Proibidos, cigarros eletrônicos são vendidos livremente em Campo Grande

Anvisa ratificou proibição do comércio desses equipamentos esta semana

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Cigarros eletrônicos vendidos em loja do Centro (Foto: Fala Povo/ Jornal Midiamax)

Apesar da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ratificar nesta semana a proibição do comércio, importação e a propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil, não é muito difícil encontrar quem venda o produto emd Campo Grande. Basta perguntar para uma, duas pessoas, que logo é possível encontrá-lo.

Na região do Camelódromo, no Centro, há várias lojas especializadas em vendas de artigos relacionados a tabacos, narguiles e cigarros, mas não é lá que encontramos com facilidade. Foi no Leblon, na rua Clineu da Costa Morães, que o Midiamax encontrou várias opções cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes.

O vendedor, que nos recebeu como clientes, coloca várias caixas com os cigarros eletrônicos no balcão e explica as características de cada um. Tem de R$ 100, R$ 125 e até alguns que custam mais de R$ 300. O valor depende muito da duração da bateria e da quantidade de essência que cabe nele.

O motorista João Martine, que passava pelo Centro na tarde desta sexta-feira (8,) usa cigarro eletrônico. Ele se mostrou contrariado com a determinação da Anvisa. “Se eles proibirem (já houve a proibição) o povo de comprar clandestinamente. Tudo no Brasil é corrupção. Faz mal, isso já sou consciente, já fui fumante do cigarro convencional”, adimit, ao fim, João.

Já dentro do Camelódromo o comércio de cigarros eletrônicos parece ter cessado. Muitos lojistas indicaram um dos boxes como ponto de venda, mas ao perguntar para a propritéria, ela negou que ainda comercialize vapes. Disse que parou justamente por conta da proibição.

Outro box também foi indicado como possível comércio do produto. Nossa equipe de reportagem chagou a ver o dono conversando sobre essências, mas ao ser perguntado, disse que não vendia mais. “A gente parou justamente por conta das notícias”

Proibição das vendas

A medida estava em vigor desde 2009 e teve a manutenção aprovada em votação unânime, nesta quarta-feira (6). De acordo com uma pesquisa inédita do Covitel, onde mostra que 1 a cada 5 jovens de 18 a 24 anos fazem o uso dispositivo no país.

Os diretores da agência analisaram o Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR), que trouxe dados reunidos pela equipe técnica da Anvisa sobre o uso dessa categoria de cigarros, incluindo os impactos à saúde, a toxicidade e o posicionamento de organizações internacionais sobre o tema.

Segundo o site Metrópoles, o estudo mostra que o índice de consumo é de 10,1% entre os homens, contra 4,8% das mulheres. O dado foi colhido através de entrevistas feitas com 9 mil pessoas por telefone, em todas as regiões do Brasil.

Modinha entre jovens de MS, cigarro eletrônico é mais tóxico e viciante que convencional

Em entrevista ao Jornal Midiamax, o especialista em pneumologia, clínica médica e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), doutor Henrique Ferreira de Brito, esclareceu as consequências sobre o uso de cigarros eletrônicos.

“Qualquer tipo de dispositivo eletrônico para fumar, incluindo cigarros eletrônicos e todas as suas gerações, todos eles são nocivos e têm a capacidade de causar doenças pulmonares. Irritações de maior ou menor grau, ou inflamação muito grave nos pulmões e diferentes graus de pneumonia, além da piora de doenças alérgicas como bronquite e asma. O uso também aumenta o risco de infarto, arritmia, hipertensão, doenças vasculares e cancerígenas”, explicou.

A crença de que os cigarros eletrônicos são menos ofensivos circula entre alguns usuários, mas não condiz com os fatos científicos. “Essa crença de que esses aparelhos têm uma fumaça inofensiva é um mito. É uma fumaça limpa? Não é. É um vapor com várias substâncias e entre elas a nicotina, a função dela é viciar e por isso o fabricante as coloca. Ele não vende o dispositivo, ele vende a nicotina e vicia o usuário com ela”, explicou.

A composição desses produtos também foi destrinchada pelo especialista. “Pelo fato da nicotina ser inalatória, o cigarro eletrônico vicia mais rápido. A substância vai para os pulmões, para o sangue arterial e rapidamente está no cérebro. Os níveis de nicotina são maiores do que no cigarro convencional. Sua capacidade de gerar dependência é ainda maior, ele possui aditivos que potencializam esse efeito de dependência. A Indústria faz tudo para o usuário criar uma dependência. A nicotina não tem só a função de causar vício, ela também tem o potencial de causar câncer. Para essa substância não existe nível seguro de consumo”, finalizou.