Com custo de até R$ 50 mil, cão-guia é realidade distante para cegos em Mato Grosso do Sul

Em todo o país, são apenas cerca de 200 cães-guias em atividade

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Há poucos cães-guia em atividade no Brasil
Há poucos cães-guia em atividade no Brasil

Cachorros são os melhores amigos do homem e fazem a alegria de seus tutores, também chamados papais e mamães de pet. Esses animaizinhos são tão especiais que, em alguns casos, também têm uma missão: ajudar as pessoas com deficiência visual. O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual é comemorado nesta segunda-feira (13), e traz uma reflexão: o alto custo dos serviços de um cão-guia. Mato Grosso do Sul não tem nenhum registro dessa forma de acessibilidade que pode chegar a R$ 50 mil.

De acordo com o Ismac (Instituto Sul-mato-grossense para Cegos), não há registros de cegos que utilizem os serviços de um cão-guia atualmente em MS. O instituto atua na saúde, educação e assistência social, contribuindo para o processo de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência visual, com serviços especializados e totalmente gratuitos.

Porém, será difícil encontrar algum PCD com seu cão-guia no Estado. Não só em MS, mas o serviço é de difícil acesso em todo o Brasil. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) — de 2020 — mostram que cerca de 200 cães-guia estão em atividade no País. 

A formação desses cães encontra muitas adversidades, desde a falta de recursos financeiros para treinamento e manutenção dos cachorros até a escassez de centros especializados que ofereçam a prática. 

Cão-guia em treinamento. (Foto: Acioni Cassaniga)

 

Custo

Segundo o Instituto Íris, uma das instituições especialistas em cães-guia no Brasil, o custo para preparar e doar um animal é de aproximadamente R$ 35 mil, podendo chegar aos R$ 50 mil.

É exatamente devido a esse alto valor que o cão-guia ainda é um recurso pouco acessível e o tempo de espera para receber um pode chegar a 3 anos — levando em conta o tempo de treinamento dos animais.

Como um cão se torna guia?

Conforme a Fundação Dorina, uma instituição voltada para pessoas cegas ou com baixa visão, ainda filhote, o cãozinho começa o processo de socialização com famílias voluntárias, que irão ensiná-lo a conviver com outros seres humanos. Depois, o treinamento é feito por um adestrador especialista que ensinará comandos específicos, como desviar de obstáculos e esperar o momento certo para atravessar a rua.

Filhotes que vão se tornar cães-guia. (Foto: Angelo Borba)

 

Por fim, a própria pessoa que receberá o cão-guia passa por um treinamento com o animal para aprender a dar todas as instruções. O processo de treinamento é concluído quando o cão tem entre um ano e meio e dois anos.

O labrador e o golden retriever são as raças mais utilizadas, mas também é possível treinar pastores alemães ou borders. Normalmente são escolhidos cachorros de temperamento dócil e de médio ou grande porte, pois eles precisam ter força para guiar seus humanos.

Conquistas

Os deficientes visuais também conquistaram muito nos últimos anos — apesar de os cães-guia estarem um pouco distante da realidade deles. A tecnologia proporcionou uma independência para essas pessoas, que lutam pela acessibilidade e inclusão. O smartphone é uma das ferramentas que evoluiu e se tornou mais inclusivo, segundo a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência de MS, Telma de Matos.

“Os Smartphones com todas as suas propriedades e condições de trabalho, estão vindo com síntese de voz, as imagens já começam a ser descritas dentro dos aplicativos. Os computadores também têm leitores de tela cada vez mais sofisticados e as pessoas cegas ou com baixa visão procuram isso para acessar informação e para comunicação”, exemplificou Telma ao Jornal Midiamax.

Atualmente a luta é principalmente para tornar as estruturas mais acessíveis — como prédios, logradouros e calçadas. “Quando o espaço é acessível para as pessoas com deficiência, ele também é excelente para as demais pessoas”, disse ela, que é pedagoga e também é cega.

Segundo Telma, para se tornar mais acessível, os lugares, para receber pessoas com deficiência visual precisam ter audiodescrição e atendimento adequado. “Nós queremos ter acesso aos demais serviços como esporte, lazer, cultura e entretenimento. Nós sempre buscamos esses espaços”, contou. Para as pessoas, com alguma deficiência ou não, a luta continua e há muito para melhorar e tornar o mundo mais acessível.

Aluninhos em treinamento. (Foto: Angelo Borba)

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