Projetos da Embrapa e UFMS auxiliam há 10 anos agricultores familiares na busca por renda maior

Segundo a Embrapa, a implantação de produção de vegetais em sistemas de manejo diferenciados vem promovendo um processo de transição

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Transição agroecológica tem favorecido a fixação dos agricultores familiares no campo.
Transição agroecológica tem favorecido a fixação dos agricultores familiares no campo.

Em um trabalho que dura cerca de 10 anos, a Embrapa Pantanal e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) auxiliam agricultores familiares de Ladário com vários projetos de pesquisa desenvolvidos que visam o aumentar a produção e o alcance de novos mercados.

Segundo a Embrapa, a implantação de produção de vegetais em sistemas de manejo diferenciados dos convencionais e sem o uso de insumos industriais vem promovendo um processo de transição agroecológica nos pequenos sítios bem sucedidos, gerando renda para pequenos agricultores e ajudando eles a se manterem no campo.

O pesquisador da Embrapa Pantanal, Alberto Feiden, responsável pelas pesquisas em agroecologia na Unidade, explica que estas famílias sempre enfrentaram dificuldades de se manter no campo. Os motivos incluem: altas temperaturas, má distribuição de chuvas, praticamente nove meses com falta de água e água subterrânea com altos teores de sais, o que gera um alto custo de produção.

“Além disso, dificuldades de logística e de acesso aos mercados dificultam a venda de seus produtos. Essa realidade vem mudando com a evolução dos projetos de pesquisa e a adoção das técnicas pelos pequenos agricultores”, detalha Alberto.

Segundo o pesquisador, as atividades iniciadas em 2011 estão tendo continuidade por meio do projeto “Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Pantanal (NEAP)”, liderado pela UFMS-Campus Pantanal, com parceria da Embrapa. Essas ações estão desenvolvendo e promovendo a introdução de tecnologias agroecológicas, planejamento, organização da produção e organização social de agricultores do Assentamento 72 de Ladário, município pantaneiro vizinho de Corumbá, MS. Isso estimulou a organização de um grupo informal de agricultores em 2015, conhecido como “Grupo Bem-Estar”. 

Entrevistas feitas com os consumidores mostraram que os aspectos visuais, o frescor e o processo de produção sem insumos químicos são os principais motivadores de compra desses produtos. A maioria deles (63%) frequentava a feira semanalmente, o que garantia uma regularidade na venda aos produtores.

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Edgar da Costa, coordenador do projeto, fala com carinho da trajetória dos agricultores do Assentamento 72, que encontraram na agroecologia uma forma de gerar renda e fortalecer a autoestima dos trabalhadores rurais da região:

“Esses canais de venda direta ao consumidor são bastante importantes para que a cidade possa comprar alimentos de qualidade e para que os agricultores possam vendê-los. Eles não conseguiam falar em público no início. Hoje, a gente observa que o grupo participa, pede a palavra e fala com muito orgulho das suas conquistas. Eles saíram de uma condição de parca produção para uma situação de evidência na cidade por produzir “saúde” – e ganhar dinheiro com isso”, afirma.

 

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