A frente fria chegou com tudo nesta semana, derrubando as temperaturas e obrigando os sul-mato-grossenses a tirarem os casacos do armário. Desta vez, a maioria não foi pega de surpresa, já que a meteorologia alertou sobre a chegada da nova onda de . Porém, não é sempre que isso acontece e é comum que as pessoas reclamem que o tempo não se comportou da mesma forma que a previsão indicava. Especialista explica que as variáveis influenciam no trabalho dos meteorologistas, mas é possível que a previsão tenha um acerto de até 99%. 

A professora doutora Eva Faustino dá aulas de Climatologia no curso de Geografia da (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e explica que a região Centro-Oeste tem duas estações definidas durante o ano: o inverno seco e o verão quente chuvoso. Ondas de frio como a que chegou ao Estado nesta semana são comuns nesta época do ano, mas há uma explicação para tamanho alarde. 

“Por que estão fazendo tanto alarde sobre essa massa polar que chegou com a frente fria? Nós estamos sem essas baixas temperaturas há muitos anos. Eu costumo usar o termo ‘deu a louca no tempo'. Ele tem mudado muito a questão das temperaturas”, diz. 

Mas, afinal, o que acontece quando a previsão do tempo erra? A especialista em Climatologia explica que prever o tempo é um trabalho minucioso e depende de diversas variáveis, como os fenômenos físicos, a circulação da atmosfera, o comportamento do ar, a rotação da terra, entre outros. O trabalho da meteorologia é simular as variáveis para prever como será o tempo. Além disso, outro fator que influencia muito é a localidade. 

“Uma das questões do erro é a escala. Se eu quero prever a região norte de Campo Grande, quanto mais detalhamento, pior fica. Por um lado temos que simplificar, computador não consegue simular todas as variáveis e essas variáveis geram diferenças nas previsões”.

Faustino afirma que o trabalho dos meteorologistas e climatologistas evoluiu muito nos últimos anos e é possível chegar a até 99% de precisão. Uma previsão de até três dias antes pode acertar de 90% a 95%, mas em alguns casos pode chegar a 99%. Já as previsões com um período maior, de 5 a 15 dias, têm mais chance de errar. 

“Na prática, a margem de erro é maior quanto maior o detalhe que colocarmos na previsão, eu falo de localização. ter uma ideia geral, mas nunca sabemos 100% o que vai acontecer”, ressalta.

Para os leitores que ficam irritados quando a previsão erra, a professora alerta: a meteorologia é uma ciência do imprevisto. Mesmo com os dados, tudo pode mudar em pouco tempo, já que a atmosfera está sempre em circulação, a umidade, as nuvens, a direção do vento e as correntes marítimas podem apresentar alterações.

A professora de Climatologia reforça que a meteorologia é muito importante para ajudar os seres humanos no caso de um frio intenso, alagamentos e ventos fortes, por exemplo. Assim, o poder público e órgãos como a Defesa Civil podem se precaver. 

A previsão do tempo também influencia o comportamento das pessoas. “A nossa vida, nossas casas, nossas roupas, nossa comida, são determinadas pelo tempo. É aquela história: ‘Vai sair? Leva casaquinho, guarda-chuva'. Às vezes, está um sol danado, mas o tempo pode mudar”, conclui a professora Eva Faustino.