Clientes ainda esperam na fila de concessionárias por carros zero em Campo Grande

Durante período crítico da pandemia, fila em concessionária teve até 60 pessoas

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Carros populares em garagem de Campo Grande. (Foto: Leonardo de França/Arquivo Midiamax)

Mesmo após o fim do período crítico da pandemia, concessionárias de Campo Grande ainda sentiram por meses os efeitos negativos trazidos da covid-19. Com ritmo de produção da indústria em baixa, durante o ano de 2021 e meados de 2022, lojas da Capital tiveram de trabalhar com prazo de até seis meses para entrega de veículos novos, até hoje, há relatos de marca que ainda não zerou a fila de espera.

Gerente comercial da Mitsubishi HC, Marina Crozetta afirma que, perto da realidade que assustou o setor durante o último ano, atualmente o cenário é de estabilidade. “Chegamos a ter 60 pessoas na fila de espera. O cliente dava um sinal, entrava na fila e fazíamos a entrega à medida em que os carros chegavam na loja”, explica.

Segundo ela, alguns compradores da loja tiveram de esperar seis meses para assumir o volante do carro novo. ”A gente sempre trabalhou com prazo de entrega de até seis meses. Às vezes o cliente recebia antes desse período, mas outros chegaram a esperar os seis meses”, acrescenta.

Mesmo após o fim do período crítico da pandemia, Marina afirma que o abastecimento dos automóveis teve retomada lenta, com recebimento de poucas unidades durante o último ano. De acordo com ela, a “virada de chave” veio somente há cerca de 60 dias, quando o ritmo de trabalho das montadoras foi normalizado, o que refletiu em melhora significativa e no reabastecimento do estoque.

Ainda assim, a fila de clientes na espera não foi zerada. “Tenho um único carro que ainda está demorando a vir, mas é um veículo importado. Cerca de 15 clientes estão na fila esperando por ele, mas todos ainda dentro do prazo”, finaliza.

Em Campo Grande, o novo momento das concessionárias influenciou, inclusive, nas lojas de veículos usados. Segundo Eduarda Moreira, funcionária de uma revendedora na cidade, muita gente que não queria esperar acabou optando por veículos seminovos. 

“A gente sempre recebia clientes dizendo que não tinham conseguido comprar o carro que queriam. Eles diziam que o tempo de espera era de três a seis meses, como não queriam esperar, compravam seminovo ano 2019, 2020”, relata. 

Apesar da realidade ter se repetido em diferentes lojas, em algumas empresas o contexto não se aplicou, como é o caso da Autobel, marca que administra três concessionárias em Campo Grande. De acordo com Wesley Araújo, que faz o marketing da empresa, o amplo estoque de automóveis facilitou o atendimento da demanda.  

“Tivemos algumas situações pontuais, que aconteceram quando a cor escolhida pelo cliente não estava disponível, por exemplo. Nestes casos, a espera foi de em média 60 dias”, explica.

Em contrapartida, Wesley afirma que o cenário econômico e político tem afastado clientes. “Este momento de instabilidade política tem feito com que os consumidores locais repensem sobre troca de carros e aquisição de bens”, completa.

De acordo com Anfavea, a associação das montadoras do Brasil, a recuperação na produção de veículos levou os estoques nos pátios de montadoras e concessionárias ao maior volume em 27 meses. No mês passado, o Estado tinha 164,8 mil veículos à disposição dos consumidores, 41 mil a mais do que o estoque de três meses atrás.

Conteúdos relacionados