Comerciantes convivem todos os dias com o trânsito movimentado e violento da Avenida Ceará, no trecho onde o idoso Hideo Nishiyaki, de 85 anos, morreu atropelado, entre as ruas Antônio Maria Coelho e Manoel de Souza, em Campo Grande, há um receio e até ‘costume’ com acidentes de trânsito.

Elaine Cristina Alves, de 46 anos, trabalha em uma loja de roupa e reforça que precisa sinalizar para estacionar no trabalho com antecedência de uma quadra, além de reduzir a velocidade. “Aqui é buzinaço o dia inteiro. É uma via onde as pessoas dirigem em alta velocidade. Eu acho que às 18h, o trânsito não fica tão intenso, eu preciso entrar na Avenida para ir para casa, mas cruzar daqui até a outra faixa é muito perigoso, então eu prefiro descer, parar no semáforo e dar retorno”, comenta.

Semelhante é a opinião de uma funcionária do administrativo de um petshop na avenida, que preferiu não se identificar. Os transtornos no fluxo são uma constante reclamação dos clientes na hora de cruzar a via para estacionar. O ‘caos’ é tão rotineiro que a empresa já se acostumou com acidentes no local.

“Eu ouvi o barulho da pancada, mas só sai quando estavam socorrendo ele. É uma mal de Campo Grande, no geral, ter esse trânsito violento e inseguro. Esse trecho, especificamente, é muito movimentado, acho que é porque quando abre o semáforo na Avenida Mato Grosso, os condutores aceleram e descem em alta velocidade”.

A colega complementa que recentemente quase foi atropelada por um motociclista na quadra acima, também concordando que acabam se acostumando com imprudências. “Ele virou a rua com o sinal fechado. Levei um susto. O idoso atravessou fora da faixa, mas isso não é motivo para andar correndo”, disse.

O engenheiro de trânsito Albertoni Martins da Silva Junior, explica que a análise dos riscos de acidentes considera os fatores cognitivos, o nível de percepção para o risco, a visão e audição que percebemos, mas não suficiente para o tempo de resposta; o físico que é a resposta biomecânica do corpo físico diante do risco; e o ambiental, o dimensionamento da pista, velocidade e escoamento do fluxo de veículo, projeção de crescimento do fluxo.

“Para Avenida Ceará, e outras com o mesmo dimensionamento, faltam passarelas aéreas onde a confiabilidade sobre o controle do risco de acidente é aumentada e conseguiremos atender os efeitos cognitivo, físico e ambiental”, detalha.

Em nota a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) informou que irá intensificar a sinalização no local, com alerta para condutores andar na velocidade permitida para a via.

Ainda conforme a pasta, foram 119 acidentes registrados este ano na Avenida Ceará, que dá uma média de 13 acidentes por mês, registrados pelo Batalhão da Polícia Militar de Trânsito.

Idoso atropelado

Um motoentregador, de 27 anos, atropelou um idoso, de 85 anos, identificado como Hideo Nishiyaki, na tarde desta quarta-feira (5) na Avenida Ceará, entre as ruas Antônio Maria Coelho e Manoel de Souza, em Campo Grande.

O idoso atravessava a rua com a filha com deficiência, de 51 anos, fora da faixa de pedestre, quando foi atingido pelo motociclista, que seguia a Avenida sentido Afonso Pena em uma Honda 160. Ele sofreu traumatismo craniano grave, fratura no tórax e parada cardíaca.

O motociclista não sofreu ferimentos graves, acompanhou o socorro sentado às margens da via, relatando dores no joelho e braço enquanto equipes do Corpo de Bombeiros faziam massagem cardíaca no idoso, sem sucesso. A filha da vítima não se machucou.