Crianças podem ter morrido em Mato Grosso do Sul após picada de escorpião mais venenoso do país
Em 8 anos, 4 pessoas morreram após picadas de escorpião no Estado; foram duas mortes nos últimos três dias
Fábio Oruê, Evelin Cáceres –
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As duas crianças que morreram nesta semana após terem sido picadas por escorpiões em Mato Grosso do Sul podem ter sido vítimas da espécie que é a mais venenosa do país, a Tityus serrulatus, conhecida popularmente como escorpião amarelo. A informação é do biólogo especialista em animais peçonhentos do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica) Isaías Pinheiro.
De acordo com o especialista, pela evolução do quadro das crianças e sintomas relatados, além das características dos aracnídeos e região onde os casos aconteceram, a região do Bolsão, é muito provável que as crianças tenham morrido em decorrência da picada da espécie mais venenosa, já presente no dia a dia dos sul-mato-grossenses.
“Não tive acesso aos animais que picaram as crianças, mas pelos relatos e evolução do quadro para morte tão rápida e, apesar das crianças receberam o soro antiescorpiônico, a tempo, acabarem falecendo. Tudo isso leva a crer que elas foram picadas pela espécie, sim”, explica.
Pinheiro conta que a morte por picada de escorpião é considerada um fator muito pouco provável em Mato Grosso do Sul, onde os CCZs (Centros de Controle de Zoonoses) são integrados e há soro antiescorpiônico nos hospitais [confira tabela abaixo].
Nos últimos oito anos, apenas quatro pessoas morreram em decorrência de acidentes com esses animais peçonhentos. “São crianças com muito pouco peso, muito pequenas, ou idosos bastante debilitados, que acabam sendo picados por essa espécie mais peçonhenta. Acaba sendo uma junção de fatores muito atípicos”, relata.
João Pedro Santos Barbosa, de 7 anos, morreu no último domingo (1º) em Cassilândia. Já outra menina, de apenas três anos, morreu em Paranaíba, ao ser picada por um escorpião enquanto brincava em casa.
Escorpião: quais existem em MS?
O biólogo conta que existe a predominância de três espécies no Estado: a Tityus serrulatus, que é o escorpião amarelo, que tem a cauda com serras, mais grossa. O Tityus confluens, que tem de 4 a 6 cm de comprimento; colorido geral amarelo escuro; pernas e palpos sem manchas e tronco escuro; porém muito semelhante ao Tityus serrulatus, mas sem serrilha na cauda. E o Tityus bahiensis, que tem o tronco escuro, pernas e palpos com manchas escuras e cauda marrom-avermelhada; ele não possui serrilha na cauda e o adulto mede cerca de 7 cm.
Afinal, picada de escorpião mata?
Isaías Pinheiro explica que cerca de 98% dos acidentes envolvendo escorpiões em Mato Grosso do Sul são da espécie Tityus confluens, que têm a picada dolorosa, mas que geralmente não levam a maiores complicações e nem sequelas graves, como a morte.
“É importante que a pessoa sempre procure o serviço médico e faça uma foto do animal para que o profissional saiba qual a gravidade, se há necessidade de aplicar soro antiescorpiônico. Sempre que for possível e não arriscado, o animal também pode ser levado ao CCZ da cidade”.
Há soro antiescorpiônico em MS?
O ataque de escorpião a duas crianças em um curto espaço de tempo reacendeu um grave alerta para as picadas desse animal, que podem levar a morte. Em caso de acidente, o paciente deve ser levado para tratamento imediato. Porém, em Mato Grosso do Sul nem todas as cidades disponibilizam do soro antiescorpiônico.
Segundo levantamento feito pelo Jornal Midiamax junto ao Ministério da Saúde, 21 cidades do Estado não possuem o soro antiescorpiônico. De janeiro até agora, a pasta enviou 240 frascos/ampolas do medicamento para MS.
A SES/MS (Secretaria de Estado de Saúde de MS) informou à reportagem que dependendo da gravidade é usado o soro específico para ataque de escorpião para neutralizar a peçonha no Estado.
Conforme a secretaria, nos casos de ataques naqueles municípios que não dispõem de unidade hospitalar referencial com o medicamento, os pacientes são transferidos para a cidade mais próxima ou sede de referência, quando necessário.
Confira as cidades que não possuem o antiescorpiônico:
Anastácio* | Glória de Dourados* | Paraíso das Águas* |
Batayporã* | Japorã* | Paranhos |
Corguinho* | Jaraguari* | Rochedo* |
Deodápolis | Jardim | Santa Rita do Pardo |
Douradina* | Ladário* | Sidrolândia |
Eldorado | Maracaju | Terenos* |
Figueirão | Novo Horizonte do Sul* | Vicentina |
Legenda (*): Cidades que não tem unidades de referência.
Ao todo, conforme o Ministério da Saúde, o Estado tem 67 cidades com hospitais de referência para utilização de soros contra ataques de animais peçonhentos. Entretanto, 9 desses locais não possuem o soro antiescorpiônico.
À reportagem, o ministério ressaltou que, na falta do soro antiescorpiônico, poderá ser utilizado o soro antiaracnídeo, no qual foram liberados, de janeiro à maio, 210 frascos/ampolas para o Estado.
Vale ressaltar que as 12 cidades marcadas com asteriscos na tabela não têm hospitais de referência em tratamento para picadas com peçonhas. A tabela pode ser conferida neste link. O documento traz os nomes dos hospitais, endereços, telefones, CNES (Código Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e atendimento disponível para acidentes com animais peçonhentos.
Conforme o Ministério da Saúde, as informações disponibilizadas são de responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde.
A secretaria informou ao Jornal Midiamax que o imunobiológico é utilizado somente em casos graves e aplicado em ambiente hospitalar. A secretaria informou que não há falta do imunobiológico em MS.
Segundo o Ministério da Saúde, as secretarias de Saúde dos estados são responsáveis por avaliar e indicar os hospitais mais adequados para administrar os soros para animais peçonhentos.
Além disso, o tratamento dos casos de acidentes com escorpião é feito apenas na rede dos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) e é inteiramente gratuito, não sendo encontrado na rede particular.
Cuidados com escorpião
Se a pessoa for picada por um escorpião ou qualquer outro animal peçonhento, ela deve higienizar o local com água e sabão e procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível para receber o atendimento adequado. Alguns cuidados podem ser tomados para evitar esse tipo de acidente.
Caso o morador encontre algum desses animais na residência, é recomendado fazer o recolhimento dele, colocando-o em um recipiente fechado, mas evitando o contato, e levá-lo ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), onde será feita análise da espécie, principalmente em caso de acidente.
O proprietário do imóvel também pode solicitar uma inspeção na sua residência, seja no balcão da recepção do CCZ, em Campo Grande, ou via telefone, pelo 3313-5026 (horário comercial) ou no 3313-5000.
Moradores das cidades do interior devem procurar informações junto às respectivas secretarias de Saúde dos municípios.
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