Desproporcional, gráfico de propaganda confunde consumidores de MS sobre preço da gasolina

No próprio site, Petrobras admite ficar com maior parte do valor; Sinpetro-MS explica confusão

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Agência Brasil
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Um recente gráfico vinculado pela Petrobras com os diversos componentes que resultam no valor do litro da gasolina paga pelos consumidores gerou confusão. Na apresentação feita pela empresa, é possível entender que os valores arrecadados não são os maiores responsáveis pela alta nos combustíveis.

Apesar da vinculação de comerciais com o tom de isenção, o próprio material da Petrobras indica que a empresa é responsável pela maior fatia do valor cobrado pelo combustível em todo o país, inclusive Mato Grosso do Sul. Por aqui, apenas 14% do valor pago são ditados pelo posto e distribuição.

Para explicar a situação é preciso entender que o valor pago no combustível é uma somatória de diversos valores, muitos deles fixos e de não responsabilidade dos postos. A reportagem conversou com o diretor técnico do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, que explicou os diferentes fatores que compõem o litro da gasolina:

  • Realização da Petrobras: Valor que a Petrobras arrecada por litro vendido de gasolina.
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Imposto fixado pelos Governos Estaduais, em Mato Grosso do Sul de 30% do valor médio ponderado da pauta (um valor fixado pelo governo para a tributação o produto).
  • CIDE e Pis/Pasep e Cofins: Tributos não cumulativos incidentes na comercialização de gasolina A e etanol anidro, com valor fixado e igual para todo o Brasil.
  • Custo Etanol Anidro: O etanol anidro é adicionado na composição da gasolina, uma determinação nacional obriga que seja inserido 27% de etanol anidro no litro da gasolina, o valor cobrado no etanol varia de acordo.
  • Distribuição e Revenda: Valor adicionado pelo frete e porcentagem de lucro dos postos.

Sem especificar os valores e a sua formulação de preço, é possível entender que o valor de R$ 2,40 (em Mato Grosso do Sul) cobrado pela Petrobras não é responsável pelo alto valor cobrado pela gasolina, apesar da quantia representar 36% do preço do litro, sendo a maior fatia dos itens apresentados acima.

Para distribuir os valores que compõe e resultam no valor cobrado em Mato Grosso do Sul, utilizamos o preço de R$ 6,60 cobrado em dos postos de Campo Grande, capital do Estado.

Maiores fatias são da Petrobras e impostos estaduais. (Arte gráfica: Leticia Marquine/Midiamax)

No restante do Brasil

A Petrobrás divulgou gráficos destrinchando o valor do combustível cobrado em diversos estados do Brasil. Como é possível perceber, a empresa é responsável pela maior fatia, seguida pelo ICMS e valor do etanol anidro — que variam a ordem em alguns Estados. Veja abaixo:

Gráfico: Reprodução/Petrobrás

Aumento dos preços

Segundo um estudo realizado pelo Sindifiscal-MS (Sindicato dos Fiscais Tributários Estaduais de Mato Grosso do Sul), uma das principais causas da alta no preço é o valor do barril de petróleo. Em outubro deste ano, o barril de petróleo Brent teve aumento de 12,81% em relação ao mês anterior, atingindo US$ 82,12.

O estudo informa que com a pandemia da covid-19, a demanda por combustíveis caiu e o barril do petróleo sofreu desvalorização. O produto chegou a custar em torno de US$ 21,04 em abril de 2020.

Com a retomada das atividades pós-isolamento social e baixa na produção do petróleo, o preço do barril aumentou. Em outubro de 2021, o barril já custava US$ 82,12, apresentando crescimento total de 290,33% em relação ao preço de abril de 2020. Mesmo assim, o preço médio da gasolina no Brasil apresentou crescimento em quase todos os meses de 2021, com preço máximo de R$ 7,88 em outubro para o consumidor final, diz o Sindifiscal-MS.

Outro fator para o aumento na bomba foi a valorização do dólar em relação ao real. Em setembro deste ano, a taxa de câmbio era de 5,47 do real em relação ao dólar, fechando outubro com crescimento de 3,74% em relação ao mês anterior, totalizando 5,64. Em janeiro de 2020, a taxa de câmbio era em torno de 4,27 (atingindo, em outubro deste ano, um crescimento total que representou 32,17% em relação a janeiro de 2020). Com isso, a gasolina comum no Brasil apresentou crescimento total de 52,19% em outubro de 2021 em relação ao mesmo mês de 2020.

 

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