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Cotidiano

No bairro mais isolado de Campo Grande, moradores andam 45 km para ir ao dentista

Local foi criado há 38 anos e abriga 156 famílias, mas ainda falta estrutura
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Morar em uma chácara tranquila perto da cidade parece um sonho para muitos, mas pode se tornar um pesadelo por sofrer com a falta de infraestrutura. No Bairro Moradia do Sol, na saída para São Paulo, tudo é difícil: não há linha de transporte público, não há comércios ou serviços, posto de saúde fica a 20 km e para conseguir uma consulta com dentista é necessário percorrer 45 km.

Apesar de ser um loteamento que existe há 38 anos, as 156 famílias que moram no local não perceberam avanços no bairro. Uma das moradoras mais antigas do Moradia do Sol é dona Olímpia Pires de Carvalho, 71 anos, que nos 23 anos que mora em uma chácara bem na entrada do bairro não viu nada melhorar. “Aqui nunca melhorou nada não, não tem posto de saúde, não tem nada. Eu acho que aqui tá esquecido”, diz.

Um dos casos que chamou a atenção da antiga moradora foi o de uma vizinha, cadeirante, que precisava realizar consultas constantes ao médico. “Quando ela precisava ir ao médico tinha que chamar ou algum vizinho com carro para levá-la”, lembra.


Dona Olímpia conta que saúde e transporte são os maiores problemas do bairro – Foto: Henrique Arakaki / Midiamax

Outra moradora do bairro, Josefa Cândia Loubet, 37, conta que pegou covid e que conseguir consulta médica é uma verdadeira luta. “A gente não tem atendimento aqui. Se quiser uma consulta, a gente tem que ir na Chácara das Mansões [a 20 km de distância], chegar cedo lá, para ser atendido à tarde”, conta.

E, para piorar a situação, para conseguir consulta com dentista, é necessário ir até o distrito de Anhanduí, a 45 km de lá. “Tem que ir na BR, pegar um ônibus que passa de hora em hora”, lamenta. Ou seja, a jornada para ir ao dentista começa na hora de marcar a consulta, já que o agendamento é feito na unidade de saúde do Chácara das Mansões. “Se tiver com dor de dente, morre”, completa dona Olímpia.

Problemas não param por aí…

A entrada do bairro é através de uma estrada e o acesso é feito pela , no anel viário de . Porém, a entrada fica em trecho com baixa visibilidade e a ocorrência de acidentes é frequente.


Moradores reclamam do perigo que a BR-262 oferece para entrar e sair do bairro – Foto: Henrique Arakaki / Midiamax

Inclusive o caso mais recente foi em abril, quando uma carreta tentava acessar a rodovia e atingiu um carro de passeio. Um adolescente de 17 anos morreu na hora.

Às margens da pista, há uma cruz lembrando de outra vítima de acidente ocorrido no mesmo local. “Ele estava de moto na rodovia e um carro foi entrar na estrada. Neste ponto, não tem visibilidade”, alega.

Para resolver a situação, a moradora providências. “É urgente colocar esses quebra-molas porque vai morrer mais gente aqui se continuar assim”.


Cruz lembra morte ocorrida na entrada do bairro – Foto: Henrique Arakaki / Midiamax

Esquecidos

Outra dificuldade que os moradores enfrentam é a falta de uma linha de ônibus para atender aos moradores do bairro. É o que acontece com Maria Costa, outra moradora do bairro. Ela conta que precisa andar cerca de 4 km até a avenida Gury Marques para pegar um ônibus e ir para a cidade.

Como a lista de reclamações é grande, os moradores também apresentaram problemas com a manutenção das estradas e com a iluminação pública, que, segundo eles, fica com a maioria dos postes com lâmpadas queimadas, apesar dos pedidos de troca.


Estradas sem manutenção e sem iluminação são a realidade da região – Foto: Henrique Arakaki / Midiamax

Outro lado

Em nota, a prefeitura afirmou que a manutenção das estradas de acesso e a substituição das lâmpadas da iluminação pública estão na programação de serviços da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos). 

Em relação aos serviços de saúde, a prefeitura garante que está estudando alternativas para referenciar uma unidade mais próxima e até mesmo levar o atendimento com equipes volantes. Porém, “essa possibilidade ainda está sendo discutida” e não há nada definido por enquanto.

Isolado mesmo

Em julho do ano passado, quando a pandemia do coronavírus já avançava por Campo Grande, o único bairro do município que ainda não registrava casos da doença, conhecida pela alta taxa de transmissão, era o Bairro Moradia do Sol.

O fato dos moradores viverem mais isolados os poupou de conviver com o vírus por um tempo pelo menos. A localização também facilitou para o bairro garantir a maior taxa de isolamento social da cidade.

Bairro de Campo Grande é o único sem casos de Covid e vira 'oásis' na pandemiaMapa de julho de 2020 mostra que não havia casos confirmados de covid no Moradia do Sol

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