Assim como o Hemossul, banco de sangue animal ajuda a salvar vidas e precisa de solidariedade

Pets doadores passam por avaliação e ganham bateria de exames de graça

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Com apenas dois meses, Thor foi salvo graças a transfusão de sangue. (Foto: Divulgação)

Assim como o Hemossul tem grande importância para milhares de sul-mato-grossenses, no universo mundo animal a doação de sangue também salva vidas e depende da solidariedade de uma rede de voluntários. Em Campo Grande, dois bancos de sangue veterinários atendem todo o Estado com laboratórios especializados na coleta, preparo e distribuição do sangue de gatos e cachorros.

Foi graças a essa rede que o rotwailer Thor, de apenas dois meses, conseguiu vencer a doença do carrapato, que chegou de repente e de maneira silenciosa. “Ele era bem agitado e começou a ficar quietinho, teve diarreia e parou de comer. Também percebi que a boca dele tinha perdido a cor vermelha e ficou esbranquiçada”, conta a Gabrielly Alves da Silva, de 19 anos, tutora do Thor.

Após avaliação veterinária, Gabrielle foi informada sobre a suspeita da doença, mais tarde confirmada por exames. Para salvar a vida do pet que já era a alegria da casa, um dos tratamentos indicados com urgência foi uma transfusão de sangue. “Eu entrei em desespero e tive medo de perder ele. Mesmo novinho, a gente pegou muito amor”, desabafa.

Cada animal pode doar até 20 ml de sangue por kg de peso. (Foto: Clínica Veterinária Moreninhas + Q Vet)

No mesmo dia em que foi internado, Thor recebeu uma bolsa de sangue, conseguida às pressas em um dos bancos da cidade. Segundo o médico veterinário Rafael Rodrigues, o filhote de rotwailer recebeu cerca de 150 ml de sangue em um processo que demorou quatro horas.

“Ele chegou na clínica muito tristinho, sem comer e apático. Nos exames, identifiquei a indicação de uma transfusão. Logo após o procedimento o Thor estabilizou e começou a melhorar. Para ele, receber o sangue foi imprescindível e se não fosse isso, ele teria grandes chances de piorar”, avalia o especialista.

Rafael afirma que no dia a dia das clínicas veterinárias são rotineiros casos como o do Thor, em que a transfusão de sangue é tratamento determinante para manter a vida de um animalzinho. Por isso, o especialista deixa o apelo. “É muito importante que os tutores de animais procurem os bancos de sangue e se informem como funciona. Esse gesto nos ajuda a salvar vidas dentro da clínica. É muito importante”, finaliza.

Banco de sangue veterinário

Se encontrar doadores de sangue para pessoas já é tarefa difícil, entre os pets a missão também é complicada. Nessa hora, além de apelar para consciência e solidariedade, vale até insistir na busca ativa, abordando tutores e levando informações sobre o processo ainda pouco conhecido no Estado.

Inaugurado em 2009, há 3 anos, o Laboratório Labdoc incorporou o BSA (Banco de Sangue Animal) na estrutura de atendimento veterinário.  Responsável pela empresa, Leizinara Gonçalves, explica que, assim como no Hemossul, o banco de sangue segue rígidos protocolos que vão desde a triagem dos pets doadores até a distribuição do sangue.

“A diferença é que o Hemossul é  público e nós somos uma empresa privada, mas aqui, os doadores assinam termo de doação da mesma maneira como eles fazem  lá. É uma responsabilidade do tutor e nossa”, afirma.

Para a doação, o animal voluntário deve ter de 1 a 8 anos, estar saudável e  ter vermífugos e vacinas em dia. A quantidade de sangue retirada é proporcional ao peso, com média de coleta de 15 ml por quilo do pet. Cada animal só pode fazer a cada três meses até os 8 anos.

“Antes de tudo nós fazemos uma série de análises laboratoriais para fazer da doação um componente seguro. Todos esses exames são gratuitos, o tutor não paga nada”, explica Leizinara.

Sangue retirado dos pets é colocado em bolsas, testado, e distribuído para clínicas. (Foto: Clayton Neves)

A coleta dura em média 10 minutos. Em gatos, geralmente mais ariscos, o procedimento é feito com o animal sedado. Já em cachorros, o pet fica acordado e deitado em uma maca, por isso, a preferência é por animais mansos.

“A gente faz a coleta na sede do banco de sangue ou vai até a residência do animal. Tem que ser onde ele se sente mais confortável. Tentamos fazer a retirada três vezes, se na terceira vez o animal se mexe ou não deixa, é a forma como a gente e tende que ele não quer é não está disponível “, pontua a veterinária.

Vanessa Mendes, veterinária que também trabalha no banco de sangue, lembra que quando há necessidade de transfusão, exames laboratoriais são feitos para apontar se há compatibilidade entre o animal receptor e o sangue do pet doador.

Além do tratamento da doença do carrapato, como no caso do Thor, a transfusão de sangue é indicada em casos de acidentes, hemorragias cirúrgicas, acidentes com animais como cobras e escorpiões, por exemplo, e até auxiliam no tratamento da leishmaniose. “Ainda bem que que existem dois bancos de sangue em Campo Grande porque não conseguiríamos atender toda a demanda das clínicas sozinhos”, finaliza Leizinara.

Quem tiver dúvidas ou até mesmo cadastrar o pet como doador, o telefone para contato do Banco de Sangue Animal é o (67) 98402-3320.

Confira o processo de transfusão de sangue feita pelo Thor

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