Nair Pereira Guiche, de 62 anos, e Adão Alves Guiche, de 64 anos, foram presidentes da Associação de Moradores do Parque Residencial União por anos. O casal se lembra bem da expectativa de ter todo o bairro asfaltado, o que não saiu do papel ou anseio, pois, apenas a Rua Paulo Hideo Katayama, a via da linha do ônibus, foi asfaltada sem sinalização vertical ou, sequer, horizontal, há 24 anos.

Além de fazer parte do movimento comunitário, os idosos foram os primeiros moradores dali. Nair explica que houve muita luta para aplicar melhorias na região, como posto de saúde ou uma delegacia. Eles deixaram a associação há 10 anos, embora aguardem o avanço da região. A falta de sinalização, principalmente nos cruzamentos, já causou muitos acidentes na rua que conta com apenas uma lombada na extensão de dois quilômetros.

União moradora Nair
Nair lembra as expectativas para movimentar o bairro (Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax)

“Quando essa rua não era asfaltada, nem os Bombeiros queriam entrar aqui. Me lembro de uma ocorrência de um que era nosso vizinho. Tinha muito buraco, uma areia vermelha, um ‘poeirão’, e a viatura não conseguiu entrar. Nós reunimos os moradores e protestamos, foi aí que começou as obras para o asfalto na Katayama, isso lá em 1996. Depois, em 2005, o prefeito [da época] disse que ia asfaltar as travessas laterais”.

Adão reforça que o bairro é um dos mais populosos da cidade, a rua não tem placas de ‘pare’ nos cruzamento, a divisão do asfalto está desgastada a ponto de ser quase invisível. “Tem que passa empinando moto, vem em alta velocidade aqui. Claro que dirigir com segurança é questão do motorista, mas ter uma sinalização decente ajudaria muito nossa região. Essa rua termina no começo do córrego e no guard rail não tem uma iluminação, uma fita de sinalização”.

Em uma das poucas vias pavimentadas, Zenaide Feitosa, de 84 anos, lavava a calçada, mas adiantou que é acostumada a limpar, mesmo sabendo que a sujeira logo iria aparecer. “Tem algumas ruas cheias de buraco, estão bem feias. O pessoal da prefeitura está mexendo, mas fica uns remendos, merecia um recapeamento bom. É uma vila muito boa, muito tranquilo, mas poderia melhorar a questão do asfalto”.

Thauani união
Comerciante ajuda crianças a atravessar a rua por medo de atropelamento (Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax)

Thaiani Albuquerque, de 38 anos, é proprietária de mercado local há sete anos e pontua a preocupação com estudantes e crianças devido à sinalização precária. “Tem gente que dirige correndo. Eu já cheguei a pegar na mão de uma criança para ajudar a travessar a rua. Me arrepia, eu fico apavorada com o trânsito aqui e com as chances de ter um cliente meu atropelado na frente do meu mercado”.

“Quando chove alaga tudo, quando está calor só poeira”, diz morador do União

Quem mora ou tem comércio na rua de pedregulho sofre nos dias de calor, com a poeira, e nos dias de chuva com a enxurrada. Paulo Brizola tem uma marcenaria na Rua Dorival Dussel desde a fundação do bairro. O desvalorizado acaba atrapalhando nos negócios, pois clientes chegam a reclamar da vida.

“Para se ter uma ideia, aqui cobram o (Imposto Predial de Território Urbano) como se a minha rua fosse asfaltada, mas tem o esgoto, por isso incluíram. Eu ‘larguei mão’ de reclamar, porque só ia me dar dor de cabeça. Aqui é corredor de água, quando chove a água entra no galpão, porque é bairro, fora o barro que fica. Para falar a verdade, faz tanto tempo que não há expectativa de obras, que nos acostumamos a viver assim, pagar imposto e continuar do mesmo jeito”.

União
Rua lateral da principal da região. (Foto: Nathalia Alcântara/Midiamax)

Obras de asfalto por R$ 10 milhões

Por R$10 milhões, a empresa BTCG Empreendimentos, Locações e Serviços Eireli foi a vencedora da licitação que tem como objetivo asfaltar a região do Complexo União, em Campo Grande. A informação foi divulgada no de 25 de julho. Segundo o Portal da Transparência, no edital, o valor total máximo aceitável para a licitação, conforme planilhas orçamentárias, é de R$ 10.193.820,16. A proposta da empresa vencedora foi de R$ 10.037.602,60.

Conforme o Diogrande, o objetivo da licitação era contratar uma empresa especializada para execução de urbana-pavimentação asfáltica/drenagem de águas pluviais do complexo União-Jardim Oliveira 01 e 02, em Campo Grande.