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Cotidiano

Para mulheres ciclistas, não andar sozinha é regra para evitar assédios em Campo Grande

Ciclista campo-grandense relata que foi assediada fisicamente durante pedal, assim como o caso da paranaense Andressa
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Ciclistas mulheres durante passeio
Ciclistas mulheres durante passeio

O caso de assédio sofrido pela estudante e jovem ciclista Andressa Lustosa, no Paraná, ganhou grande repercussão nacional nesta semana depois que a vítima divulgou um vídeo que mostra o momento do assédio que causou a sua queda da bicicleta. O ocorrido levantou debate sobre a insegurança sofrida pelas mulheres.

Em , para quem ama a prática do pedal é quase uma regra evitar andar sozinha ou sem a presença de um colega ciclista homem. Dori Perez, de 43 anos, pratica o há 6 anos e há 4 faz parte do grupo Pedal de Poodle. Segundo ela, é sempre evitado andar sozinha durante o ciclismo.

“Eu, particularmente, nunca ando sozinha. Tenho como regra de segurança. Infelizmente, é muito comum [assédio]. Evitamos pedal solo ou apenas de mulheres justamente pela falta de segurança em todos os sentidos. A mulher ainda enfrenta essa vulnerabilidade”, comentou com a reportagem.

 
 
 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Pedal de Poodle Bike Club (@pedaldepoodle)

 

A ciclista explica que o grupo é mesclado, entre maridos das colegas e amigos, e todos ficam sempre atentos. Ela diz que as mulheres ciclistas temem pela integridade independentemente do local ou horário.

“Nós nos sentimos mais seguras. Seria um sonho se pudéssemos ter a liberdade com segurança e ir e vir, mas isso não acontece. Mesmo com ciclovia movimentada, pode acontecer. Independe de hora e local, acontece a qualquer momento e quando o assediador tem a oportunidade”, pontuou Dori.

Assédio sexual durante ciclismo em CG

O caso que aconteceu no Paraná com Andressa não está tão distante da realidade de Campo Grande. Na capital de MS, uma ciclista, de 46 anos, sofreu o mesmo abuso que a estudante paranaense.

Após o fim do treino funcional em uma academia, a moradora contou à reportagem que seguiu a sua rotina e retornava para casa de bicicleta, aproveitando para garantir mais um exercício para o dia. Durante o trajeto, algo inesperado e que a marcou para sempre psicologicamente aconteceu.

“Eu estava indo para casa e lembro que tinha uma van estacionada na rua. Como eu ando bem rente ao meio-fio, eu reduzi a velocidade para desviar da van e nisso eu percebi que um motociclista que estava vindo atrás de mim também reduziu. Eu imaginei que ele estava reduzindo para desviar de um carro que vinha no sentido contrário, mas de repente, ele passou por mim e bateu com a mão na minha bunda”, comentou a ciclista, que preferiu não se identificar.

Ela conta que o ocorrido a traumatizou, pois nunca mais teve a liberdade e confiança de pedalar sozinha. “Na hora eu não tive reação de empurrá-lo, porque daria, ele estava devagar, nem de anotar a placa da moto. Eu só xinguei ele. Depois disso eu nunca mais pedalei sozinha, sempre vou acompanhada do meu grupo”, disse a integrante do Pedal em Poodle.

Pedal de Poodle Bike Club é mesclado entre homens e mulheres | Foto: Divulgação

 

Lazer ponderado para as mulheres

Kymberlly Barbosa, de 25 anos, contou à reportagem que o ciclismo é uma forma de lazer, mas que para as mulheres é preciso cuidado. Devido à rotina de trabalho e academia, ela relata que pratica o pedal aos finais de semana e, durante a semana, vai de manhã para evitar ir sozinha à noite.

“Eu gosto de ir aos finais de semana, devido à rotina. Às vezes, vou de manhã, acho mais seguro, pois como costumo ir sozinha, vou de manhã. Tem situações que vou à noite, mas aí vou acompanhada justamente para evitar assédios”, disse.

A jovem diz que, devido ao medo de andar sozinha, sempre evita vias que não têm ciclovias ou ciclofaixas. “Costumo pegar vias com ciclovia, o medo não é só de ser assaltada como todo mundo fica sujeito, mas de ser assediada e até mesmo estuprada. Nós, mulheres, infelizmente temos medo”, afirmou.

Ela conta que já sofreu assédio verbal na rua e, inclusive relata a audácia dos assediadores. “Graças a Deus nunca fui assediada fisicamente, mas tem uns caras que chegam a parar o carro, a moto, só para poder mexer na rua”.

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