Com mais de 3,9 mil casos em Campo Grande, veterinária explica como cão com leishmaniose pode levar vida normal
Campo Grande teve mais de 3,9 mil cães contaminados em três anos
Mariane Chianezi –
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O Jornal Midiamax mostrou em reportagem anterior que nos últimos três anos foram registrados mais de 3,9 mil casos positivos de Leishmaniose em cães e, inclusive, 116 casos em moradores. Normalmente, quando o cão é diagnosticado com a doença, o tutor não vê outra alternativa a não ser sacrificar o bicho, mas de acordo com médica veterinária especializada de MS, o cão infectado pode levar uma vida normal.
Segundo a veterinária especializada em infectologia, Claudete Palhão, a Leishmaniose é uma zoonose transmitida pelo mosquito-palha, pertencente a uma família de moscas hematofogas, ou seja, que se alimentam de sangue. Ela explica que a doença pode acometer a maioria dos mamíferos, incluindo os silvestres, e apesar de ser visto como grande vilão, o cão não é o único hospedeiro da doença.
“A transmissão para o cão pode acontecer de forma vetorial, através da picada do mosquito, mas também pode ser via transplacentaria (mãe para filho), de forma venérea (no ato sexual) e por transfusão sanguínea”, disse.
Com 116 casos em moradores na Capital, a veterinária pontua que a transmissão da doença para as pessoas é apenas pela picada do mosquito. “Não foi ainda comprovado formas de transmissão direta para o ser humano, ou seja, apenas o contato físico ou com sangue e secreções do cão não transmitem a doença para o ser humano, contudo o uso de repelentes pelos cães portadores da doença se torna obrigatória, por justamente evitar o contato do cão com o mosquito”, esclarece.
Em 2021, ONGs se reuniram em protesto no Centro da Capital contra a eutanásia de cachorros com leishmaniose, doença que não tem cura, mas tem tratamento que pode dar maior longevidade ao animal infectado. Assim como explica Claudete Palhão.
“Um cão soropositivo para leishmaniose pode levar uma vida tranquila, desde que seja feito acompanhamento médico constante e o tratamento, seja levado a risca. Lembrando que a doença não tem cura, apenas melhora dos sintomas. As manifestações clínicas dos cães positivos são variáveis, podendo apresentar desde os sintomas clássicos, como a perda de peso, crescimento da unhas, lesão nas pontas de orelha, até mesmo ausência de qualquer sintoma”, disse.
Por fim, ela explica que por estarmos em área endêmica da doença, o uso de repelente, através de coleira ou óleos de aplicação tópica, e vacinação se torna uma importante ferramenta na luta contra a doença. “Valendo lembrar que a vacina quando feita de forma isolada não previne a picada do mosquito, e sim evita que o paciente manifeste a forma grave da doença”, finaliza.
Leishmaniose em Campo Grande
Com certeza você já deve ter ouvido falar nessa doença que acomete não só os animais domésticos como também os seres humanos. A leishmaniose é uma doença ainda sem cura para os animais e que infecta pessoas por meio da picada do flebotomíneo, o mosquito-palha. Em Campo Grande, nos últimos três anos foram registrados mais de 3,9 mil casos positivos em cães e 116 casos em moradores.
Conforme os dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em 2020, no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), foram 2.252 animais com resultado positivo para a leishmaniose visceral em Campo Grande. No ano seguinte, 1.409 coletas de exames testaram positivo.
Nesses oito meses de 2022, o CCZ registrou 259 coletas com o resultado positivo para a doença nos animais. De todos os testes realizados para a leishmaniose no centro de controle, 33,16% dão positivo para a doença. Vale lembrar que o número de casos positivos pode ser ainda maior, pois o quantitativo não especifica os exames em clínicas veterinárias.
Também há registros de pessoas contaminadas, revelou a Sesau. Em 2021, foram 14 casos registrados na cidade, enquanto 2022 já soma quatro pessoas infectadas com a leishmaniose tegumentar. No ano passado, 82 foram contaminadas com a leishmaniose visceral e 16 até o início do mês de julho.
Tratamento da leishmaniose
Em 2021, ONGs se reuniram em protesto no Centro da Capital contra a eutanásia de cachorros com leishmaniose, doença que não tem cura, mas tem tratamento que pode dar maior longevidade ao animal infectado.
Os manifestantes colocaram cruzes em frente à prefeitura para simbolizar a morte de animais que não precisariam ser sacrificados. “Hoje em dia existe tratamento. O animal consegue viver por muitos anos e deixa de transmitir a doença para o mosquito infectar outro cachorro”, explicou uma protetora.
O CCZ disse na ocasião que o tratamento da leishmaniose não é orientado pelo Ministério da Saúde e, portanto, não é realizado pelo Município. O tratamento pode ser feito, mas é uma responsabilidade do tutor do animal.
“O mesmo pode ser providenciado pela pessoa responsável pelo animal, sendo necessário o acompanhamento de um médico veterinário em razão das possíveis complicações que possa apresentar. Por ser considerada uma área endêmica para a doença, há muitos anos as medidas e ações de prevenção são realizadas sistematicamente em nosso município, tanto na área urbana quanto na área rural”, pontuou na época.
O medicamento usado para o tratamento da doença nos cães custa até R$ 2 mil e, além do alto custo da medicação, o tutor precisa arcar com outros remédios, suplementos e vitaminas. Além de repelentes e exames periódicos. Mais informações sobre a doença e sobre o tratamento podem ser acessadas no Conselho Federal de Medicina Veterinária, aqui.
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