MPT recebe denúncia e investiga trabalho análogo à escravidão exposto por indígena de MS

Demanda já foi distribuída e deve ser averiguada pelo Ministério

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Nesta segunda-feira (26), uma situação de insalubridade e quebra de direitos humanos foi noticiada pelo Jornal Midiamax. Um indígena detalhou a situação de trabalho, análoga à escravidão, que ele e outras pessoas passaram. O caso já chegou ao MPT (Ministério Público do Trabalho) e deve ser investigado. 

Ao Jornal Midiamax, o MPT disse que “recebeu a denúncia e que ela já foi distribuída”. Assim, devem averiguar as condições em que os indígenas se encontravam. 

O caso aconteceu em uma fazenda de Miranda, a 203 km de Campo Grande. A denúncia foi feita após um dos indígenas ser expulso do local e ter recebido menos do que o combinado. 

Precariedade da situação análoga à escravidão

Sem água encanada, sem esgoto, sem energia elétrica e dormindo em tarimbas: eram assim que viviam indígenas contratados para trabalhar como empreiteiros em uma fazenda. Funcionários denunciam que o fazendeiro ainda reclamava quando eles iam para a cidade ver a família.

Um dos funcionários contou à reportagem do Jornal Midiamax que trabalhou por cerca de 50 dias na fazenda. O trabalhador preferiu não se identificar, por medo de represálias. Ele e o amigo trabalhavam como empreiteiros, construindo cercas na propriedade, porém foram despejados na última semana. 

O trabalhador conta que conseguiu o trabalho por meio de um amigo, que já morava no local. Ele disse que à princípio iriam morar em barracos, mas que a situação iria melhorar. “Não tem água, não tem luz, não tem nada. A gente ficava em um barraco com a água do caminhão-pipa. Às vezes, ele deixava só em uma caixa d’água”, diz. 

O indígena explica que sempre era uma dificuldade para conseguir receber pelo serviço, mas desta vez o fazendeiro não queria pagar pelo serviço. “Ele atrasou por um mês, não queria nos pagar. Ele queria outro serviço para poder pagar, queria que a gente fizesse outra cerca”. 

Diante do impasse, o fazendeiro teria dito que os indígenas deveriam desocupar os barracos. “Ele pagou um valor muito abaixo do preço, esse meu amigo tem um relatório. O pai dele trabalhou sem registro por muito anos”, denuncia. O indígena afirma que o colega já procurou o Ministério Público para fazer a denúncia. 

De acordo com o trabalhador da fazenda, as condições do trabalho eram muito precárias e seriam consideradas análogas à escravidão. “Era muito ruim, tinha que pegar água no caminhão-pipa e colocar na bacia, muitas vezes vinha suja. A gente cozinhava no fogão de lenha no chão e dormia na tarimba”, comenta o trabalhador.

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