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Cotidiano

Censo inédito do IBGE chega às comunidades quilombolas de Campo Grande

Pela primeira vez, maior pesquisa do país terá formulários específicos para comunidades quilombolas
Thalya Godoy, Graziela Rezende -
Tatiane Martins Penha começou a trabalhar nesta terça-feira como recenseadora do IBGE. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

A Comunidade Quilombola Tia Eva, localizada no bairro Seminário, em , recebeu nesta terça-feira (13) os primeiros recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), responsáveis por coletar informações para o censo demográfico do país. Esta é a primeira vez que a tem um questionário específico para as comunidades tradicionais. 

De acordo com o presidente da ADTiaEva (Associação dos Descendentes da Tia Eva), Ronaldo Jefferson da Silva, os representantes do IBGE visitaram a comunidade no último fim de semana para preparar o trabalho de ção. A expectativa é que 150 famílias sejam entrevistadas, que chegam a cerca de 500 pessoas. “Eles explicaram como vai ser feito o processo e essa visita foi muito importante. Nós reforçamos isso com a comunidade pessoalmente e por meio de grupos no WhatsApp”, ele afirmou.

Para Silva, além de ter na comunidade tradicional, a pergunta: “Você se considera quilombola?”, também deveria ser aplicada a todos que responderem ao censo, pois há descendentes espalhados em outros bairros como Jardim Paulista, Vila Marli e Vila Nasser, por exemplo. “Em todo Mato Grosso do Sul, acredito que deve ter entre 2,5 mil a 3 mil quilombolas”, afirma Jefferson. 

Recenseadores e subsecretária na comunidade. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)
Recenseadores e subsecretária na comunidade. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

Segundo a subsecretária de políticas públicas para a promoção da igualdade racial do governo estadual, Ana José Alves, a comunidade Tia Eva vive um momento importante com a chegada do Censo. Além disso, ela comenta que o quilombolo deve sempre se autodeclarar desta forma, onde quer que esteja.

“É a primeira vez que as comunidades quilombolas estão incluídas no Censo do país. Nós conseguimos esse avanço e tenho certeza que daqui sairão dados importantíssimos”, acredita.

Sylvia Oliveira, gerente técnica do IBGE, relembra que o último censo na comunidade foi feito em 2010 e apontava 320 pessoas no local. Nesta edição da maior pesquisa do país, foram realizadas setorizações para que possam ser obtidos dados específicos sobre as comunidades quilombolas pela primeira vez. Mato Grosso do Sul tem 22 comunidades quilombolas e na Capital são 3, localizadas na Chácara Buriti, São João Batista e na Tia Eva. 

Comunidade Tia Eva possui cerca de 150 famílias. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)
Comunidade Tia Eva possui cerca de 150 famílias. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

“Nós tivemos um dia de treinamento especial e procuramos sempre ter recenseadores que moram ou têm origem quilombola para facilitar a receptividade, pois são pessoas que já conhecem os costumes. Além das comunidades, nós também perguntamos se a pessoa se considera quilombola em áreas de interesse operacional, que são próximas a comunidades ou em locais que temos registros de descentes”, explica a gerente técnica do IBGE. 

A aposentada Air Jerônima, de 72 anos, foi a primeira a responder os questionamentos. Ela mora há alguns metros da “vó Eva”, como chama e aponta para a estátua da bisavó. “Sou nascida e criada aqui. Vivo com a filha e netas. Vou responder tudo o que perguntarem”, comentou.

Qual a diferença do questionário?

Principal rua da comunidade. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)
Principal rua da comunidade. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

O questionário do censo demográfico aplicado em comunidades quilombolas tem perguntas específicas para o grupo, como “Você se considera quilombola?” e, em caso afirmativo, é perguntado sobre qual comunidade pertence. O texto das demais perguntas também são adaptados, afirma Sylvia Oliveira. “É uma investigação específica nas comunidades quilombolas, que foram setorizadas pela primeira vez, e isso faz com que a gente possa ter dados específicos”. 

De acordo com o Decreto 4.887, de 2003, os quilombolas são reconhecidos como “grupos étnicos, segundo critérios de autoatribuição com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão historicamente sofrida”.

De acordo com o IBGE, para as comunidades quilombolas foram considerados os territórios quilombolas delimitados pelo e pelos institutos estaduais de terra, além de serem mapeados os agrupamentos quilombolas identificados pelo IBGE e outras localidades não definidas em setores censitários, que vieram a constituir Áreas de Interesse Operacional (AIOs) quilombolas. No total, o Instituto definiu 5.972 localidades quilombolas no país.

Os recenseadores do IBGE visitam as casas em todo país desde o dia 1º de agosto para aplicação do questionário. As visitas continuam até 31 de outubro. Em Mato Grosso do Sul, a expectativa é que até o fim de setembro o Estado tenha contratado 2.500 recenseadores.

Sylvia fala do trabalho específico feito na comunidade Tia Eva. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)
Sylvia fala do trabalho específico feito na comunidade Tia Eva. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

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