Realizar um mapeamento virtual das comunidades quilombolas de , no intuito de dar visibilidade e reconhecimento a esses grupos, fez duas estudantes sul-mato-grossenses conquistarem o 1º lugar na área de Ciências Sociais da IX Copa de Ciências do México.

O evento foi realizado virtualmente no mês passado. Na ocasião, as alunas do 7º semestre do curso técnico em Informática, Isadora de Matos Morais e Samyra Jamilli, ambas de 18 anos, sob orientação dos professores João Batista Alves de Souza e Ana Paula Cartapatti Kaimoti, apresentaram o “GeoQuilombolas: mapeamento e visibilidade das comunidades quilombolas do Mato Grosso do Sul”. As alunas são do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), câmpus Ponta Porã. 

O trabalho começou a ser desenvolvido em março de 2021. Na época, foi aprovado no Edital 009/2021, de fluxo contínuo para seleção de projetos de pesquisa do IFMS. O objetivo era desenvolver um site das comunidades quilombolas do Estado. Assim nasceu o GeoQuilombolas.

Foto: Divulgação

 

‘Sentimento recompensador'

A partir daí, iniciou-se o mapeamento virtual das 22 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP), localizadas em 15 municípios de Mato Grosso do Sul, dentro os quais quatro possuem câmpus do IFMS: Aquidauana, Campo Grande, Corumbá e Dourados.

“O GeoQuilombolas nasceu como um desafio. No auge da pandemia, não tivemos contato presencial nas comunidades quilombolas, então toda a comunicação foi feita via WhatsApp, e envolveu muita pesquisa e horas de dedicação de toda a equipe”, ressalta o professor João Batista.

Na segunda etapa do projeto, foram disponibilizadas páginas para cada comunidade, com localização, imagens, vídeos e informações sobre a criação, organização, manifestações culturais e religiosas, e o processo de resistência.

“O projeto possui uma relevância social muito grande, é extremamente gratificante fazer parte disso e poder auxiliar no processo de visibilidade das comunidades. Tive o privilégio de conhecer uma realidade diferente da minha e aprender com as vivências e manifestações de pessoas que carregam uma história tão importante para o MS e para o Brasil”, aponta a estudante Samyra.

O sentimento recompensador também é ressaltado por Isadora, por igualmente acreditar que a proposta é importante para a visibilidade das comunidades quilombolas. “É um projeto incrível, que propõe mostrar uma realidade que a maioria das pessoas não tem conhecimento”, destaca.

Reconhecimento

A oportunidade de participar do evento no México foi conquistada em outubro do ano passado, quando o projeto ficou em 1º lugar na categoria Ciências Humanas, Sociais Aplicadas e Linguística da Fecifron (Feira de Ciência e Tecnologia da de Ponta Porã), promovida pelo IFMS.

Além da premiação internacional, foi por meio da Fecifron que as estudantes receberam credenciais para participar do V Congresso Internacional de Gestão e Tecnologias, conquistando a 2ª colocação no evento, realizado em dezembro de 2021.

O GeoQuilombolas será apresentado ainda este mês na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), promovida pela USP (Universidade de São Paulo). A premiação no evento mexicano também proporcionou às estudantes o credenciamento para o Encuentro de Jóvenes Investigadores, que será realizado na no segundo semestre deste ano.

De acordo com o professor João Batista, o projeto seguirá em desenvolvimento, desta vez com foco na interatividade do site, com maior participação dos quilombolas.

Para conhecer mais sobre as comunidades quilombolas de Mato Grosso do Sul e o trabalho desenvolvido pelas estudantes do IFMS e seus orientadores, basta acessar o site GeoQuilombolas.