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Cotidiano

Estagiários denunciam Ministério Público de Mato Grosso do Sul por ‘exploração’ e assédio

#Exposed inclui até relatos de servidores fantasmas: 'promotores nem aparecem, assessores batem ponto e somem'
Graziela Rezende -
Posts foram feitos em perfil anônimo de MS. Foto: Montagem/Jornal Midiamax

O perfil anônimo, criado para estagiários, bacharéis em Direito e advogados fazerem denúncias de assédio em ambientes corporativos, no estado de Mato Grosso do Sul, não para de obter novas postagens e adeptos. Desta vez, o #exposed chegou ao Ministério Público e cita até o suposto comportamento abusivo de promotores.

O Jornal Midiamax recebeu postagens em que os denunciantes falam que o ambiente estava insuportável e o salário defasado desde 2017. Quando inaugurado, no dia 18 de agosto deste ano, o perfil ‘escritoriosexpostosms’ rapidamente começou a ganhar seguidores, sendo que as primeiras postagens, inclusive, citavam nomes dos escritórios de advocacia e os denunciantes não tiveram vergonha em se identificar.

Agora, no entanto, muitos denunciantes preferem o anonimato. “Trabalhei alguns anos no MPE-MS e lá, em várias promotorias, quem toca as coisas são os estagiários. Os promotores só aparecem em dia de audiência e não dão nem um mísero bom dia. Já teve caso de promotor chamar atenção de estagiário porque ele estava no Facebook às 4 da manhã e que, por conta disso, a produtividade estava baixa na promotoria […]”.

Assessores exploram estagiários e levam o mérito, diz denunciante

Ainda conforme a postagem, o denunciante alega que alguns assessores estariam “explorando estagiários” e levando os méritos. “[…] Já trabalhei em uma promotoria que a assessora chegava às 6h, batia o ponto e ia embora, voltava 10h e reclamava que não tínhamos zerado a fila de processos. Quando saí de lá, demorei alguns anos para superar o Burnout que sofri”, comentou.

Em seguida, alguém complementou: “Passei pelo mesmo desconforto em uma promotoria, tem muita rotatividade de estagiários em uma bem específica, pois, não tem estagiário que aguente […]”. Neste caso, a pessoa fala que existe uma “panelinha” e somente alguns possuem “privilégios”, enquanto outros são cuidados até no momento em que saem para ir ao banheiro e tomar água, tornando o “ambiente insuportável e de constantes”.

O denunciante fala que precisou se desligar do estágio, quando percebeu que o “estrago psicológico” já estava grande e ele teve crises de ansiedade, a ponto de se prejudicar na faculdade. Uma terceira pessoa, que também não será identificada, alegou o quão importante é falar dos abusos em órgãos públicos.

“O MPMS paga a mesma quantia aos seus estagiários desde 2017. Há cinco anos não há reajuste na bolsa, sendo que, com toda certeza, se não fosse o efetivo de estagiários, que deve ser maior do que o de servidores, o MP parava”, alegou.

Nos escritórios, denunciantes falam de humilhação a demissões em grupo

Perfil foi criado para fazer supostas denúncias de assédio em MS. Foto: Redes Sociais/Reprodução
Perfil foi criado para fazer supostas denúncias de assédio em MS. Foto: Redes Sociais/Reprodução

No caso dos escritórios, os denunciantes postaram inúmeros relatos de supostos assédios e marcaram órgãos com o MPT (Ministério Público do Trabalho) e a OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Mato Grosso do Sul).

Uma bacharel em Direito, por exemplo, concedeu entrevista exclusiva ao Midiamax e contou que foi humilhada, além de presenciar o momento em que 8 colegas teriam pedido demissão ao mesmo tempo. A jovem, de 26 anos, argumentou que sonhava com a experiência em ter um grande escritório no currículo. No entanto, qualificou a experiência como péssima.

“Trabalhei na controladoria, que é o setor responsável por atender os prazos por meio dos protocolos e fazia cadastro de novas ações também. A gestora, que todos comentam nas publicações do Insta, é deste setor. Pois bem, ela humilhava todo mundo na frente de todos. Você tinha que tratar ela como ela queria senão ela te xingava”, comentou na ocasião.

Quando foi pedir demissão, a jovem conta que não falou os motivos porque não queria, mais uma vez, ser humilhada. “O RH corria e falava pra ela e você virava comentário no escritório todo, como mais uma que não aguentou. Também presenciei ela dizendo que odiava trabalhar e contratar mulher porque tinha que lidar com vários temperamentos e mulher era muito sensível, mas, somente as mulheres tinham atenção aos detalhes que o cargo necessitava”, relembrou.

Além dela, ao mesmo tempo, outras oito pessoas teriam pedido demissão. “Lembro também que você não podia demorar muito no banheiro, não podia ter amizade. Tem uma história que todo mundo conta lá que uma menina foi pro banheiro chorar por causa dela. Aí ela juntou todas as coisas da menina e jogou na porta do banheiro, dizendo que ela estava demitida. A menina pediu as imagens, disseram que tudo estava desligado para não dar em nada. Das 8 pessoas que entraram comigo, todo mundo pediu demissão pelos mesmos motivos de assédio”, afirmou.

MPT ressalta que tomou conhecimento das denúncias e vai apurar

Sobre a nova denúncia, a assessoria de imprensa do MPT-MS, comentou que, até o momento, o Ministério Público do Trabalho deve averiguar a atribuição e se há algum procedimento instaurado para apurar os fatos.

A reportagem também entrou em contato com o Ministério Público Estadual (MPE) e aguarda retorno da assessoria de comunicação. Já a , que também averígua o caso, disse que não comenta processos ético-disciplinares.

Perfil foi criado após estagiário se jogar de prédio em São Paulo

Conforme os administradores do perfil, o movimento surgiu “de uma revolta, um grito entalado”. Uma semana antes da criação do perfil, no dia 11 de agosto, um estagiário do escritório Mattos Filho, em , pulou do 7º andar do prédio da empresa.

Na ocasião, conforme funcionários, foi relatado que o ritmo de trabalho no local era de “muita pressão e cobrança”. Além disso, a denúncia aponta que o teria perdido o prazo de um processo tributário e foi advertido publicamente antes de se jogar do prédio.

Por fim, a postagem fala que esta não é “uma realidade distante” e que “pessoas despreparadas têm causado traumas e transtornos irreparáveis”.

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