‘Câncer de mama não é sentença de morte’: fé e rede de apoio dão forças às mulheres para cura

Campo Grande tem atualmente 377 mulheres que realizam tratamento contra o câncer de mama pelo SUS

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Da esquerda para a direita, Helen Braz e Fabianne Rezek. As duas venceram o câncer de mama (Foto: Arquivo Pessoal)

A história de Fabianne Rezek com o câncer inicia com os ancestrais que tiveram a doença. O câncer venceu muitos parentes da família, inclusive o pai da publicitária. A predisposição genética facilita que o tumor se manifeste. Na vida da mulher, atualmente com 47 anos, o diagnóstico de câncer de mama chegou em 2014 após quatro meses tomando antibióticos para combater uma suposta inflamação.

“Só depois desse tempo, em São Paulo, tive o carcinoma invasivo detectado, já em estágio avançado. Apesar do prognóstico não muito animador, eu resolvi lutar pela vida com todas as minhas forças”, relembra Fabianne. 

O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), em cada ano do triênio 2020/2022, 66.280 novos casos de câncer de mama devem ser diagnosticados no Brasil.

Mortalidade por câncer de mama em Mato Grosso do Sul. (Fonte: Atlas da Mortalidade Inca)

Com o resultado do câncer de mama em mãos, Fabianne mudou-se para Barretos, a 423 km de São Paulo, para fazer o tratamento no Hospital do Amor. Morou sozinha por dois anos na cidade. Apesar de ter chegado com o pensamento positivo, uma pessoa próxima de Fabianne faleceu enquanto ela iniciava o tratamento, o que lhe causou medo e fez duvidar se conseguiria a cura.

“Meu médico, muito atento e humano, me passou uma receita que levei até o fim: brincos grandes e batom vermelho, se referindo à autoestima e autocuidado”, relembra a publicitária.

Fabianne fez publicações para falar sobre o câncer de mama. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

O protocolo durou dois anos e meio e a certeza de cura final foi dada em 2019. Atualmente, ela está em remissão total e faz acompanhamento anual. “Dizem que paciente com câncer é paciente vitalício, então torço para que seja por muito tempo”, ela crê.

O recado da publicitária para quem enfrenta o câncer de mama no momento é acreditar na cura. “Seu ânimo e fé na vitória têm que ser inabaláveis”, aconselha Fabianne. 

Quais são os sinais?

De acordo com o Ministério da Saúde, há alguns sintomas que podem indicar o câncer de mama. É importante relembrar que além dos sinais, é preciso realizar consultas e exames com uma equipe médica para a confirmação da doença.

Confira abaixo alguns sintomas, segundo o Ministério da Saúde: 

  • Retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; 
  • Saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando a sujar o sutiã;
  • Vermelhidão da pele da mama; 
  • Pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço;
  • Inversão do mamilo; 
  • Inchaço da mama e dor local. 

A Chef de Cozinha, Helen Braz, 46 anos, procurou o médico depois que um mamilo ficou inflamado e percebeu um caroço no seio enquanto fazia o autoexame da mama. O diagnóstico de câncer de mama, tipo hormonal, chegou em setembro de 2021 após uma biópsia e no mês seguinte realizou a mastectomia. 

“Quando eu descobri que estava com câncer de mama chorei por duas horas. Aí depois eu pensei que tinha uma filha pequena, minha família, marido e ‘vamos embora enfrentar mais essa’. Se Deus me deu é porque eu tinha que passar por isso e de cabeça erguida”, recorda Helen. 

Ela decidiu contar para todos que conhecia sobre o câncer de mama, o que levou a uma corrente de oração em prol da recuperação de Helen. Na família da chef de cozinha não há histórico de câncer. 

Helen tem uma rotina normal após a cura do câncer. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois dessa experiência, ela quer mostrar que o diagnóstico não é uma designação de morte. “Hoje em dia tem tratamento para tudo. Graças a Deus estou curada depois de um ano após quimioterapia e radioterapia. Agora é só aguardar para trocar a prótese”, explica. 

Ela ia sozinha fazer o tratamento enquanto conciliava com a rotina de trabalho, e atribui ao espírito alegre um dos pilares que lhe deram forças nesse período. Foram quatro meses de quimioterapia e 15 sessões diárias de radioterapia (uma por dia), menos que o previsto inicialmente de 25 sessões. 

“Eu sempre acreditei na minha cura, mas é claro que é um sentimento inexplicável você ver que tudo deu certo. Fé em tudo é muito importante. Eu torço que pela minha história outras pessoas possam ver que o câncer não é uma sentença de morte”, acredita Helen. 

Após o diagnóstico de cura, a rotina normal voltou à vida dela sem restrições, como viagens e trabalho. A única coisa que precisa fazer uma vez por mês é receber uma injeção de bloqueador hormonal.

“A mensagem que eu quero deixar é procurar uma rede de apoio, conte para todo mundo e tenha fé na sua cura. Eu sou prova viva disso e me coloco à disposição para quem quiser porque é muito importante. Eu conversava muito com algumas pessoas. Uma amiga minha me ajudou muito porque eu vi que ela estava curada”, garante Helen. 

Como funciona o tratamento pelo SUS?

Este mês inteiro é dedicado à campanha “Outubro Rosa”, que tem como objetivo a conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce de câncer de mama. O dia 19, nesta quarta-feira, é considerado o Dia Mundial de Combate Ao Câncer de Mama.

De acordo com a Lei Federal 12.732/12, que começou a vigorar em maio de 2013 e foi apelidada como “Lei dos 60 dias”, a paciente que faz o acompanhamento de câncer pelo SUS deve ter o primeiro atendimento para iniciar o tratamento em até 60 dias a contar da data de diagnóstico, independente do tipo de neoplasia presente. 

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em Campo Grande não há filas para mamografia, tendo em vista que a oferta do exame é maior que a procura. Além disso, 377 mulheres fazem acompanhamento para Neoplasia Maligna de Mama pelo SUS na Capital.

Entre janeiro e julho de 2022, foram realizadas 6.421 mamografias de rastreamento, em mulheres entre 50 e 69 anos, o que é o preconizado pelos indicadores do Ministério da Saúde. 

Apesar do número, a Capital tem capacidade de realizar 5 mil agendamentos por mês, mas a busca pela realização dos exames é baixa. 

De acordo com a Sesau, atualmente não há demanda reprimida por mamografia de rastreamento, pois a oferta é maior que a procura e, ainda assim, entre os meses de maio e julho foi registrada uma abstenção de 42%. 

A secretaria reforça que os exames também são feitos em outras faixas etárias, mas os indicadores do Ministério são exclusivos entre 50 e 69 anos. Dentro dessa faixa etária, a mulher não precisa passar por consulta para realizar a mamografia de rastreamento.

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