Período prolongado de estiagem compromete sobrevivência de jacarés em MS
Com a ausência de chuvas, esses animais encontram dificuldades para se alimentar e têm área de vida reduzida
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A forte estiagem que atinge Mato Grosso do Sul afeta vários aspectos do bioma pantaneiro. Queimadas tomam conta de hectares, consumindo tudo o que encontram pela frente e deixando um rastro de destruição e perdas. Tanto os humanos, quanto os animais sofrem com os danos. Entre esses últimos, estão os jacarés, que têm seu habitat alterado pela falta de chuva.
Em Mato Grosso do Sul, há três espécies do réptil:
O jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) costuma medir entre dois e três metros de comprimento. Tem um padrão de coloração variado, sendo o dorso particularmente escuro, com faixas transversais amarelas, principalmente na região da cauda. Esta espécie tem hábitos semiaquáticos, vivendo especialmente em áreas alagadas.
O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) também chegam a medir até três metros de comprimento e os adultos tendem a ser de cor verde-oliva enquanto os filhotes são mais amarronzados, com as costas listradas em preto e pontos escuros na cabeça e lateral da mandíbula. Esta espécie é predominantemente encontrada nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, habitando nesta última região aqui no Estado de MS. Eles costumam viver nas margens de rios, brejos, mangues, riachos, lagos e lagoas.
Já o jacaré-paguá (Paleosuchus palpebrosus) é uma das menores espécies de jacaré existentes, chegando a medir no máximo um metro e meio. É tolerante a baixas temperaturas e sua ninhada varia entre 10 a 25 ovos e ocorre preferencialmente durante a estação chuvosa.
Impactos da seca
O biólogo, José Milton Longo, explica que a seca influencia diretamente os jacarés. “Reduz a área de vida deles, coloca em situações em que eles têm que entrar em estivação pela falta de água nos ambientes que eles são dependentes, no caso lagoas e rios, e essa seca afeta o tamanho da população”, afirma o pesquisador.
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Com a seca, todos os animais de ambientes aquáticos consequentemente precisam se adaptar às novas características climáticas e isso impacta diretamente na sobrevivência deles. “Todos que têm dependência dos ambientes aquáticos têm muita pressão de sobrevivência”, destaca Longo. “Há diminuição populacional decorrente dessa pressão seletiva de adaptação ao ambiente aquático”, completa o biólogo.
No Estado vizinho de Mato Grosso, alguns jacarés foram remanejados de uma lagoa para outra pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em parceria com outras instituições, para garantir a preservação das espécies e evitar canibalismo entre eles, visto que com a redução da oferta de alimentos, eles estavam matando uns aos outros para se alimentar. “Como consequência da redução das áreas de vida, reduz sua alimentação também”, complementa Longo.
Aqui em Mato Grosso do Sul, o Instituto não realizou nenhuma ação do tipo. “Aqui no MS o Ibama não identificou situações semelhantes até o momento e não tivemos ações nesse sentido”, comenta o analista ambiental Alexandre Pereira.
A PMA (Polícia Militar Ambiental), complementa afirmando que, em 2021, não realizou nenhum resgate de jacarés no Estado. “Assim que as chuvas voltam ao normal, apesar de esses dois últimos anos a seca ter sido mais intensa, o ambiente se normaliza”, explica o Tenente Coronel Queiroz.
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Apesar da falta de chuva ter impactos consistentes na rotina desses animais, o biólogo acredita que o risco de extinção é distante. “Há diminuição populacional decorrente dessa pressão seletiva de adaptação ao ambiente aquático, mas não vai secar definitivamente a ponto de extinguir”, opina Longo.
Em situações extremas, ele destaca que a troca de lugares é uma alternativa. “Remanejamento é uma das formas de amenizar”, pontua. Ainda assim, somente chuvas abundantes serão capazes de solucionar o problema enfrentado pelos jacarés. “Amenizar a situação é só com chuva contínuas e o restabelecimento do volume hídrico dos córregos e rios do Pantanal ou das áreas de vida desses jacarés”, afirma o biólogo.
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