Dia Mundial da Saúde: preocupação em Campo Grande é com doenças que ‘há tempos não se via’

Buscas por vacina da poliomielite, por exemplo, tiveram queda de quase 40% durante campanhas

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Santa Casa
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A marquinha no braço é unânime no público brasileiro, entre 30 e 50 anos. Quando jovens, frutos do PNI (Programa Nacional de Imunização), muitos receberam doses em um projeto do SUS (Sistema Único de Saúde) que se tornou referência mundial. Com o calendário em dia, grande parcela não percebeu o quanto é primordial vacinar os filhos, principalmente para erradicar doenças. Em Campo Grande, por exemplo, houve queda consecutiva na procura por doses, em especial da poliomielite, que caiu quase 40% e especialistas falam na preocupação em enfermidades que ‘há tempos não se via’. 

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), um levantamento dos últimos cinco anos, feito na capital sul-mato-grossense, apontou queda consecutiva em todas as campanhas vacinais. No caso da poliomielite, no ano de 2020, data da última campanha desta vacina, 28.893 pessoas foram vacinadas. Dois anos antes, na penúltima campanha, houve a vacinação de 44.858 pessoas, mostrando, então, a queda de 36% na procura. 

A vacina contra a gripe, por exemplo, que atingiu 100% do público esperado no ano de 2016, foi caindo ano a ano. Em 2017, ainda conforme a Sesau, o percentual atingido foi de 77,93%. Em 2021, já tinha caído para 64,32%. 

Infectologista ressalta preocupações com atendimentos parados durante a pandemia. Foto: Redes Sociais/Reprodução

“Nós tivemos a diminuição das coberturas vacinais. Houve, por exemplo, uma queda importante apontada no ano passado, de sarampo e de de vacinas do sarampo e influenza. Isso pode justamente ocasionar o surgimento da doença já erradicada, como é o que está acontecendo com a poliomielite em Israel e aí vem uma nova preocupação da doença vir pra cá”, afirmou ao Jornal Midiamax o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda. 

Menos diagnósticos de doenças e cirurgias eletivas

Com a pandemia, outra preocupação também surgiu na comunidade médica, já que muita gente deixou de buscar tratamento para o câncer, principalmente porque a identificação precoce é de suma importância. “Estas pessoas não buscaram tratamento, não fizeram retornos, e isso pode resultar em problemas muito graves. Houve também queda do diagnóstico da tuberculose, que necessita de todo um diagnóstico e tratamento adequado, além das cirurgias eletivas que foram interrompidas e é necessário retornar”, alegou Croda. 

Nas campanhas, a Sesau fala que sempre está fazendo “um chamado para a população”, mas, acompanha este histórico de redução na vacinação e fala sobre a real preocupação com nova circulação de doenças erradicadas. No entanto, ao mesmo tempo, é fato que a pandemia ocasionou a restrição de mobilidade e de acesso a serviços em postos de saúde e, dessa forma, muitos pais deixaram de levar os filhos para vacinar.

Saúde do homem

Do público infantil para o adulto, mais especificamente os homens, a busca por atendimento deve ser constante. Segundo o urologista Ari Miotto Jr., que é doutor em urologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e faz doutorado na área de reprodução humana e fertilidade masculina, o homem, desde muito jovem, precisa frequentar o consultório médico e, dessa forma, terá uma vida saudável, até no ponto de vista sexual, até a terceira idade. 

“No ponto de vista urológico, temos algumas categorias que o homem, desde muito jovem, precisa avaliar, como problemas de fimose, varicocele, que são as varizes no testículo ou então o testículo escondido, entre outros. Eu sempre digo que o cuidado com a saúde masculina começa desde cedo, quando bebê e aí vem a infância e adolescência, quando são necessárias as primeiras orientações quanto às DSTs [Doenças Sexualmente Transmissíveis]”, argumentou. 

De acordo com Miotto, é neste momento que surge a necessidade do diálogo com o filho e o início do acompanhamento médico. “Esse jovem precisa de orientação para buscar um urologista e, ultimamente, com a questão sexual mais exacerbada, estamos nos deparando com muitas doenças que há tempos não se via. No meu consultório, por exemplo, temos a questão da gonorreia, também chamada de blenorragia, algo que acabou aumentando entre os adolescentes”, comentou.

Foto: Arquivo/Jornal Midiamax

Homem também passa por redução dos hormônios, a andropausa

Quando mais velho, após os 40 anos principalmente, este mesmo homem precisa verificar se possui doenças como a da próstata, por exemplo. “Precisamos examinar casos de prostatite, que é a inflamação da próstata, além de diagnósticos de casos de câncer de próstata. Ao mesmo tempo, é um período de avaliação da questão hormonal, também relacionado à andropausa, então, precisamos fazer exames complementares na bexiga, próstata e até no rim, porque existem problemas que não aparecem nos exames de acompanhamento”, disse o médico. 

Dessa forma, o urologista fala que a consulta se estende até o final da vida, de forma anual em casos mais simples e semestrais ou até trimestrais, de acordo com a saúde do paciente. “Esse acompanhamento urológico é necessário para a melhora da qualidade de vida. Ao mesmo tempo, o homem deve fazer atividade física, controle do peso, glicemia e glicose que são, basicamente, os cuidados com a diabetes, além da diminuição da ingestão de álcool e manter uma dieta saudável. Tudo isso evita uma disfunção erétil, que é comum após 50 anos e, se tomar todas essas medidas, este homem será saudável, até no ponto de vista sexual, por muitos anos”, explicou. 

Saúde não é apenas “o físico”, diz médica

A infectologista Priscilla Alexandrino fala que, neste Dia Mundial da Saúde, é importante ressaltar para as pessoas que a saúde não é somente “o físico”, mas sim também o estado sócio-psicológico do ser humano. “Isto engloba questões sociais, psicológicas e físicas, a sensação de bem-estar e vários outros aspectos da vida do indivíduo, então, não é apenas o aspecto físico, mas também o aspecto social, físico e mental e também. São hábitos que propiciam a manutenção dessa saúde, com atividade física e alimentação saudável”, argumentou. 

Outra questão necessária, não só para o homem como para a mulher, de acordo com Alexandrino, é a libertação de vícios, como o tabagismo. “É algo que a gente sabe que faz muito mal à saúde, então, as pessoas devem tentar eliminar e se libertar deste vício, além de fazerem consultas regulares no médico, buscarem os exames de modo preventivo e precoce, então as medidas higiênico sanitárias, incluindo as vacinas, são fundamentais para que as pessoas possam prevenir as condições da saúde”, finalizou.

Mulheres praticando exercício físico durante em evento transmitido online. Foto: Redes Sociais/Reprodução

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