Enquanto algumas cidades já abriram vacinação contra covid para pessoas fora do a partir de 18 anos como Jaraguari ou Japorã, que deve iniciar ainda nesta semana, outras como Campo Grande ainda estão aplicando doses em pessoas a partir de 50 anos, mas por que isso acontece, levando em consideração que cada município recebe proporcionalmente a quantidade de doses conforme a população?

O fator que fez com que os municípios recebessem porcentagens diferentes de doses foi o percentual de pessoas que estavam inclusas nos grupos prioritários como indígenas e pessoas com comorbidades.

Em Japorã, por exemplo, a estimativa do governo estadual é de que cerca de 60% da população seja indígena. Essa característica fez com que o município recebesse mais doses em valores porcentuais, uma vez que os indígenas estavam no 1º grupo prioritário. No município de cerca de 9 mil habitantes, 2.107 indígenas foram vacinados com 1 dose do imunizante, que corresponde a 41% da população total.

Com população rural e sem bares, Japorã tem a menor incidência de  coronavírus em MS · Jornal MidiamaxCerca de 60% da população de Japorã é indígena – Foto: Divulgação

“Tivemos adesão boa. Hoje o percentual está em 85% na Aldeia Porto Lindo [a maior de Japorã]”, declarou o secretário municipal de saúde do município, Fábio Emborana.

Por outro lado, Campo Grande não tem aldeias que não sejam urbanas, que eram os alvos  no início da campanha. Então, aplicou doses em apenas 0,03% dos habitantes, que foram classificados como indígenas não urbanos.

Essa diferença fez com que Japorã tenha recebido o suficiente para vacinar 79% da população. Devido à aplicação em duas doses, cerca de 44% dos moradores já foram contemplados com ao menos uma dose. Já Campo Grande recebeu doses para imunizar 50% dos habitantes sem contar a 2ª dose. Por isso, até o momento, 35% dos campo-grandenses receberam ao menos uma dose.


Campo Grande  aplica doses em pessoas com 51 anos ou mais e em lactantes – Foto: Henrique Arakaki / Midiamax

Estimativa

Para fazer a distribuição das doses aos municípios, é feito uma estimativa dos grupos prioritários. O problema é que alguns grupos nunca haviam sido tidos como alvo em outras campanhas de vacinação como o de pessoas com comorbidades, por exemplo. Isso dificulta a estimativa das autoridades de saúde.

Em Rio Verde do Mato Grosso, a coordenadora de imunização municipal, Simone Silveira, disse que o município recebeu mais doses que o de pessoas que tinham para imunizar, fazendo com que mesmo após a conclusão do público-alvo ainda houvesse sobra de vacinas.

Em nota, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) explicou que a distribuição das vacinas aos municípios é feita em cima da estimativa populacional de cada publico-alvo enviada pelo Ministério da Saúde. “Toda pauta de distribuição em mato Grosso do Sul é discutida com os secretários de Saúde dos 79 municípios e aprovada em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) pelos 79 municípios antes do envio. Todos os gestores municipais recebem as quantidade aprovadas”, pontuou.