Vacinação contra coronavírus nas aldeias de MS esbarra em dificuldade na logística e burocracia
Por conta da localização das próprias comunidades e entraves burocráticos de órgão federais, a vacinação em todas as aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul ainda não está com a programação definida. A população indígena é público prioritário para a vacinação em todo o país. No Estado, em razão disso, Dourados é a cidade com […]
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Por conta da localização das próprias comunidades e entraves burocráticos de órgão federais, a vacinação em todas as aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul ainda não está com a programação definida. A população indígena é público prioritário para a vacinação em todo o país. No Estado, em razão disso, Dourados é a cidade com maior quantidade de doses destinadas pelo Ministério da Saúde.
Na cidade que concentra a maior população indígena de MS, a imunização deveria começar nesta terça-feira (19), com a chegada das primeiras 29 mil doses e que são suficientes para atender somente 14,5 mil pessoas.
Inicialmente como adiantou o Jornal Midiamax, as primeiras doses seriam aplicadas em indígenas da Aldeia Jaguapiru, e aconteceria às 10h, simbolizando o tão esperado início da imunização na cidade.
Entretanto, houve alteração na programação e as primeiras pessoas a receberem a imunização serão os profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à pandemia em Dourados. O ato simbólico ocorre às 11 horas.
Conforme informações apuradas pela reportagem, a reponsabilidade sobre qualquer tipo de imunização nas aldeias é da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), que até o momento ainda não confirmou quais os procedimentos serão adotados em relação à Dourados.
Prioridade
A subsecretária estadual de Políticas Públicas para a População Indígena, Silvana Terena, em nota divulgada pelo Governo do Estado, comemorou a chegada das vacinas e a inclusão dos indígenas já na primeira fase.
“Temos a segunda maior população (indígena) do País e a vacina nos deixou muito contente e alegres, porque já perdemos muitas pessoas queridas nas comunidades, entre idosos, jovens e mulheres”, declarou.
Silvana disse que a pasta acompanhou todo o processo e empenho do governador nas ações de combate à pandemia e a busca pelas vacinas. “As comunidades indígenas agradecem e nos anima a ter esperança para combater este vírus, que já nos trouxe tantas notícias ruins”.
Em Mato Grosso do Sul, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI/MS), a população indígena soma 80.459 habitantes, presentes em 29 municípios. Eles são representados por oito etnias: Guarani, Kaiowá, Terena, Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató.
Já a população acima de 60 anos no Estado é de aproximadamente 412 mil pessoas, o que representa 15% da população sul-mato-grossense, conforme dados divulgados pelo IBGE.
Proteção divina
Em Dourados, o Midiamax tem acompanhado de perto os problemas enfrentados pelas comunidades indígenas em relação à pandemia. Em dezembro a reportagem acompanhou o encontro de liderança espirituais que se reuniram na Casa de Reza da Aldeia Jaguapiru para pedir a proteção divina.
Entoando cânticos ensinados pelos ancestrais, rezadores das aldeias Jaguapiru, de Dourados e Limão Verde, de Amambai, se reuniram para o Nhanderu Nhee Nhembojoja, que na língua dos brancos significa Encontro Sagrado de Líderes Espirituais. O ritual Kaiowá começou antes do nascer do sol e foi realizado na Gwyra Nhe’engatu Amba, “Lugar onde o pássaro da Boa Palavra tem Assento”.
Antes de iniciar o ritual sagrado, o rezador Getúlio Juca, anfitrião do encontro, acompanhado pelo também rezador da Aldeia Limão Verde, Atanásio Oliveira, ressaltou que esse tipo de cerimonia para pedir a proteção divina, geralmente é realizado com mais pessoas, mas em virtude da pandemia teve que ser mais restrito. Segundo ele, a intenção é afastar os males provocados pelo coronavírus e que já levou muitos irmãos das aldeias de Mato Grosso do Sul e do Brasil.
Getúlio conta que o Encontro Sagrado de Líderes Espirituais é realizado diante da necessidade de fortalecer os laços com as forças do bem e que, pelo uso da água, pelos cânticos e pela união dos rezadores, o mal pode ser afastado. Entretanto, ele lembra que além das rezas, as aldeias também precisam dos cuidados das autoridades, que precisam melhorar o atendimento aos indígenas.
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