Pular para o conteúdo
Cotidiano

Conselho Tutelar de Campo Grande não chega a acordo sobre obrigatoriedade de vacinação em crianças

De acordo com o ECA, a vacinação de crianças é obrigatória em casos de recomendação das autoridades sanitárias
Arquivo -
A não vacinação da criança pode gerar responsabilidades penais
A não vacinação da criança pode gerar responsabilidades penais

Segue indefinido entre as unidades de Conselho Tutelar de o entendimento acerca da obrigatoriedade de imunização de crianças e adolescentes contra covid. A questão foi pauta de encontro na tarde da última segunda-feira (31), mas não houve avanço, conforme apurado pelo Jornal Midiamax. A reportagem também apurou que não há previsão de uma nova reunião.

A discussão sobre a imunização de crianças contra a covid-19 está cercada de preocupações e polêmicas. No mês de dezembro, a (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a aplicação de vacinas contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade e, desde então, alguns pais se deparam com dúvidas. Isso porque, apesar de ser recomendado pelas autoridades sanitárias, o entendimento sobre a obrigatoriedade desta vacina segue nebuloso — mesmo que também esteja prevista como mandatória pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

De acordo com o §1º do artigo 14 do Estatuto, “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. Além disso, o artigo 249 da normativa também esclarece que a falta da vacinação obrigatória, de forma intencional ou não, significa violação de dever dos pais. É neste contexto que entra o entendimento dos Conselhos Tutelares, ainda indefinido em Campo Grande.

Doutorando em Constitucional pelo IDP/DF, o advogado Acacio da Silva Filho declara que a criança deve, sim, ser vacinada. Segundo ele, o ECA estabelece o princípio do melhor interesse da criança, razão pela qual, e com base em todos os elementos médico-científicos, a vacina deve ser aplicada.

“Ao tratarmos da obrigatoriedade da vacinação infantil, dois pilares devem ser ressaltados: a saúde pública e a liberdade de escolha dos pais — e, quando ponderados estes bens jurídicos, especialmente durante a crise sanitária atual, é natural pensarmos que a saúde pública — que é inerente a toda a sociedade e à manutenção de seus pilares — deve prevalecer em detrimento aos interesses individuais”, esclarece.

Dessa forma, a não vacinação da criança pode gerar responsabilidades penais, além de aplicação de multa pelo ECA. É o que também sustenta o advogado e professor de Direito Constitucional pela USP (Universidade de São Paulo), Antônio Carlos de Freitas Júnior.

“A omissão dos pais na vacinação, com fundamento no artigo 98 do ECA, por si só, deflagra o sistema de proteção do ECA”, detalha.

O artigo em questão pode acarretar: (i) orientação, apoio e acompanhamento temporários; (ii) inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; (iii) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; (iv) acolhimento institucional; e (v) inclusão em programa de acolhimento familiar. “Todas protegem a criança”, detalha o advogado, que também detalha que as sanções para aqueles que se negarem a vacinar seus filhos são variadas.

“Há as seguintes possibilidades: (i) encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (ii) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; (iii) encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (iv) perda da guarda; (v) suspensão ou destituição do poder familiar”, observa.

Penalidades

Ainda conforme Antonio Carlos, uma multa no valor de 3 a 20 salários mínimos pode ser aplicada e os pais podem ser criminalmente responsabilizados com detenção de três meses a um ano, com base no artigo 132 do Código Penal por “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”.

Em casos de lesão corporal ou morte da criança por covid-19, o especialista aponta que os pais podem responder por homicídio culposo. Freitas explica que pode ser possível a aplicação de um perdão judicial aos pais devido ao sofrimento da perda, no fim do processo, mas também existe a possibilidade do processo ser conduzido de forma normal sem a aplicação do perdão judicial. 

A não vacinação também pode enquadrar abandono de incapaz, de acordo com o advogado Matheus Favilene. “Deixar de vacinar pode ser crime de abandono de incapaz, previsto no artigo 133 do Código Penal. A vacinação é obrigatória; os pais não têm o direito de não vacinar os seus filhos — não só por uma questão de risco à criança, mas também por risco à sociedade”, conclui.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Jonathan Azevedo engata namoro com musa do Onlyfans; conheça ela

Com seis prisões, operação combate furto de energia e fraudes em Rio Brilhante

Lula sanciona Lei que reconhece fibromialgia como deficiência a partir de 2026

Escolas massacre escola estadual

Episódios de violência interromperam o calendário em 12 escolas de Mato Grosso do Sul

Notícias mais lidas agora

Condomínio é alvo de operação da PF contra grupo de tráfico de drogas em Campo Grande

Tereza e Nelsinho ouvem Riedel sobre efeito das tarifas de Trump antes de missão nos EUA

irmão de eliza samudio

Apagado da história? Irmão de Eliza Samúdio cresceu com Bruninho e hoje é bloqueado

PL propõe capacitação em acessibilidade no transporte em MS

Últimas Notícias

Política

Riedel diz que meta é erradicar a pobreza extrema em MS até 2026

Governador esteve com defensores públicos durante a abertura da 99ª Reunião Ordinária do Condege, em Campo Grande

Política

Deputado paraguaio nega acusações de suborno feitas pela viúva do jornalista Leo Veras

O deputado paraguaio Santiago Benítez (Partido Colorado) se defendeu publicamente das acusações de suborno feitas por Cinthia González, viúva do jornalista Leo Veras, assassinado há cinco anos. González alegou que Benítez tentou comprá-la para favorecer Waldemar Rivas Días, ‘o Cachorrão’, principal suspeito do crime. Benítez refuta as acusações, afirmando que se trata de uma manobra … Continued

Brasil

Mulher é presa ao se passar por PM e ostentar filhos de mentira nas redes sociais

Mulher forjou diversos documentos e número da OAB

Política

Vereadora Luiza Ribeiro alerta para golpes usando suas fotos  

Criminosos usam a foto da vereadora no perfil e dizem ser do escritório de advocacia da mesma