Passados 44 anos da criação do estado de , muitos brasileiros ainda confundem MS com o estado vizinho, Mato Grosso. Quase todo sul-mato-grossense já passou pela experiência de ouvir seu amado estado ser chamado de Mato Grosso e emendar com um sonoro: DO SUL. 

“O impulso de corrigir a pessoa é automático”, relatou a estudante aquidauanense Caroline Candelório, de 21 anos. É como se os sul-mato-grossenses que nasceram depois do desmembramento já nascessem com essa habilidade, como na Teoria da Evolução, proposta por Charles Darwin. Em opinião comum, a maioria dos conterrâneos ouvidos pelo Jornal Midiamax disseram que ficam irritados quando alguém confunde o nome de MS.

“Os brasileiros gostam tanto de zoar estadunidense que não aprendem geografia mundial, mas ainda têm muitos que não sabem a geografia do próprio país, então é um pouco revoltante”, opinou a estudante Maria Antônia, de 20 anos, que mora em Campo Grande.

Já para a professora Silvana Arguelho, de 39, os 44 anos da divisão são suficientes para aprender sobre a diferença entre os estados. “Na maioria das vezes, acho que é um descaso das pessoas com o Estado”, comentou com a reportagem. 

De artistas a presidentes, a troca de nomes dos estados sempre gera protestos. Entre os que já cometeram a gafe, Ivete Sangalo anunciou um show em Campo Grande, mas colocou a sigla MT ao lado do nome da Capital sul-mato-grossense e foi corrigida pelos tuiteiros de plantão. Pior ainda foi o erro da ex-presidente (PT), que chamou MS de MT durante solenidade no Jockey Club, em Campo Grande. O resultado não foi outro: vaias. 

Mas o contrário também aconteceu: o atual presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), anunciou Mato Grosso do Sul como uma das sedes da Copa América, porém, ele estava se referindo a MT. Nas telinhas do cinema também houve erro: no filme ‘Vips – histórias reais de um mentiroso', o personagem do ator Wagner Moura diz que vem a MS, mas compra uma passagem para Cuiabá, a capital mato-grossense.

O erro comum da troca de nomes pode até virar meme nas redes, mas é pessoal para o sul-mato-grossense. “Acho um pouco triste porque parece que MS é meio invisível e que a maioria das pessoas de outros estados acaba jogando os dois estados [MS e MT] no mesmo balaio e pronto; não ligam”, refletiu Caroline. 

Mudança de nome 

Depois de muitos anos de gafes e estresses, foi considerada a mudança do nome do Estado para ‘Pantanal'. Em 2011, o ex-deputado estadual Antônio Carlos se mostrou favorável a um plebiscito, durante uma sessão solene de início das atividades parlamentares.

O deputado foi autor de um projeto de lei, que não chegou a ser submetido ao Plenário, não avançando. Atualmente, a ideia é rechaçada pela população. “Se já tem pessoas que trocam o nome, imagina a bagunça que iria virar se trocasse o nome. Sem falar nos gastos de um plebiscito para a escolha”, disse Silvana. 

“Com a alteração do nome demandaria muito tempo até a familiarização com o novo nome”, opinou o aposentado Milton da Silva, de 50 anos. “Acabaria gerando mais confusão ainda”, comentou Maria Antônia. 

Para se desprender ainda mais do ‘irmão' Mato Grosso, em 2019, o governo de MS sancionou a projeto que troca o verbo “divisão” por “criação” do Estado

Quando apresentou a medida, João Henrique Catan alegou que Mato Grosso foi dividido e Mato Grosso do Sul criado em 1979. “Queremos trazer de volta um simbolismo cultural para todos os cidadãos. Muitas pessoas que visitam nosso Estado acabam sendo corrigidas ao dizerem ‘Mato Grosso'”,  disse.