Tem percebido mais peixes e cágados no Rio Anhanduí? Biólogo explica fenômeno

São diversos motivos que podem ter ocasionado o aumento ou então suposto aumento

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Os moradores de Campo Grande que costumam transitar – principalmente a pé – pela Avenida Presidente Ernesto Geisel podem ter reparado em uma situação curiosa relacionada ao Rio Anhanduí: O número de peixes e cágados está aumento?

A resposta é não! Na verdade, segundo o professor da UFMS e especialista em hipetilogia, Fernando Carvalho, é difícil afirmar se um aumento no número de peixes ou espécies realmente aumentou no Rio Anhanduí, mas a probabilidade é baixa se levarmos em consideração a qualidade da água.

O professor explica que o número de peixes e diversidade de espécies em um rio tem relação com a qualidade da água desse ambiente, “e a água do Rio Anhanduí, principalmente no trecho que corta a área urbana de Campo Grande, possui muitos poluentes”.

Com isso, o número de especiais que consegue se desenvolver e habitar essas águas são menores, “geralmente são peixes mais resistentes a esses poluentes”, comentou Carvalho.

Peixes no Rio Anhanduí. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

 

Mas então porque vejo mais peixes?

Fernando comenta que para responder essa pergunta seria necessário um estudo no Rio, algo que demanda tempo e dinheiro, mas sem fugir do questionamento feito pela reportagem, ele elaborou algumas possibilidades.

Água mais limpa

Como já explicamos, essa seria uma das possibilidades, mas é uma das mais baixas visto a qualidade da água do rio. “No trecho do Rio próximo ao lixão a água chega a ser preta, é muito sujo, a limpeza dessa parte do Rio Anhanduí é possível, mas seria um processo de décadas”, disse o professor.

‘Migração’ dos peixes da parte limpa

Outra possibilidade descartada pelo mesmo motivo apresentado anteriormente. “Embora alguns não saibam, o Rio Anhanduí possui trechos limpos com uma diversidade muito maior de espécies, mas esses animais ficam localizados nessa parte pois são menos resistentes à poluição”, disse Carvalho.

Ou seja, ainda não chegamos a uma resposta do porque os frequentados do local estão vendo mais peixes do que em meses anteriores.

A seca

A última possibilidade, segundo o professor, pode ser a mais plausível se tratando do trecho do rio que corta a parte urbana da Capital. Com uma água que impossibilita a sobrevivência de novas espécies, a seca pode ser algo que está enganando os olhares das pedestres.

Seca pode causa imrpessão de mais animais na água. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

O professor explica que o Rio Anhanduí possui trechos com baixo volume de água, algo que se torna ainda mais visível em períodos de seca, como o que estamos passando.

E não é pele ressecada que indica isso, de acordo com o meteorologista Natálio Abraão, em Campo Grande o mês de abril registrou apenas 26% da chuva esperada para todo o mês.

Até o momento a Capital registra apenas 24mm de chuva, a quantia esperada para todo o mês é de 90mm. “E é baixa a possibilidade que toda essa chuva caia agora nesses últimos dias de abril”, comentou Abraão.

Retorno ao Rio Anhanduí, Carvalho conta que esse período de seca diminui ainda mais o volume de água nesses locais que já eram considerados baixos, com isso os peixes se tornam mais visíveis e ficam mais agrupados. “É o mesmo número de peixes, mas em um espaço menor”, comentou.

Mas e os cágados?

Os cágados chamados por muitos de jabutis, são mais uma prova de que o aumento dos peixes pode se tratar de uma ilusão. Isso porque esses animais, normalmente, habitam ambientes mais sujos, ao menos, sujo para os peixes.

Cágado flagrado no Rio Anhanduí. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

“Algumas espécies se dão bem ambiente poluído, são espécies que tem uma vida diferente, eles se alimentam do que tem ali, tem estruturas para evitar esse acumulo de poluentes em seu corpo”, comentou o professor.

O professor explica não ser um especialista entre os répteis, mas comenta que os cágados em específico se dão melhor em ambientes mais poluídos, ou seja, um aumento desses animais não é algo que pode ser considerado normal na área urbana.

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