Fechada após morte de ‘Dr. Canabis’, entidade que distribui remédios será reaberta na fronteira

Familiares afirmam que decisão foi tomada pela relevância social do projeto

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Antes de ser executado, advogado denunciou perseguição (Foto: Antônio Coca)

Após três meses da morte do advogado e jornalista Sandro Saul Sánchez Benítez, mais conhecido como Dr. Canabis, no próximo domingo (19), a família dele decidiu reabrir a Apacam (Associação Paraguaia de Apoio Cannabis Amambay). Sandro foi atingido por vários tiros no tórax e chegou a ser levado para o Hospital Regional de Pedro Juan Caballero, mas não resistiu.

A entidade, que chegou a ser fechada oficialmente, era responsável pelo atendimento de quase três mil famílias, que recebiam gratuitamente frascos de óleo e também de pomadas à base de cannabis. O medicamento é utilizado no tratamento de diversas doenças e durante esses três meses deixou de ser entregue.

Entretanto, motivados pelas pessoas que dependiam da beneficência oferecida pela Apacam, os familiares de Sandro primeiramente criaram a Fundação “Dr. Cannabis”, nome recebido em razão dos medicamentos que distribuía. “Além de voltar a prestar esse relevante serviço para comunidade, estamos horando a sua memória”, diz uma nota distribuída pela fundação.

Ainda segundo informações da Associação Paraguaia de Apoio Cannabis Amambay, a retomada dos serviços acontece no 19 de junho na casa da rua Brasil esquina com a Rua de Cuba, no bairro Bernardino Caballero. O óleo e pomada de cannabis serão distribuídos gratuitamente aos pacientes já cadastrados pela entidade.

“Minha família dependia desse atendimento prestado pela Apacam. Os remédios derivados da Cannabis são eficazes, mas muito caros. Foram três meses de muita ansiedade e sofrimento sem aquela poma que auxiliava no tratamento do meu filho”, conta Graciela Benitez Cárdenas, à reportagem do Midiamax. Ela é mãe de uma menina autista de 7 anos.

Entidade ficou fechada por três meses em Pedro Juan Caballero (Foto: Antônio Coca)

Interesses ocultos

A associação defendia distribuição gratuita do óleo da cannabis, usado de forma medicinal. Conforme noticiado pela reportagem do Midiamax em março, mais de 200 famílias paraguaias que moram em Pedro Juan Caballero denunciaram perseguição por parte das autoridades locais. Eles queriam proibir a distribuição gratuita do óleo de cannabis para fins medicinais.

A distribuição do produto era feita pela Apacam e, segundo denúncias feitas pelo presidente da entidade, a decisão das autoridades municipais atendia a interesses de grupos farmacêuticos que atuam na cidade.

O advogado já havia alertado, no fim do ano passado, que havia “forças ocultas” tentando desestabilizar o trabalho da entidade, fazendo ameaças a ele, seus familiares e pessoas cadastradas na entidade. “Estamos encerrando temporariamente nossas atividades por conta dessa perseguição do intendente. Mas não vamos parar nosso trabalho”, disse à época.

Sem esclarecimentos

A Polícia Nacional do Paraguai até o momento ainda não conseguiu localizar o pistoleiro que executou o advogado Sandro Sánchez, apesar de ter afirmado  que as investigações estavam avançadas. De acordo com o comissário Abel Cantero, subchefe de Investigações, o suposto assassino já teria sido identificado, mas o crime segue sem esclarecimentos.

Sandro Sánchez comandava a Apacam (Associação Paraguaia de Apoio Cannabis Amambay) e foi assassinado com tiros de pistola no dia 16 de março, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Sandro Sánchez comandava a Apacam e foi executado no dia 16 de março (Foto: Reprodução/Instagram)

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