No dia da empregada doméstica, classe enfrenta desafios da pandemia em MS

Crise gerou demissões e muitas disputam grande concorrência por diárias para sobreviver

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O Dia da Empregada Doméstica é comemorado nesta terça-feira (27), mas a classe tem pouco o que comemorar, principalmente com a chegada da pandemia do coronavírus, que impôs uma nova realidade a todos.

A profissão mudou muito ao longo dos anos, passando da época em que ter uma trabalhadora cuidando dos afazeres domésticos era limitado à elite, que tinham quartos específicos nos imóveis de alto padrão, até aos dias atuais, onde existem regulamentações para contratações e há possibilidade de se contratar por diária.

Com a crise provocada pela pandemia do coronavírus, muitas perderam os postos de trabalho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 1,5 milhão de profissionais que possuem carteira assinada perderam o emprego durante a pandemia.

Os dados mostram o cenário atual que estas profissionais enfrentam: a migração da carteira assinada para as incertezas das diárias.

Dessa forma, anúncios de trabalhadoras necessitando do serviço tomam conta das redes sociais. Para chamar a atenção, a maioria coloca as informações em imagens chamativas, com destaque para alguns diferenciais como “Vou adorar te ajudar”, “acessível” e “sou caprichosa”.

A maioria cobra cerca de R$ 100, que pode variar conforme o tipo de limpeza e o tamanho do imóvel que será limpo. Em alguns casos, é possível conseguir até uma remuneração melhor que com carteira assinada, mas por ser variável, a maioria sonha com o emprego formal.

De acordo com Mário Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal, a crise econômica e o medo da contaminação afastaram as trabalhadoras do cargo. “A crise econômica afastou as empregadas domésticas. Além disso, 15% das empregadas têm mais de 60 anos, fazendo parte do grupo de risco da covid-19. O medo da contaminação gerou uma cadeia de desempregos. E o setor mais desfavorecido é justamente o da classe doméstica, onde os empregadores pensaram logo na demissão para cortar custos”, explica Avelino.

Com as demissões, a grande concorrência e a dificuldade em conseguir trabalho, fez com que muitas trabalhadoras domésticas recorressem ao auxílio emergencial. Porém, com o benefício reduzido, muitas amargam a falta de renda dentro de casa. “O auxílio emergencial se tornou a única fonte de renda dessas empregadas, mas muitas não estão tendo nem acesso ao benefício neste ano. Elas sofrem sem a quantia e sem a possibilidade de encontrar uma oportunidade de emprego em um mercado cada vez mais difícil. Não houve uma medida de retenção, está muito pior”, destaca Avelino.

Segundo dados do Instituto Internacional do Trabalho, no Brasil, há 4,9 milhões de trabalhadores domésticos. Desse universo, 92% são mulheres e, dentro deste percentual, apenas 28% possuem carteira assinada.

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