‘Fui demitido ao comentar que a guerra poderia ter sido evitada’, diz campo-grandense após deixar a Ucrânia

Neste momento, Ross Kasakoff está na Romênia, em um hotel pago pela embaixada e aguarda o repatriamento

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Desempregado há 4 dias, o campo-grandense Ross Kasakoff, de 30 anos, disse que deixou a Ucrânia e está vivendo de doações na Romênia. Neste momento, está em um hotel pago pela embaixada e aguarda o repatriamento. Mesmo assim, continua recebendo ligações de casais interessados no trabalho dele, de reprodução humana, e ressalta que somente perdeu o emprego porque “comentou que a guerra poderia ter sido evitada”. 

“É um lugar em que a liberdade de expressão é extremamente cerceada. Fui demitido depois de um ano e sete meses, em que ajudei centenas de casais. E eles continuam me ligando e, mesmo assim, estou ajudando. Lá eu ganhava 537 dólares por mês e uma cama em um hostel. Agora, estou vivendo de doações”, afirmou Ross ao Jornal Midiamax. 

Mesmo em meio à guerra, ele conta que a namorada não quis deixar a Ucrânia, enquanto ele permaneceu um tempo e, depois, atravessou a fronteira, pegando um ônibus até Bucareste, na Romênia. Na ocasião, chegou a ressaltar que ficou sem água para beber por um longo período e viu pessoas sendo pisoteadas em meio ao tumulto. 

“Estou sem saber o que fazer no momento. Fiquei um tempo ajudando refugiados da Ucrânia aqui na Romênia e estou por aqui, por enquanto. Veja que a população da Romênia e dos países vizinhos estão de parabéns. Romenia Polônia, Eslováquia, Hungria, todos muito solidários. Na Ucrânia também, o patriotismo agora está em alta”, avaliou. 

Vista de Kiev, capital da Ucrânia – Reprodução

 

Rússia avisa sobre novos ataques

A Rússia vai atacar locais que pertencem aos serviços de segurança e à unidade de operações especiais da Ucrânia em Kiev, afirmou o Ministério de Defesa russo, segundo as agências de notícias russas Tass e RIA.

O ministério russo afirma que a medida será tomada para evitar “ataques de informação” contra a Rússia. Segundo as agências, os russos pedem para que as pessoas perto dos locais em Kiev deixem as áreas.

“Para suprimir os ataques de informação contra a Rússia, as instalações tecnológicas do SBU e o 72º centro PSO principal em Kiev serão atingidos com armas de alta precisão. Pedimos aos os moradores de Kiev que vivem perto dos locais que deixem suas casas”, disse o representante oficial do Departamento Militar, major-general Igor Konashenkov.

Ele observou que, com o início da operação militar especial, o número de ataques de informações a várias instituições governamentais russas aumentou — como mensagens para atacar cidadãos russos em escolas, jardins de infância, ferrovias e estações.

O Ministério da Defesa da Rússia enfatizou que eles não atingem alvos civis no território da Ucrânia — apenas infraestrutura militar, e que a população civil não estaria em perigo.

Os números parecem contradizer a Rússia. O Ministério do Interior da Ucrânia informou que até segunda-feira 352 civis ucranianos já foram mortos durante a invasão da Rússia ao país, incluindo 14 crianças, segundo a Associated Press (AP).

Segundo o ministério, cerca de 1.684 pessoas, incluindo 116 crianças, ficaram feridas durante a invasão iniciada na quinta (24).

Segundo a agência de notícias Ria, nas últimas semanas, a situação na região do Donbass, onde ficam as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk piorou, com o governo ucraniano concentrando a maior parte de seu exército na linha de contato e bombardeando a região com equipamentos proibidos pelos acordos de Minsk.

Sanções não farão Rússia mudar de ideia, diz Kremlin

As sanções ocidentais não farão a Rússia mudar de ideia sobre a Ucrânia, disse nesta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

“Os EUA são fãs de sanções, e a adesão a essa prática se espalhou pela Europa. Eles provavelmente acreditam que podem nos persuadir a mudar nossa posição por meio de sanções. Evidentemente, isso é impossível”, disse Peskov a repórteres.

