Sem os eventos e com bares e casas noturnas fechadas, os mixólogos de Campo Grande sofreram com a pandemia e isolamento social, já que os serviços prestados por eles tinham como alvo as festas com grande público. Sem ter para onde correr, o jeito foi se reinventar e tentar sobreviver durante a crise. 

Tiago Vargas, de 32 anos, é mixólogo há 8 anos e precisou ousar para manter o faturamento da sua coquetelaria. “Eu criei um empório e comecei a vender drinks por delivey, xaropes, sachês, para que as pessoas pudessem pedir e fazer em casa”, contou ao Jornal Midiamax. Mesmo com a criação da nova modalidade, o faturamento ainda não foi o mesmo, tendo Vargas que tirar dinheiro do próprio bolso.

No período pré-pandemia a Prime Coquetelaria, empresa de Tiago, fazia 10 eventos por semana e recebia cerca de 10 pedidos de orçamento por dia. Com a circulação do coronavírus, os 10 pedidos por dia passaram para três por semana — e para eventos que iriam acontecer depois de 1 ou 2 anos — já que a coquetelaria fazia formaturas, casamentos e grandes aniversários. 

Da mesma baixa sofreu o mixólogo Déo Rimoli Filho, de 31, que precisou esgotar a reserva financeira para se manter. “Eu estava acostumado a fazer festas de casamentos de 300, 400 pessoas e, de repente, eu estava fazendo festinha particular para 15, 20 pessoas”, relatou à reportagem. 

Deó teve que demitir funcionários e mudar de prédio — até ficou sem lugar próprio por um período — para economizar no aluguel da empresa Bar Experience e manter o empreendimento aberto. “Com a diminuição dos eventos a receita não batia. Foi sofrida [a pandemia]”, contou.

Para tentar não falir, o mixólógo, que está na área há 13 anos, voltou a dar aulas para bartenders. “Eu dou aula. Já dei alguns cursos pela minha empresa e também dou aula no Senac. Voltei também a vender consultoria durante esse período”, disse. 

Tanto Tiago quanto Déo conseguiram se manter durante o período mais crítico da pandemia mundial, mas ambos relatam que trabalham com muitos barmens que faziam freelancers e que acabaram trocando de área por conta da escassez do serviço. 

Tiago recorreu a outros produtos relacionados a drinks para se manter. (Foto: Divulgação/ Tiago Vargas) 

 

Volta por cima 

Com a flexibilização das medidas sanitárias no último mês e a possibilidade de realizar eventos respeitando o limite de ocupação dos espaços, o cenário começou a mudar para a categoria. Os mixólogos já começaram a trabalhar em festas e as empresas entraram em processo de recuperação. 

“As coisas estão melhorando, mas ainda não deu para recuperar [o prejuízo] nem de longe. A expectativa é boa, mas acho que a gente só vai conseguir normalizar as coisas mesmo a partir do ano que vem. Esse ano ainda vamos continuar pagando pelo prejuízo”, comentou Déo.

Já para Tiago, que ainda não conseguiu se recuperar do prejuízo também, a expectativa é que a empresa consiga se reestabelecer até o fim deste ano. 

Que tal fazer um drink em casa?

Para se tornar um mixólogo é preciso muito treino e estudo, já que o profissional não só prepara os drinks como também os cria misturando texturas, sabores, aromas e cores para dar vida a coquetéis originais.

Com exclusividade, Tiago ensinou ao Jornal Midiamax a receita de um drink de sua criação: o Olívia, em homenagem a sua filha, que é à base de rum, frutas do bosque, geleia, tônica, xarope de canela guarnish e composè de canela defumada.

Para preparar, pegue um copo Old Rocks ou um similar e adicione as frutas do bosque (mirtilo, groselha, cereja, morango, framboesa, groselha ou amora), geleia de frutas vermelhas, 30 ml de xarope de canela, 50 ml de rum e gelo a gosto.

Depois, misture todos os ingredientes e finalize com água tônica. Mexa levemente para não perder as bolhas da tônica e finalize com uma canela defumada por cima do drink. Que tal fazer este drink para comemorar o Dia do Barman, que é celebrado nesta segunda-feira?

Drink Olívia, de criação de Tiago Vargas. (Foto: Divulgação/ Tiago Vargas)