ou denúncias, é imprescindível que a população ligue no 190. Ademais, cumpre esclarecer que a segurança interna de parques e praças sob a administração do município é realizada pela Guarda Civil Metropolitana.
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