Se te perguntarem onde moram as pessoas mais ricas de Campo Grande você vai pensar no nome de alguns condomínios fechados ou até mesmo alguns bairros. Pesquisa elaborada por acadêmico da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) mostra em uma série de mapas a distribuição geográfica social e de renda no município como onde moram os 10% mais ricos. O estudo foi realizado pelo acadêmico de geografia da UFMS, Higor Cirilo da Costa, com orientação da professora Flávia Akemi Ikuta.

Cirilo explicou que o mapeamento dos 10% da população mais rica “é uma parte deste estudo e nos indicam o resultado das estratégias da classe com maior poder econômico”. Dessa forma, a pesquisa concluiu que essa parcela da população vive na região central da cidade e em condomínios de luxo na periferia.

Outro aspecto da pesquisa aborda a distribuição étnica/racial e chegou à conclusão de que na área central a presença de negros chega, no máximo, a 25%, sendo que para o conjunto da cidade esse número é perto de 47%. 

Um dos mapas elaborados na pesquisa mostra a distribuição da população em todas as faixas de renda. O acadêmico explica que ele “expressa a divisão da população por decis de renda, a partir da renda média per capita. De maneira simplificada, isso significa que a população da cidade foi divida em 10 partes de igual tamanho populacional e foi ordenada de acordo com a renda”.

Pontos em vermelho mostram bairros mais pobres e em azul os mais ricos

A pesquisa também mapeou a presença da população negra e indígena na cidade. O resultado foi que esses grupos se concentram nas periferias. “Fundamenta-se na própria herança escravocrata do país e na falta de políticas públicas que garantissem terra (urbana ou rural) e trabalho remunerado para a população negra”.

No mapa abaixo, é possível observar nos pontos com vermelho mais forte a maior porcentagem de pessoas negras. Quando cruzado com a imagem da distribuição de renda, é perceptível a conclusão de que há maior concentração de população negra nas regiões mais pobres de Campo Grande.

Locais com vermelho mais forte concentram maior porcentagem de pessoas negras

Exclusão social

Quando se mede a distribuição geográfica e social também é mensurado o acesso a serviços básicos que o cidadão tem como rede de esgoto, educação e saúde. Como já esperado, a região onde os 10% mais ricos vivem apresenta o menor índice de exclusão social. “Estes bairros são bem servidos de urbana, por exemplo, de rede coletora de esgoto”, explica Cirilo.

A pesquisa ressalta a falta de infraestrutura ‘marcante' em bairros como Coophavila II e Novos Estados. Veja mais detalhes no mapa abaixo:

Partes mais claras oferecem mais oportunidades e acessos a serviços aos moradores

A oferta de trabalho também foi mensurada na pesquisa. Dessa forma, o mapa abaixo mostra a porcentagem do total de empregos, na cidade,
disponíveis a pé, em 30 minutos. Ou seja, mede a acessibilidade a oportunidades de emprego a partir de vários lugares da cidade. As partes não pintadas são locais em que o percentual de empregos disponíveis é menor do que 1%.

“O padrão é de grande acessibilidade ao emprego na Região Urbana do Centro, especialmente no bairro Centro, decaindo à medida que se caminha para a periferia”, explica o acadêmico.

Conclusão

Os resultados obtidos expuseram uma realidade já perceptível a olho nu: a desigualdade social de acordo com as regiões da cidade. “A novidade que trazemos é a espacialização dos dados e sua análise, que potencializam a discussão e, quem sabe, a busca de soluções
para amenizar o problema das desigualdades socioespaciais em Campo Grande”, pontua o acadêmico.

“A população branca e de alta renda tem mais acesso à oportunidade de emprego, saúde e educação, está concentrada, sobretudo, mais nas áreas centrais, do que a população negra, e pobre”, conclui Cirilo.