Fios arrebentados fazem mais vítimas e escancaram problema antigo: ‘enroscou no pescoço e derrubou da moto’
Lei diz que responsabilidade da fiscalização é da Energisa
Clayton Neves –
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Sem conseguir enxergar fios de telefonia pendurados no cruzamento das ruas Yokohama e Dutra do Souto, no Jardim Panamá, motociclista de 33 anos teve diversos ferimentos após enroscar na fiação e cair da moto. Ele estava a caminho da academia onde trabalha como personal trainer e teve de ser levado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
“O fio estava todo solto e ele não viu. Enroscou no pescoço e derrubou ele da moto. Agora está aqui, todo machucado, ralado e com o joelho inchado”, comentou a namorada do educar físico, de 29 anos.
O motociclista ferido na manhã desta quarta-feira (20) é mais uma vítima do antigo problema que se repete na cidade. Na maioria das vezes, a queda de fios de internet, telefonia e energia elétrica acontece quando a rede é atingida por veículos altos.
Nas ocorrências, além do risco de descargas elétricas, como já aconteceu em Campo Grande, o rompimento dos cabos deixa moradores sem energia elétrica, internet e aumenta o perigo no trânsito.
Casos
No mês passado, o Jornal Midiamax noticiou sentença contra a Energisa, concessionária de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, condenada a pagar R$ 11 mil em indenizações a um motoentregador de Campo Grande que se acidentou com fios soltos de um poste. Na época, ele teve de se afastar do trabalho por conta das lesões.
Um mês antes, casa no Bairro Jardim Seminário ficou sem energia depois de um caminhão arrebentar a fiação e fugir do local. Os fios ficaram caídos no chão no cruzamento da rua do Seminário com a rua Frutuoso Barbosa, que foi isolada pelos militares.
No ano passado, outro episódio grave. Enquanto passava na Rua Raul Pires Barbosa, no bairro Chácara Cachoeira em Campo Grande, caminhão enroscou na fiação e derrubou seis postes de energia, deixando toda a região sem luz, internet e telefone.
O que diz a Lei
Conforme a Lei Complementar 348, de 2019, é de responsabilidade da concessionária de energia elétrica, no caso a Energisa, “observar o correto uso do espaço em relação ao posicionamento e alinhamento de todas as fiações e equipamentos instalados em seus postes”.
Para isso, a empresa, que também é dona dos postes, deve respeitar normas como afastamentos mínimos, por exemplo. Tudo isso para “comprometer a segurança de pessoas e instalações”.
Pela legislação, o descumprimento das regras pode acarretar em multa de R$ 500 por cada notificação ou denúncia contra a Energisa e o mesmo valor para empresas que compartilham a rede, como marcas de internet e telefonia.
“A grande maioria desses fios é de telefone e internet e muitos estão até inoperantes. Para a Prefeitura é um problema porque, além de alguns estarem muito baixos, há uma poluição dos postes. Fica feio”, avalia o secretário municipal de infraestrutura, Rudi Fioresi.
De acordo com o secretário, a fiscalização das redes, de fato, deveria ser feita pela concessionária de energia elétrica. “Entendo que esse é um serviço da Energisa, até porque, a ela aluga os postes para empresas de telefonia e internet, portanto, tem de cobrar que as instalações sejam feitas corretamente”, explica.
Em nota, a Energisa emitiu nota sobre o assunto. Confira:
A Energisa esclarece que os postes são compartilhados entre a concessionária, companhias telefônicas e de internet e explica, ainda, que cada empresa detentora dos fios, é responsável por sua fiação.
A Energisa reitera ainda, que fios ou cabos instalados nos postes da cidade, devem ser manuseados somente por profissionais devidamente habilitados, estando a serviço da concessionária, ou de empresas autorizadas, independente dos cabos serem de energia ou telefonia/internet.
A concessionária dispõe de normas de segurança e padrões técnicos de instalação e exigem seu cumprimento quando da aprovação dos projetos. Entretanto, cabem as prestadoras de serviço de telefonia e internet a devida manutenção e regularização dos cabos.
Sobre o caso citado na reportagem, a Energisa esclarece que o acidente foi provocado por um caminhão que derrubou a fiação, e que tão logo foi acionada, enviou equipes ao local para execução dos reparos necessários.
A concessionária seguirá com os recursos cabíveis.
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