A gasolina encontrada por até R$ 6,09 em alguns postos de Campo Grande faz motoristas pensarem em alternativas. A principal é a instalação do kit GNV (Gás Natural Veicular), mas o ‘preconceito' ainda é obstáculo para esse tipo de combustível emplacar.

Conforme Alfredo Orlando, administrador de uma oficina que faz instalação e manutenção de kits GNV, a procura por pedidos de informações sobre a instalação do equipamento em carros aumentou bastante. “Tem a questão do preconceito, acho que há 20 anos a gente tem esse sistema de GNV, que chamamos de 3ª geração. Por conta disso, criou muito preconceito por parte de quem instalava esses equipamentos na época, mas não existia a manutenção, por conta disso, o carro dava problema”, explica.

Então, o número de pessoas que procuram o estabelecimento para pedir informações é grande, mas não reflete, efetivamente, nas contratações para instalação do equipamento. “Isso [preconceito] prejudica mercado, pessoas sabem que é mais barato, mas acham que vai estragar o carro”, diz Alfredo.


Alfredo diz que ainda é preciso desmistificar uso do GNV – Foto: Marcos Ermínio / MIdiamax

O profissional garante que as manutenções feitas conforme as normas evitam defeitos, como costumava acontecer há anos. “O ideal é fazer manutenção a cada 20 mil quilômetros, além disso, tem que estar com a manutenção de outros itens como a bomba de combustível, vela, cabo de vela e cabo de ignição em dia”, detalhou.

Quem instalou não se arrepende

O motorista de aplicativo Jaime Fossato, de 66 anos, disse que instalou o kit GNV em seu carro no começo do ano, pois havia percebido a alta no preço dos combustíveis. Ele conta que não se arrepende.

“Ainda não recuperei o valor investido, mas meu lucro com a não chegava a 30% do valor da corrida, agora fica entre 40% e 50%”, comemora, informando que recorreu ao GNV como alternativa para sobrar um pouco mais no valor de cada corrida.


Abastecimento de GNV é muito utilizado por motoristas de aplicativos, por exemplo – Foto: Marcos Ermínio / MIdiamax

A instalação é indicada para quem trabalha com veículo e percorre pelo menos 100 km por dia. É o caso de Wesley Carvalho, 35, autônomo, que socorre motoristas com troca de pneu. Ele conta que optou pela instalação há 5 anos, quando já estava escaldado com o valor da gasolina. “Se eu continuasse com a gasolina, já não estaria mais trabalhando, não ia compensar”, detalha.

No caso de Wesley, a economia é grande, pois possui um Astra 2.2. “Na gasolina, meu carro faz 7 km por litro, com o GNV roda cerca de 10 km por metro cúbico. Quando encho o cilindro, eu pago R$ 75 reais e ando 160 km”, explica.

Com o mesmo valor utilizado para encher o cilindro, seria possível abastecer apenas 12,2 litros de gasolina e rodar cerca de 85 km.


Wesley afirma que roda praticamente o dobro com GNV pelo mesmo valor que gastaria com gasolina – Foto: Marcos Ermínio / MIdiamax

Valores

Para instalar um cilindro padrão de 15 metros cúbicos, o motorista vai desembolsar cerca de R$ 4,5 mil. Para quem roda 150 km por dia, a estimativa é de que recupere o valor investido em apenas 5 meses com a economia de combustível.

A manutenção periódica é indicada para ser feita a cada 20 mil km rodados. A média de custo fica em torno de R$ 750.

Onde abastecer? 

Abastecer com gás natural não é exatamente uma novidade, mas como a maioria dos motoristas ainda abastece com gasolina ou etanol, não são todos os postos que oferecem o GNV. 

O posto Alloy, na avenida Fernando Corrêa da Costa, conta com abastecimento de GNV. O Posto Paulista, na avenida Calógeras, e o Autoposto Miranda, na avenida Gunter Hans, também disponibilizam gás natural. 

Outras opções são os estabelecimentos localizados no cruzamento da rua 25 de Dezembro com a avenida Mato Grosso e o posto na avenida Afonso Pena, próximo à rua Perpétuo Socorro, também têm o GNV.

Números em MS

Conforme dados do (Departamento Estadual de Trânsito), MS possui frota de 1.693.271 veículos, sendo 75,98% de passageiros e 13,51% de carga. Desse total, apenas 4.951 utilizam o GNV como tipo de combustível, o que representa 0,23% do total. 

Mais de 40,4% utilizam somente gasolina e outros 40,18% do total são flex, ou seja, são movidos tanto a gasolina como a etanol.