A pandemia do coronavírus parou o mundo e como um efeito dominó foi modificando tudo que acontecia nele. Os principais afetados pela onda de mudanças que a covid-19 causou foram os mais necessitados. Neste grupo, estão as crianças que vivem em abrigos esperando uma família para chamar de sua. 
 
Dados obtidos pelo Jornal Midiamax mostram que as adoções efetivadas, quando o processo é finalizado e a criança vai para a nova casa, caíram pela metade de 2019 para 2020, primeiro ano de pandemia, em Mato Grosso do Sul. No último ano antes da chegada do vírus, 154 crianças foram adotadas no Estado, enquanto que no ano passado esse número ficou em apenas 77. 
 
Segundo a coordenadora da CIJ/TJMS (Coordenadoria da Infância e de Tribunal de Justiça de MS), a desembargadora Elizabete Anache, fatores decorrentes da pandemia podem ter contruibuído para essa baixa no número de adoções, como os impedimentos técnicos e a renda dos futuros pais afetada.
 
“As visitas domiciliares diminuíram porque muitas vezes a equipe técnica não tem como ir presencialmente na casa das pessoas. Muitos atendimentos são feitos por videoconferência, mas algumas coisas a gente ainda precisa da visita domiciliar”, disse ela à reportagem.
 
A desembargadora também explica que a crise econômica causada pela pandemia foi responsável por impactar o processo de adoção em Mato Grosso do Sul. “Nós temos também uma influência inegável do fator econômico, um fator que afeta a possibilidade de aumentar a família. Uma pessoa que tinha um ganho específico e perdeu o emprego ou é empresário, a renda da empresa diminuiu, por exemplo”. 
 
Já em 2021, de janeiro a março, apenas cinco crianças foram adotadas em MS, número esse, que segundo a desembargadora, também é abaixo da normalidade para o primeiro trimestre do ano. “É um número baixo, mas estamos com outros processos ainda em andamento. Estamos até com uma adoção internacional em andamento, coisa que nós não tínhamos há muitos anos em Mato Grosso do Sul”, finaliza a coordenadora.
 

Perfil de adoção

 
Ainda conforme os dados obtidos pelo Jornal Midiamax, das 154 crianças adotadas em 2019, 67 eram meninas e 87 meninos.
 
Em relação à faixa etária:
  • 23 tinham até 3 anos;
  • 50 tinham de 3 a 6 anos;
  • 32 tinham de 6 a 9 anos;
  • 21 de 9 a 12 anos;
  • 16 de 12 a 15 anos;
  • e 12 eram maiores de 15 anos.
Etnia: 
  • 53 eram pardas;
  • 49 não tiveram a etnia informada;
  • 29 eram amarelas;
  • 16 eram brancas;
  • 4 eram indígenas;
  • e 3 eram negras.
Nenhuma delas tinha problemas de saúde ou deficiência.
 
Já em 2020, das 77 crianças adotadas, 44 eram meninas e 33 eram meninos. 
 
Faixa etária:
  • 28 tinham até 3 anos;
  • 19 tinham de 3 a 6 anos;
  • 15 tinham de 6 a 9 anos;
  • 7 de 9 a 12 anos;
  • e 8 de 12 a 15 anos.
Etnia:
  • 40 eram pardas;
  • 13 não tiveram a etnia informada;
  • 2 eram amarelas;
  • 21 eram brancas;
  • e 1 era negra.
Uma delas tinha problema de saúde e nenhuma tinha deficiência.
 
Este ano, das 5 adotadas, 3 eram meninos e 2 meninas. Uma era negra e 4 brancas. Em relação à faixa etária, 4 tinham de 3 a 6 anos, e uma de 12 a 15 anos. Nenhuma delas tinha problemas de saúde ou deficiência.