Ele também disse que o apelo do ministro das Finanças francês Bruno Le Maire na segunda-feira para uma guerra econômica total contra a Rússia não mudou a situação.

“Esta não é a primeira declaração desse tipo. E sim, as ações agressivas contra nosso país são de natureza ultraconcentrada agora. Mas essas ações também ocorreram antes”, acrescentou Peskov.

Ele disse que é muito cedo para avaliar a operação militar, que o Kremlin se recusa a chamar de “guerra”, e não deu números sobre baixas russas.

Acrescentou que o Kremlin continua a reconhecer Volodymyr Zelensky como presidente da Ucrânia e não interferirá nas futuras eleições presidenciais. “O Kremlin não tem nada a ver com eleições na Ucrânia. O Kremlin não pode participar das eleições ucranianas. É um país diferente”, disse ele quando questionado sobre a situação política após o término da operação especial.

Ofensiva a Kiev

Um comboio massivo de tanques e blindados russos começou a se deslocar em direção a Kiev, entre a noite de segunda-feira (28) e a madrugada desta terça (1º), em mais uma ofensiva de Moscou contra o território ucraniano.

Enquanto a fileira de veículos militares com 64 km de extensão se posicionava a menos de 30 km da capital, bombardeios atingiam cidades importantes da Ucrânia, que tenta resistir até que novas rodadas de negociação diplomática tentem chegar a um cessar-fogo

A manhã (madrugada em Brasília) começou com novos bombardeios em Kiev e em outras cidades-chave da Ucrânia. Sirenes de alerta foram disparadas na capital e em Vinnytsia, Uman e Cherkasy, noticiou a imprensa local.

Em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, áreas residenciais foram bombardeadas, causando a morte de pelo menos sete pessoas, com dezenas ficando feridas. Eles alertaram que as baixas podem ser muito maiores.

O chefe da região de Kharkiv, Oleg Synegubov, denunciou que um dos bombardeios atingiu o centro da cidade, incluindo a sede do governo.

Synegubov disse que os russos utilizaram mísseis de cruzeiro e GRAD no ataque, e acusou a Rússia de cometer crimes de guerra. O controle da cidade, contudo, permanece com as forças ucranianas

O jornal The Guardian classificou o ataque como uma tentativa de matar o governador de Kharkiv. Os russos negam atacar áreas residenciais — apesar das abundantes evidências de bombardeios de casas, escolas e hospitais.

No ataque mais letal, a artilharia russa atingiu uma base militar em Okhtyrka, uma cidade entre Kharkiv e Kiev, e mais de 70 soldados ucranianos foram mortos, escreveu o chefe da região, Dmitro Zhivtski.

O presidente ucraniano disse acreditar que o aumento dos bombardeios é mais uma forma de Putin pressionar por condições mais favoráveis à Rússia nas negociações diplomáticas. “Acredito que a Rússia está tentando pressionar (a Ucrânia) com este método simples”, disse Zelenski na segunda-feira, em um discurso em vídeo.

Ele não deu detalhes das conversas diplomáticas da segunda, mas disse que Kiev não está preparada para fazer concessões “quando um lado está atingindo o outro com foguetes de artilharia”.

A disputa se alastrou em outras cidades e vilas em todo o país. A cidade portuária estratégica de Mariupol, no Mar de Azov, está “aguentando”, disse o conselheiro de Zelenski, Oleksiy Arestovich. Um depósito de petróleo foi bombardeado na cidade oriental de Sumy.

Em Kherson, no sul do país, o prefeito Igor Kolikhayev afirmou que forças russas chegaram “às portas da cidade” durante a madrugada. “O exército russo está instalando postos de controle nas entradas de Kherson. É difícil dizer como a situação vai evoluir”, disse, acrescentando que a cidade “continuava ucraniana” e pedindo para os moradores resistirem.

Apesar de sua vasta força militar, a Rússia ainda não tinha controle do espaço aéreo ucraniano, uma surpresa que pode ajudar a explicar como a Ucrânia evitou até agora uma derrota.

Na cidade litorânea de Berdyansk, dezenas de manifestantes gritaram com raiva na praça principal contra os ocupantes russos, gritando para eles irem para casa e cantando o hino nacional ucraniano. Eles descreveram os soldados como jovens recrutas exaustos.

(Com agências internacionais).

 

 

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