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Cotidiano

Maus-tratos a animais disparam na pandemia e ONGs suspendem resgates em Campo Grande

Superlotadas, entidades protetoras veem número de doações despencar e acumulam dívidas
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Abandono de animais disparou na pandemia em Campo Grande
Abandono de animais disparou na pandemia em Campo Grande

A pandemia da covid e a crise econômica instalada no Brasil foram cruéis também para os pets. O aumento no número de casos de abandono e maus-tratos aos animais em nos últimos meses fez com que ONGs e associações suspendessem novos resgates por não dar conta de atender à demanda.

Enquanto, de um lado, o setor de pets cresceu 13,5% em 2020, segundo o Instituto Brasil Pet, do outro, o número de abandonos teve alta de 61% entre junho de 2020 e março de 2021.

A percepção da protetora Kelly Cristina Macedo, que mantém a ONG Cão Feliz, fundada em 2013 com a amiga Maria Lygia, é de que houve alta de 80% no número de maus-tratos a animais nos últimos meses. “A demanda está tão grande, que não tenho como acolher todos os animais. Aqui na ONG estou com 139 animais e mais 76 em lares temporários [que estão sob os cuidados da ONG]”, afirma.

A situação é a mesma na Associação Pedacinho do Céu, segundo a vice-presidente da entidade, Tereza Bandeira. “É visível que esse número só vem aumentando. As ONGs e protetoras estão lotadas, não temos mais como recolher novos animais, mas os pedidos de resgate não param. Estamos fechados para novos resgates porque estamos com superlotação”, lamenta a protetora.

Tudo complicou na pandemia, pois além do aumento do abandono, as doações — principal fonte de renda dessas entidades — praticamente zerou. É o caso da Associação Abrigo dos Bichos, que também suspendeu resgates. “O abandono aumentou muito e as doações para ONGs praticamente zerou. Antes, recebíamos muita ração e repassávamos para os protetores, mas hoje nós chegamos a comprar até para os animais da nossa ONG. Fomos obrigados a suspender os resgates”, comenta a presidente Maria Lúcia Metello.


ONG Cão Feliz abriga animais resgatados pela Polícia Civil em Campo Grande – Foto: Arquivo pessoal

Dívidas ‘impagáveis’

O trabalho dos protetores é muito bonito, mas tudo tem um custo e não se limita apenas a gastos com rações. “Temos muitas dívidas com clínicas que estão cada dia maiores, problemas com luz e água, pois há despesa muito grande para limpar o canil 3 vezes por dia. Temos despesas com ração e materiais de limpeza também”, resume Tereza Bandeira, da ONG Pedacinho do Céu.

Somente no Abrigo dos Bichos, a dívida passa dos R$ 46 mil, informou a presidente. “As clínicas querem, e com razão, a quitação total das dívidas que está na casa dos R$ 20 mil. Além disso, temos a pagar mais de R$ 26 mil na reforma da casa alugada no Nhá-Nhá, onde ficavam os animais conhecidos como ‘os 40 cães da MS-040′”, explica.

40 cães de caça foram resgatados pela ONG, CCZ e Decat40 cães de caça foram resgatados pela ONG, CCZ e – (Foto: Marcos Ermínio/ Arquivo Midiamax)

É crime!

Desde setembro do ano passado está em vigor a Lei 1.095/2019, que aumenta a punição para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais.

Então, a prática de abuso e maus-tratos a animais será punida com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição de guarda. Antes, a pena para esse tipo de crime não passava de 1 ano de reclusão e multa.


Lei com penas mais duras ao crime de maus-tratos a animais foi sancionada em setembro de 2020 – Foto: Divulgação / PR

Como denunciar maus-tratos a animais em Campo Grande?

O titular da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), Maércio Barbosa, explica como funciona o trabalho da polícia nesses casos. 

“Havendo indícios mínimos de justa causa e de autoria, a pessoa que tomar conhecimento de um abandono (exemplos: a pessoa se mudou e deixou os animais na casa em que morava; a pessoa conduziu o animal até um local ermo ou distante e o deixou lá; a pessoa levou o animal até a sede de uma ONG ou casa de alguém que ela sabe ser protetora e amarrou o animal no portão, levou o animal numa clínica veterinária, internou-o e depois não retornou mais para buscar etc.), pode procurar pessoalmente a Decat, na Rua Sete de Setembro, 2421, Centro, e comunicar o fato, trazendo algum elemento de prova de que disponha para registro de Boletim de Ocorrência”, orienta.

Como ajudar?

Para ajudar a Associação Pedacinho do Céu, basta enviar um Pix para o CNPJ 34.114.734/0001-13 ou para CPF em nome de Camila: 436.334.998-06. Depósito pode ser feito para o Banco Cora: Ag. 0001 C/C 1192279-8.

Já o Abrigo dos Bichos recebe doações pelo Pix com CNPJ: 05.108.286/0001-47 ou por depósito através da conta-corrente no Banco do Brasil: Ag 5783-5 c/c 41599-5. Também é possível ajudar pela vaquinha online acessando este link.

Mais amor, por favor

O movimento ‘Mais Amor, Por Favor MS’ realiza, no dia 6 de novembro, o 1º evento de conscientização de guarda responsável de pets, que acontece das 10h às 16h, na Orla Morena, em frente ao número 2.034.

A ação contará com adoção de animais e coleta de doações para animais resgatados como dinheiro ou ração. Haverá atrações para crianças, adesivagem de carros e sorteio de brindes. Mais informações podem ser obtidas pelo número (67) 99239-5176 ou pelo perfil @maisamorporfavorms no Instagram.

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