Para quem anda de skate, não é fácil lidar com o preconceito. Antes, ele não era visto como um sério, muito menos uma prática para meninas. Considerado ‘modinha’, o skate deve entrar no radar dos esportes e ganhar o aval dos pais, para que as meninas possam praticar desde cedo. 

A estudante Aline Neves, de 21 anos, participa de um coletivo de skate para meninas. Ela conta que o cenário já vinha crescendo nos últimos anos em Campo Grande, mas a procura deve aumentar ainda mais com a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos e a medalha de Rayssa. 

“O que pode ajudar é com o preconceito que as famílias têm. Eu ganhei meu primeiro skate da minha avó, mas meus tios e até meus pais tinham um preconceito, achavam que era coisa de vagabundo e não queriam que eu me reunisse com a galera que pratica”, conta. 

Aline ainda sonha que a visibilidade do skate nas Olimpíadas possa incentivar a realização de um campeonato em Mato Grosso do Sul. “Espero que possa trazer visibilidade para patrocínios. O sonho da comunidade é um campeonato estadual, com vaga para o nacional. Talvez, com as Olimpíadas, o governo possa olhar com melhores olhos o esporte”, diz. 

A professora Natália de Souza, de 29 anos, relata que começou a andar de skate há quase três anos. Ela já conhecia o esporte a muito tempo, mas só começou a praticar recentemente, justamente por causa do preconceito com as meninas skatistas. “Um dos motivos para essa demora foi o preconceito. Quando eu conheci o esporte, eu pedia um skate, mas meus pais não davam. Achavam que não dava futuro, que a galera era má companhia”, explica. 

Para Natália, a vitória de nas Olimpíadas vai contribuir para a ruptura da cultura de que o skate é ‘modinha’. “Com a mídia em cima do esporte, as pessoas enxergam de outra forma. O skate pode se tornar profissão, pode mudar a vida de uma garota”, diz. 

Natália Matsumoto, de 23 anos, é instrutora de skate e começou a praticar o esporte há nove anos. Ela conta que já participou de competições e ressalta que a vitória da ‘fadinha’ é importante para motivar meninas a se dedicarem ao esporte e até a se tornarem profissionais. 

“Abre portas para que as meninas cheguem ao skate. É complicado, os pais não confiam que a menina pode andar de skate, acham que é modinha, não incentivam que pratiquem e vão às pistas”, diz. 

Natália, que também faz parte de um coletivo de meninas skatistas, explica que só de ter sido incluído nas Olimpíadas, a procura pelo esporte aumentou. “Agora, se uma menina de 13 ou 14 anos falar que quer andar de skate, isso pode se tornar uma profissão”, conclui.