#CG 122: Geração Z considera Campo Grande bonita, mas sente falta do ‘rolê’ e de um ‘bom dia’

Jovens que vivem na Capital consideram a cidade um ótimo lugar para viver

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A famosa Geração Z, pessoas que nasceram entre os anos de 1990 e 2010, presenciaram a virada do milênio, a inserção no mundo digital e a mudança mercadológica. Jovens e adultos que fazem parte de um curto espaço de tempo importante para a humanidade, mas se confundem em suas próprias opiniões na hora de definir o local onde vivem: Campo Grande, a morena que nesta semana completa 122 anos. 

O Jornal Midiamax decidiu ouvir os substitutos dos Millennials e assim definir um conceito que resumiria o município para a geração. As repostas vieram ‘confusas’, como se faltasse um pouco mais de ‘chão’ a ser experimentado para definir a cidade. 

‘Legal, mas chata’

A antítese não é uma piada de mal gosto da reportagem, é apenas um resumo de diversos relatos de pessoas que ora descrevem o município como capaz de proporcionar formas de se encontrar com amigos, ora sem opções para se divertir com os mesmos.

Alefe Colman, 23 anos, tenta explicar o conceito conflituoso. “Aqui a gente tem diversas opções em relação à natureza, locais para caminhadas, praças, parques e isso é bom, também temos muitos barzinhos”, comenta o servidor público.

“Apesar disso, o movimento noturno é fraco”. Colman tenta explicar melhor seu pensamento. “Temos algumas opções como baladas, mas pode melhorar. No meu caso, na minha bolha, faltam opções mais alternativas como saraus, batalhas de rap. Espero que isso aumente com o fim da pandemia. ‘Tá’ faltando lugar para escutar um bom som e virar a noite”.

Confuso, porém — com um pouco de esforço — possível de entender. Para o jovem servidor, tem ‘rolê’ durante o dia, o problema é a noite. O pensamento dividido por Brenda Rezende, 21 anos, que aponta a falta de diversidade na vida noturna do município.

“Aqui tem bastantes lugares para sair, mas ainda tem uns tabus. A maioria é sertanejo, tem que procurar muito para achar um rolê (alternativo)”, comenta a estudante de biomedicina.

Problema para alguns, irrelevante para outros. Vitória Marques, 23 anos, confessa não sair muito, mas sente que a falta de atrações para festas são ‘defeitos’ que se sobressaem na hora de analisar Campo Grande. “Eu quase não saio, festa aqui não tem muito também, mas gosto de alguns bares que têm na cidade”.

“Poderia ter mais pontos turísticos, tipo um parque de diversões, um parque aquático, festas mais legais em grandes proporções, como rave, baile funk ou até mesmo uma festa como de Barretos”, aliás a Expogrande não é o bastante, precisamos nos comparar com a maior festa de peão do Brasil, a juventude é complicada — o repórter que aqui escreve se inclui na lista.

Ayrton Alves, 24 anos, também pensa da mesma forma. Pode até parecer combinado, mas não, o jovem também considera Campo Grande um ótimo lugar para viver, mas reclama da falta de diversidade na hora de sair para se divertir com os outros. “Eu gosto de morar em Campo Grande, aqui é muito fácil de conseguir coisas, chegar até lugares, eu sou muito ligado à natureza então é legal morar em uma das Capitais mais arborizadas do Brasil, o custo de vida também é bom”.

“Mas faltam áreas de lazer, ainda muito das coisas que os jovens gostam é marginalizado, como andar de skate, ficar em praça, sempre julgam que está em praça é porque está fumando e nem sempre é isso. A maior parte das opções é ficar entre ir ao shopping ou cinema. Faltam eventos, exposições, locais diferentes”, comenta.

Sem ‘bom dia’

A definição de uma cidade vai além de suas políticas públicas, festas, bares e parques. Muitas vezes, existe um fator que se sobressai de todos os citados anteriormente: o comportamento das pessoas. No caso de Campo Grande, a forma de interação da população não é bem vista e muitos consideram o campo-grandense como ‘mal-educado’.

Ao serem questionados sobre o principal defeito de Campo Grande, até mesmo o discurso de ser entediante era esquecido e a má-educação das pessoas foi algo relatado por todos os ouvidos pela reportagem.

Ester Katyani Torres, 23 anos, nasceu em Corumbá e se mudou para Campo Grande aos 15 anos. Ela conta que o comportamento das pessoas foi o primeiro impacto que teve em relação à antiga cidade. “Aqui as pessoas são muito diferentes, são mais fechadas, lá em Corumbá não é assim. Aqui é difícil até saber o nome de vizinho”.

Já Brenda é mais enfática em seu comentário “A cidade é bonita, o problema são as pessoas, elas não dão nem bom dia, galera é mal-educada, em outros locais o povo é mais receptivo. Todos, até os jovens, nós temos uma criação, você já entra na sociedade sendo ‘escroto’”.

Alefe entende a percepção de quem considera os campo-grandenses mal-educados, mas tenta encontrar explicações para o comportamento. “As pessoas têm uma visão errada, na minha visão é falta de costume. A galera é mais fechada, mas como costume, não é má-educação, não é por mal”, enfatiza.

O mesmo ocorre com Vitória, que nasceu na Capital, “quando necessário são simpáticas, mas não é sempre!”, brinca. Já Ayrton foge do termo mal-educado e tenta considerar os moradores como não acolhedores. “Tem uma grande diferença em você ser de Campo Grande ou ser de outro lugar, eu sou metade nordestino e vejo que minha criação é muito diferente comparado com a dos meus amigos”, comenta.

“Meus amigos são muito individualistas, são poucos os amigos que eu tenho que acolham novas pessoas, em Campo Grande nem mesmo seus vizinhos tentam conversar com você, eu acho que a cidade pode melhorar nesse quesito”, complementa.

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