Em Campo Grande, mãe doa rim para o filho e ‘agradece oportunidade de continuar com ele’

Transplante de Eliene para Renie foi feito na Santa Casa após mais de 1 ano de adiamento por conta da pandemia

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Eliene
Eliene

Maternidade, para muitos, é o ato de se doar ao filho incondicionalmente. Na vida, testemunhamos e participamos disso o tempo todo, porém no sentido figurado. Em Campo Grande, uma mãe se doou literalmente ao filho. Envolto de um simbolismo muito forte, Eliene de Carvalho Pereira, de 49 anos, doou há pouco mais de uma semana o seu rim para o filho Renie Franchesco Pereira de Oliveira, de 32 anos. O procedimento foi feito na Santa Casa de Campo Grande e foi a primeira doação de uma pessoa viva desde 2019.

A cirurgia representa mais um avanço no combate ao coronavírus, isso porque o transplante estava marcado para ser realizado em 2020, mas por conta da pandemia foi sendo adiado até o dia 26 de outubro, marcando assim o fim de um período de espera de várias famílias, como a de Renie.

De sua casa em Sidrolândia, onde mora, Eliene conta que está muito bem e que o pós-cirúrgico está sendo muito tranquilo. “Não podia estar mais feliz. Em nenhum momento eu duvidei que tudo ia dar certo, e deu”, disse ao Jornal Midiamax.

Renie conta que tudo começou em 2019, quando descobriu ser renal crônico de uma forma inesperada. “Eu estava saindo do trabalho quando minha moto estragou, tive de empurrá-la até a casa da irmã, e quando cheguei lá eu comecei a passar muito mal até ir ao médico”.

O diagnóstico inicial apontava para uma infecção e dengue, mas por precaução foram procurar outra opinião e descobriram através dos exames clínicos a alteração da função renal. A notícia, que abalou toda a família, mostrava que um de seus rins estava atrofiado e outro com apenas 5% do funcionamento. Dali em diante, ele passou a fazer acompanhamento médico especializado e tratamento através de diálise peritoneal.

Com o estágio avançado da doença, logo ele foi inserido na lista de espera por transplante, uma realidade muito difícil para os pacientes renais crônicos, que na sua maioria depende de atitude altruísta de uma família. Um importante suporte que Renie recebeu durante todo esse tempo de diagnóstico e tratamento, veio também da ex-mulher e sua família, atitudes voluntárias que não serão esquecidas pelo paciente, que se refere a eles com muito carinho.

De acordo com Eliene, a notícia sobre o transplante não era algo assustador, era uma luz, uma bênção e uma oportunidade para o filho. “Recebi como alívio para minha dor no momento. No instante que fizemos o exame eu já sabia que seria compatível, mãe sempre sabe, não é? Deus acalmou meu coração. Quando chegou o resultado de compatibilidade eu gritei, chorei e pulei feito louca, quem me conhece sabe o quanto foi importante esse momento pra mim.  Muitos me perguntam se ele ficou agradecido por eu doar meu rim, na verdade, eu quem agradeço a oportunidade de continuar com ele”, enfatizou.

Seja doador

O transplante com doador falecido, maior demanda neste processo, só acontece por meio da autorização da família respeitando a vontade do paciente em vida e levando em consideração seus atos na sociedade. Há muitos anos não mais é necessário deixar registrado em documento sua intenção em ser doador de órgãos e tecidos, basta apenas comunicar sua família. No caso de doação vivo, o médico especialista deve ser procurado e questionado sobre os critérios necessários.

A Santa Casa de Campo Grande sedia a Organização de Procura de Órgãos (OPO), responsável pelo acompanhamento do processo de doação de órgãos e tecidos no estado de Mato Grosso do Sul, e pode ser acionada 24h para esclarecimento de dúvidas, através dos números (67) 3322-4314 ou (67) 98472-5158.

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